quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Boldes Memoráveis - Renault RE30 (1981-83)




Dois dias depois de ter escrito acerca do Renault RE20, achei por bem prosseguir um pouco a história da Renault na era Turbo er falar sobre um modelo que em uma temporada e meia, alcançou excelentes resultados, mas a sua falta de fiabilidade impediu Alain Prost de atacar o título mundial por duas vezes, em 1981 e 82. Mas deste período de tempo, foi o chassis mais bem sucedido da marca francesa na era Turbo. Hoje é dia de falar do Renault RE30.


Em 1981, a Renault decidiu construir uma versão melhorada do RE20, que era interessante, mas pouco fiável. Para além disso, houve modificações nos regulamentos, visando a abolição das "saias" nos carros, devido ao efeito-solo. Sendo assim, começaram a projectar o RE30. Parte do chassis foi construido em fibra de carbono, mas ao contrário da McLaren (MP4-1) e da Lotus (88), a base ainda era em aluminio. O motor foi desenvolvido, para dar potências a ronda os 540 cavalos ajudados por um turbocompressor KKK, o mesmo que equipava os motores turbo da Ferrari.

Nesse inicio de 1981, a Renault tinha contratado, no lugar do veterano Jean-Pierre Jabouille, um jovem e promissor piloto, vindo da sua temporada inaugural na competição máxima ao serviço da McLaren. Era Alain Prost. Tinha um estilo de pilotagem mais calculista e mais suave, em contraste com a agressividade do seu companheiro René Arnoux. Para além disso, ajudava muito no desenvolvimento do carro, e as suas apreciações eram melhor entandidas pelos engenheiros do que as vindas de Arnoux...

Contudo, os atrasos no desenvolvimento do carro fizeram com que este só estivesse pronto no GP do Mónaco. Até lá, Arnoux e Prost tinham que andar no RE20, que não lhes deu mais do que seis pontos ao todo, sendo o melhor resultado um terceiro lugar para Prost na Argentina.


Mas quando entrou o RE30 em acção, as coisas modificaram-se, e muito. Prost conseguiu a sua primeira das suas 51 vitórias da sua carreira, no circuito de Dijon-Prenois, seguido de uma "pole-position" na Alemanha ( e um pódio) e mais duas vitórias na Holanda e Itália. Por momentos, colocou-se na posição de "outsider" na luta pelo campeonato, mas uma desistência no Canadá deitou tudo a perder. No final desse ano, Prost conseguira três vitórias e mais dois pódios com o RE30, e o quinto lugar do campeonato, com 43 pontos (menos oito que Nelson Piquet). No campeonato de Construtores, a Renault foi terceira, com 54 pontos.


Para 1982, a Renault decidiu evoluir o RE30, fazendo uma versão B, com algumas modificações no chassis, como uma nova frente e uma nova asa traseira, e incrementos na potência do motor, que agora debitava cerca de 590 cavalos, bem como um novo sistema de injecção electrónica. que lhes iria provocar inumeras dores de cabeça... O anos de 1982 iria provar se a evolução do carro estava no caminho certo.



E o inicio de 1982 foi fabuloso para Alain Prost. Na Africa do Sul, aproveitou o facto dos Turbo evoluirem bem em altitude (Kyalami fica a 1500 metros acima do nível do mar), para dominar a corrida (e num um pneu furado impediu disso acontecer), e no Brasil, aproveitou o facto de os dois primeiros classificados, Nelson Piquet e Keke Rosberg, terem sido desclassificados por irregularidades no carro, para herdar a vitória. à chegada a Long Beach, Prost tinha uma liderança confortável, com 18 pontos possiveis.



Contudo, para Prost, foram as suas unicas vitórias do ano, pois nas sete provas seguintes, não conseguiu pontuar. E muitas das vezes (excepto na Belgica e Mónaco) foram problemas mecânicos os grandes culpados das suas desistências... E quando teve hipótese de ganhar, como em França, o seu companheiro René Arnoux estragava tudo. Nessa altura, ambos os pilotos já não se falavam, e Arnoux sabia que era preterido a favor de Prost. E quando os Renault estavam em forma, como aconteceu na corrida de Paul Ricard, Arnoux desobdeceu às ordens da equipa para deixar passar Prost, e ficou com a vitória na prova. Arnoux eventualmente ganhou mais uma prova, em Monza, e contribuiu para que a Renault conseguisse de novo o terceiro lugar no campeonato de Construtores. Mas o quarto lugar de Prost na classificação geral mostrava que caso não fosse a pouca fiabilidade do carro, o título seria dele.


Em 1983, a FISA tinha banido o efeito-solo, e os Turbo eram reis. Mas o novo RE40 não estava pronto para o primeiro Grande Prémio da temporada, no Brasil, e a Renault teve que fazer uma versão C do seu RE30, para ele e para o americano Eddie Cheever, que tinha substituido René Arnoux, que tinha ido para a Ferrari. O novo carro estreou-se em Long Beach, apenas com Prost, mas Cheever ainda conduziu o RE30C na prova americana.

No final, o Renault RE30 tornou-se, devido ao seu uso durante mais de duas épocas, no mais bem sucedido chassis da Renault, até à chegada do RS25 e RS26, os carros que deram o bi-campeonato ao espanhol Fernando Alonso. Caso não sofressem da crónica pouca fiabilidade, provavelmente "Le Professeur" poderia ter mais um, ou dois títulos, no seu palmarés, do que os quatro detidos actualmente...


Chassis: Renault RE30 Turbo
Projectistas: Michel Tetu e Gerard Larrousse
Motor: Renault Turbo V6 de 1.5 Litros
Pilotos: René Arnoux, Alain Prost e Eddie Cheever
Corridas: 28
Vitórias: 7 (Prost 5, Arnoux 2)
Pole-Positions: 16 (Arnoux 9, Prost 7)
Voltas Mais Rápidas: 7 (Prost 5, Arnoux 2)
Pontos: 120 (Prost 83, Arnoux 37)

Fontes:

1 comentário:

Anónimo disse...

Ao lado da Ferrari 126 C2-Turbo, essa Renault é um dos bólidos mais lindos que apareceu na Formula 1! Década de 70 e 80 os carros eram maravilhosos!!!