quarta-feira, 8 de novembro de 2023

As finanças da Formula 1


A Formula 1 é próspera e está saudável, apesar de tudo. Apesar de existir algumas restrições em termos de orçamentos de algumas equipas e como se combinam entre si - os Acordos da Concórdia, existentes desde 1982 e constantemente renovados - a Liberty Media é uma entidade pública, e está cotada na Bolsa de Nova Iorque. E por estes dias anunciou os resultados do terceiro trimestre. E são muito bons.

Apesar de ter havido o cancelamento do GP da Emilia Romagna, em maio, por causa das inundações em Imola, as receitas da Fórmula 1 subiram de 715 milhões de dólares para 887 milhões de dólares no terceiro trimestre de 2023, um aumento de 172 milhões, ou seja, 24 por cento em relação ao mesmo período de 2022. Em termos de quantia de dinheiro, as 10 equipas receberam em 2023 cerca de 432 milhões de dólares, uma subida face aos 370 milhões recebidas no ano anterior. Segundo consta no relatório, um dos fatores que contribuiu para o aumento dessas receitas foi a alocação de Grandes Prémios no calendário e o incremento das taxas por evento pagas pelos organizadores.

No lado dos custos, o relatório refere que, para além da inflação anual, as corridas fora da Europa e os referentes fretes, mais a promoção do GP de Las Vegas - feito pela própria FOM - e o lançamento da F1 Academy, a competição que acolherá as meninas-piloto, contribuíram para o aumento das despesas.

Quanto às receitas globais, estes estão em alta. Apesar dos resultados finais só serem divulgados no inicio de 2024, por causa dos oito Grandes Prémios que aconteceram no período de 12 semanas em 2023, contra os sete em 2022, as receitas anuais poderão passar de 2,57 mil milhões de euros para 2,8 mil milhões de euros. E com a chance de em 2024 termos 24 corridas, com os regressos da Emilia-Romagna (Imola) e da China, prevê-se que as receitas cheguem a valores superiores a três mil milhões de dólares. 

Ao mesmo tempo - ou por causa destes resultados - o banco americano Citigroup recomendou a compra das ações da Formula 1 (FWONK na Bolsa nova-iorquina) afirmando que a competição é estável e o crescimento anual de oito por cento ao ano é suficiente para este tipo de recomendação.

Quase ao mesmo tempo que estes resultados são divulgados, o Joe Saward, no seu blog, conta que estes resultados irão refletir-se nos das equipas. São lugares cobiçados, a todos querem ganhar o mais que podem... desde que se mantenham o fluxo das receitas. Há contenção nas despesas, as equipas estão a balançar-se, mas continuam muito dependentes do dinheiro da FOM, e ter mais uma equipa no seu seio ainda não é algo bem vindo, e isso se pode ver pela hostilidade que receberam a noticia da FIA da aprovação da Andretti para 2025. Mais uma equipa significa menos receitas, logo, a reputação de "Club Piranha" que os construtores tem em relação aos mais novos regressará. 

Para eles, preferem que as suas equipas sejam compradas que aparecerem novos concorrentes. A Alpine, por exemplo, rejeitou uma oferta de compra de 800 milhões de dólares neste verão, e fala-se que o Lawrence Stroll deseja que os sauditas comprem a sua equipa, para poder sair dali com imenso lucro e desobrigar o seu filho de correr por ali. 

Em resumo, a Formula 1 é popular, lucrativa e é um lugar cobiçado por tudo e todos. Mas os que estão por lá querem defender esse lugar com unhas e dentes. Ou seja, os forasteiros podem ver, até podem brincar, mas não com os seus brinquedos.  

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