domingo, 18 de março de 2007

O piloto do dia: José Carlos Pace

Esta é a primeira biografia que faço de um piloto brasileiro. Mas isto tem um significado especial: faz hoje 30 anos que morreu, e nos nosso dias, muitos ainda o têm nas suas memórias, não só como piloto rápido e batalhador, mas também como pessoa.

José Carlos Pace nasce a 6 de Outubro de 1944 em São Paulo. Filho de emigrantes italianos, começou a sua carreira aos 19 anos, competindo em carros de Turismo pela equipa Willys. Os resultados então alcançados no Brasil, bem como o sucesso que alcançava o seu compatriota e amigo Emerson Fittipaldi, levaram a que tentasse a sua sorte na Europa no final dos anos 60. Em 1970 ganha o campeonato britânico de Formula 3, e no ano seguinte, tenta a sua sorte na Formula 2, onde faz resultados de relevo, fazendo com que recebesse um convite da Ferrari para correr em Sport-Protótipos.

Em 1972, chega à Formula 1, pela mão de… Frank Williams! Nesse ano, ele alinha com Marchs, e Pace aproveita a oportunidade para mostrar o seu talento. No seu segundo GP, em Jarama, Pace termina em sexto, e na Bélgica, termina desta vez em quinto. Os três pontos conquistados fazem com que termine em 18º lugar da geral no final da época.

Em 1973, corre pela equipa oficial da Surtees, onde alcança o seu primeiro pódio no GP da Áustria: um terceiro lugar. Faz também a volta mais rápida do circuito. No final, os sete pontos conquistados dão-lhe um 13º lugar, um pódio e uma volta mais rápida.

O ano seguinte apanha-o na Surtees, mas a meio da época, com um T16 demasiado mau para ser guiado, Pace abandona a equipa e vai ser segundo piloto da Brabham, acompanhando o argentino Carlos Reutmann. Aqui consegue o seu primeiro momento de glória: segundo classificado em Watkins Glen, fazendo dupla com Reutmann, e faz a volta mais rápida da corrida. No final da temporada: “Môco” fica no 12º lugar da geral, com 11 pontos, um pódio e duas voltas mais rápidas (Itália e EUA)



Em 1975, nada se altera na Brabham. No Brasil, leva a multidão ao rubro ao ganhar o seu GP natal, num Interlagos derretido pelo calor. A acompanhá-lo no pódio estão o seu compatriota Emerson Fittipaldi e o alemão Jochen Mass. No GP seguinte, na Africa do Sul, Pace consegue a sua única pole-position da sua carreira. Ainda faz a volta mais rápida, mas termina a corrida em quarto. No resto da época, Pace ainda sobe ao pódio no Mónaco (3º) e na Grã-Bretanha (2º- de novo a acompanhar Fittipaldi, o vencedor). A temporada termina com ele a ficar em sexto da geral, com 24 pontos, uma vitória, uma pole, três pódios e uma volta mais rápida.

Em 1976, a Brabham troca os motores Cosworth pelos Alfa Romeo, e Pace sofre com a mudança: os motores são pesados e gulosos, e as prestações ressentem-se. Só consegue sete pontos e o 14º lugar final.

Em 1977, o carro tinha melhorado imenso. Podia lutar pelas vitórias, algo que queria muito. E na primeira prova, na Argentina, Pace mostrou isso, liderando boa parte da corrida, até ser ultrapassado pelo Wolf de Jody Scheckter. O segundo lugar final foi o seu último pódio da carreira. No Brasil, as coisas não correram bem, e cedo desistiu. Mas em Kyalami, na Africa do Sul, Pace qualificou-se na fila da frente, e deu nas vistas, até que problemas no carro fizeram-no cair na classificação geral.

A 18 de Março de 1977, Pace vinha de Araquara, no interior do estado de São Paulo com o seu amigo Marivaldo Fernandes e o piloto Carlos Roberto de Oliveira. Descolaram do Campo de Marte, em São Paulo , no meio de uma violenta tempestade, e despenharam-se na Serra da Cantareira, onde morreram todos. Pace tinha 33 anos.

O choque foi terrível. No velório, ocorrido na sede do Automóvel Clube Paulista, multidões de gente prestaram-lhe a sua última homenagem a um talento subestimado por muitos, que referem como alguém que foi embora no auge das suas capacidades...

A carreira: 73 Grandes Prémios, em seis temporadas; uma vitória, uma pole-position, cinco voltas mais rápidas, seis pódios, 58 pontos no total.

Em 1985, o Autódromo de Interlagos homenageou-o, rebaptizando a pista com o seu nome. Um busto também foi colocado, lembrando assim alguém que conquistou naquele lugar o seu maior momento de glória.

1 comentário:

Maurício Casaroli disse...

Boa tarde Paulo Alexandre
Sempre estou buscando matérias sobre esse grande piloto (José Carlos Pace) pois tenho a licença dele original emitida pela federação automobilística com foto e assinada, para mim essa é uma reliquia que guardo com grande satisfação.