segunda-feira, 21 de novembro de 2022

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A mudança de regras em 2014 apanhou a Red Bull desprotegida, depois de quatro anos de domínio. E para piorar as coisas, naquela temporada, Sebastian Vettel ainda foi superado na sua luta interna por um esfomeado australiano chamado Daniel Ricciardo, que conseguiu três vitórias, contra as zero de Vettel, que pela primeira vez desde 2007, não conseguia qualquer triunfo. Aliás, apenas conseguira quatro pódios e tinha sido superado pelo Williams de Valtteri Bottas!

Portanto, ir para a Ferrari parecia ser um passo adiante na sua carreira. Iria sair do casulo da Red Bull, onde praticamente correu em todos os Grandes Prémios da sua carreira - talvez, exceptuando, a sua corrida solitária na BMW Sauber, em Indianápolis 2007 - e muitos achavam que ali, ele se poderia espalhar ao comprido. Mas a jogada do alemão para a Scuderia tinha uma boa razão: queria imitar o seu ídolo, Michael Schumacher, que em 1995 fora contratado a peso de ouro para levantar a equipa e torná-la campeã.

Nessa altura, a "seca" já tinha sete anos de idade, e também o monte que iriam escalar seria muito alto. A Mercedes tinha encontrado a fórmula certa e eles iriam dominar o pelotão, com Lewis Hamilton e Nico Rosberg. Com o britânico a ter o carro dos seus sonhos, o que queriam saber era quando e onde seria campeão, que recordes iria derrubar e se iria a caminho de ser o GOAT do automobilismo. A Ferrari, que tinha dispensado Fernando Alonso para ele tentar de novo a sua sorte na McLaren, que tinha acabado de assinar um contrato para ter motores Honda - e sem ele saber, caminhariam sobre brasas infernais - acolhia Vettel de braços abertos e esperava que ele e o seu companheiro de equipa, o finlandês Kimi Raikkonen, colaborassem para ser "o melhor dos outros".

A entrada nem foi má, quando Vettel foi terceiro em Melbourne, atrás dos dois Flechas de Prata, mas na corrida seguinte, em Sepang, palco do GP da Malásia, as coisas foram mais competitivas. A começar pela qualificação, onde apesar de Hamilton ter sido o "poleman", Vettel largou a seu lado, intrometendo-se entre os Mercedes. Atrás, em quarto e quinto, estavam Daniel Ricciardo e Daniil Kvyat.

E os Manor-Marussia, ainda não estavam prontos para correr em 2015, onde depois e não terem participado na Austrália, não tinham feito tempo para participar na prova malaia.

Com Hamilton a largar bem e manter a liderança, Vettel começou primeiro por resistir aos ataques de Rosberg, especialmente depois de um período de Safety Car por causa de um depiste de Marcus Ericsson. Aí, quase todos os pilotos da frente foram às boxes, trocando de pneus, enquanto Vettel se mantinha de fora, ficando com a liderança. Depois, com o Safety Car nas boxes, ele aguentou os ataques dos Flechas de Prata até à volta 18, quando parou pela primeira vez. Regressado no terceiro posto, apanhou-os rapidamente, passando o alemão na volta 22, e ficando com a liderança quando Hamilton parou uma segunda vez na volta 24.

Vettel parou de novo na volta 38, com a liderança a cair nas mãos de Hamilton, que foi às boxes uma volta mais tarde, acabando com ambos com uma diferença de 12 segundos. Rosberg parou na volta 41, e apesar dos esforços de Hamilton, o alemão manteve a liderança até à meta. 

Era a primeira vitória dele desde o GP do Brasil de 2013, e a primeira da Ferrari desde o GP de Espanha desse mesmo ano, ganha por Fernando Alonso. E claro, um jubilante Vettel comemorava no pódio esse regresso.

No final da temporada, o alemão iria ganhar mais duas corridas, na Hungria e em Singapura, acabando a temporada como "o melhor dos outros", em terceiro lugar. Treze pódios, uma pole, uma volta mais rápida e uma regularidade suficiente para mostrar que tinha matéria de campeão, se estivesse no lugar de qualquer um daqueles pilotos inalcançáveis. 

Agora tinha de ajudar a construir um carro capaz. Mas isso não seria um projeto fácil.

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