sexta-feira, 24 de maio de 2019

A(s) image(ns) do dia



Estamos em fim de semana do GP do Mónaco e boa parte dos pilotos escolhe este fim de semana paa mostrar a sua decoração especial. Se Sebastian Vettel, por exemplo, decidiu homenagear a passagem de Niki Lauda pela Ferrari, já o seu companheiro, Charles Leclerc, decidiu homenagear não um, mas dois pilotos importantes na sua vida: Hervé Leclerc e Jules Bianchi.

Hervé é pai de Jules e Arthur, seu irmão mais novo, e também a subir na escada das categorias de base do automobilismo. Ele foi piloto na Formula 3 francesa nos anos 80 e 90 e costumava andar muito num kartódromo em Nice, onde conheceu Philippe Bianchi, filho de Mauro Bianchi e sobrinho de Lucien Bianchi, descendentes de italianos que emigraram para a Bélgica e foram famosos na Endurance, com Lucien a vencer as 24 Horas de Le Mans em 1968. Mas o preço que pagaram foi alto: Mauro sofreu queimaduras graves no seu corpo durante essa prova, quando o Alpine que guiava se acidentou e pegou fogo, e Lucien, poucos meses depois, em abril de 1969, embateu contra um poste no seu Alfa Romeo e morreu.

Philippe não seguiu uma carreira automobilística, mas quis ficar ligado ao automobilismo. Geriu - e ainda gere - um kartódromo em Nice, e ali começaram a aparecer uma distinta geração de pilotos, a começar por Jules, o seu filho. Ele subiu na carreira e tinha talento até chegar à Formula 1, sendo piloto da Marussia, e no Mónaco, conseguiu dois pontos para eles, em 2014. Tudo isto até à madrugada de 5 de outubro desse ano, durante o GP do Japão. 

Hervé nunca foi longe na sua carreira de piloto, mas sendo de Monte Carlo, não muito longe de Nice, ajudou o seu filho no karting, e depois nas categorias de acesso à Formula 1. Em maio de 2015, quando o seu filho está em Baku para correr na Formula 2, Hervé morre aos 54 anos. Estava doente há algum tempo. Nunca viu o seu filho na Formula 1, nem na Ferrari, mas sabia que ia a caminho de uma carreira distinta no automobilismo. Algo que ele não teve.

Jules e Hervé não tiveram tempo de ver Charles correr no Mónaco, num carro vermelho. Mas ele, de uma certa maneira, é o executor dos seus sonhos. De uma certa forma, corre em nome deles. 

Sem comentários: