domingo, 28 de novembro de 2010

Sobre a vitória de Filipe Albuquerque na Race of Champions

Estive fora de casa boa parte do dia e estava a ouvir as noticas no autorádio do meu carro quando soube da vitória de Filipe Albuquerque na Race of Champions, em Dusseldorf bantendo na finalissima o heptacampeão de ralis, Sebastien Löeb, e pouco antes, o novo campeão do mundo, Sebastien Vettel, em máquinas iguais.

Eu sei que este triunfo é excelente e faz bem ao ego nacional, mas ao mesmo tempo dá-me uma enorme vontade de chorar. Porquê? O prémio é meramente simbólico. Não o vou ver na Formula 1. Já não acredito nisso, nem sequer numa Hispania da vida. Não tem padrinhos, um "manager" fantástico, e esteve durante algum tempo na Red Bull Junior Academy, onde venceu a Formula Renault europeia em 2006, e correu na World Series by Renault em 2007. Saiu dali quando eles pediram que ele fosse correr no Japão, que ele considerou como um passaporte para o esquecimento. Resultado final: está na Audi Itália e decidiu apostar numa carreira nos Turismos, eventualmente a DTM.

Albuquerque e Alvaro Parente fazem-me lembrar histórias como o suiço Marc Surer, um piloto que todos diziam ter imenso talento e que chegou à Formula 1. Mas tirando meia época na Brabham, em 1985, a sua carreira andou em equipas do fundo do pelotão. E quando falo de talentos dos anos 80 perdidos, os nomes estão à escolha: Jan Lammers; Mike Thackwell (esse é o mais gritante) ou Ivan Capelli. Eu sei, e todos nós sabemos, que a Formula 1 é uma elite, onde miuto, muito poucos chegam. Mas acho que ver a ele fora dali é um desperdício. E o ver a ganhar a Sebastien Löeb e antes, a outro Sebastian, Vettel de apelido, só me deprime em vez de me orgulhar.

Pode não servir mais para a Formula 1 e ele não pode querer mais os monolugares, mas não o queria ver a sua carreira desperdiçada. Ao menos um DTM, um GT1 ou a fazer as 24 Horas de Le Mans numa equipa totalmente portuguesa. Pelo menos, ali mostrariamos todo o nosso talento.

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