segunda-feira, 26 de julho de 2010

Grand Prix (numero 38, as primeiras voltas de Alex)

Silverstone, sede da empresa Apollo. Primeiros dias de Março.

O Alpine azul estaciona à porta da sede, com o condutor a sair de lá, com um casaco de cabedal vestido, camisola de gola alta branca e óculos a aviador, apesar do sol estar escondido atrás das nuvens naquele dia de final de Inverno, um claro contraste com o calor que alguns dos elementos da equipa tinham vivido alguns dias antes. Pete Aaron olha para a janela e vê-o a chegar, e levanta-se da cadeira para o cumprimentar.

- Bom dia, Alex.
- Bom dia, Pete. Pela tua cara, está tudo bem.
- Claro, como podes ver, o troféu fica bem na nossa mesa... chegou hoje, o John largou aqui para podermos ver todos.
- Faz ele bem, afirmou a sorrir. Espero em breve contribuir para esse reportório...
- E a Formula 2?
- Só para o mês que vem. Espero que tudo corra bem. Parece que temos um bom carro... já considerou a Formula 2?
- Ainda não. Primeiro aqui, depois o resto.
- Pensem bem nisso. Se fizerem um bom chassis, serei o primeiro a comprar... mas não digam nada ao pessoal da Tecno, concluiu com uma gargalhada.

Ambos dirigiram-se para a oficina, onde o Eagle de Alexandre estava pronto e reluzente. Na oficina, já com os carros de John e Teddy a serem revistos na garagem, para reparar as mazelas sul-africanas. Tinham acabado de chegar na véspera, pois iam participar nas restantes corridas do mês, o Race of Champions, em Brands Hatch, e o International Trophy, em Silverstone, antes de colocarem os carros no camião e rumarem para Jarama, palco do GP de Espanha, a 19 de Abril.

Quem estava também na fábrica era Thomas Nel, que tinha vindo com Pete e o resto da equipa de Joanesburgo, para conhecer as instalações de Silverstone. Depois iria a Slough, para ver a Peter Weir Automotive, e espreitar os monstruosos Porsches 917 que ele tinha arranjado, com o patrocinio de John O'Hara, para correr nas várias provas da Interserie, a começar pelos 1000 km de Brands Hatch, em Abril. Aí, poderia contar com a presença de Philip de Villiers, que Aaron decidiu acolhê-lo e dar um lugar no ano seguinte, caso ganhasse o título nacional.

Thomas estava a ver o Eagle que outrora era de John, e ainda antes de Dan Gurney, quando Pete lhe apresentou ao seu novo dono:

- Alex, este é Thomas Nel, uma pessoa que veio conosco desde a Africa do Sul. Estou a tentar convencê-lo a trabalhar para a equipa, mas só diz que fará isso a partir do ano que vêm, pois está a cuidar de um rapaz que estamos de olho, chamado Philipp de Viliers.
- Olá, senhor Nel, é um prazer conhecê-lo.
- Olá, igualmente. Vai ser você a guiar o Eagle? Belo carro, bem construido. Vai ter muitas alegrias com ele.
- Acredito. Muito obrigado pelas palavras de encorajamento.

Alexandre sentou-se no carro, à civil, e declarou:

- Mal espero dar as minhas voltas neste carro. Mas há uma ligeira alteração de planos.
- Como assim?
- Consegui inscrever-me para a Race of Champions, em Brands Hatch. Vocês vão lá estar, certo?
- Em principio sim, com o John. Mas não pensava que iria correr no International Trophy, em Silverstone?
- Fica em cima de uns testes que tenho marcado com a Tecno, e da primeira prova do ano da Formula 2. E ainda por cima, Jarama é na semana seguinte, fica tudo um a seguir ao outro, e preciso de tempo para me adaptar a este carro.
- Estou a ver. Ajudaremos no que for preciso.
- Excelente... Ah, e tenho outra novidade. A minha equipa vai se chamar "Racing for Syldavia", porque o Automóvel Clube decidiu apoiar-me. Logo...

Com isto, Alexandre saca do bolso um desenho de um carro pintado a branco com riscas castanha e verde, com uma faixa amarela, sob fundo branco. Pete vê o desenho com um misto de curiosidade e apreensão, ao que ele respondeu:

- Não se preocupe, só quero pronto para o GP de Espanha. E pago qualquer extra que venha a ser preciso. Aliás, quem vai pagar é o Automóvel Clube... até me deram o dinheiro que eu gastei para comprar o chassis, veja lá...
- Como é que fizeram isso?
- O presidente acha que eu sou um embaixador do automobilismo do meu país. Quem sou eu para o contestar? E era amigo do meu avô.
- Hmmm... podemos fazer isso, mas tu não tens pressa, vejo.
- A unica pressa que tenho é de dar umas voltas neste carro, mais nada. É por isso que trouxe o meu fato de competição - sorriu, enquanto abria o fecho da mala que trazia a tiracolo - Onde é que eu posso mudar?
- Podes ir ali, Alex, apontou Pete para uma porta.

Em poucos minutos, Alex colocou o seu capacete integral, o seu fato branco com riscas paersonalizadas de cor castanha, amarela e verde, as suas luvas de pele negra, e sentou-se no cockpit, enquanto que dois mecânicos abriam a porta para que este pudesse sair para a pista, empurrado por outros dois mecânicos. Pete e Thomas sairam à rua para ver as primeiras voltas de Alexandre de Monforte ao volante de um Eagle de Formula 1.

(continua)

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