quarta-feira, 6 de abril de 2011

Os pilotos da Toro Rosso no fio da navalha

A Red Bull fez no inicio de 2005 uma academia de pilotos cujo objetivo era de encontrar talentos para levar até ao topo, ou seja, a Formula 1. Deu oportunidade a vários pilotos para o alcançar, desde o austriaco Christian Klien até ao americano Scott Speed, passando pelo italiano Vitantonio Liuzzi, o alemão Sebastian Vettel, entre outros, incluindo o português Filipe Albuquerque. Alguns conseguiram o que queriam e Vettel tornou-se no melhor deles todos, porque está na Red Bull e é o campeão do mundo.

O processo passou também pela aquisição de uma equipa B, onde os pilotos pudessem passar algum tempo a ambientar-se na Formula 1 até que pudessem dar o salto para outras partes, ou para a irmã maior. Foi o que Vettel fez, passando ano e meio da Toro Rosso, com uma vitória pelo meio, em Monza. Mas o processo, liderando por Franz Tost e Helmut Marko, tem espinhos. E esses espinhos passam pela pressão quase incomparável sobre os jovens pilotos para que mostrem o que valem... já, caso contrário, serão colocados na rua, sem apelo nem agravo. E se a primeira época é para aprender, na segunda tem de mostrar que são bons... ontem.

Já houve casos no passado que mostram essa faceta. Scott Speed, despedido em 2007 depois de andar à batatada em Nurburgring com Franz Tost devido a uma discussão sobre a sua performance durante a época, e depois o despedimento de Sebastien Bourdais em 2009, também a meio da época, devido aos "maus resultados", enquanto que se protegia o outro piloto, o suiço Sebastien Buemi. No primeiro caso, Speed foi substituido por Vettel e no segundo, deu-se uma oportunidade ao catalão Jaime Alguersuari, campeão da Formula 3 britânica em 2008.

Agora, é a entrada em cena do australiano Daniel Ricciardo que envenenou o ambiente na segunda equipa da Red Bull. Outrora amigáveis, o ambiente entre os dois é gélido, depois do GP da Austrália. O incidente na primeira curva da corrida de Melbourne, quando o jovem catalão se superiorizou por fora o seu companheiro suiço e tocaram-se ligeiramente, levando algumas curvas depois a que Alguersuari atingisse Michael Schumacher mesmo em cheio e comprometesse a sua corrida. Buemi continuou e acabou no décimo posto, subindo dois lugares com a desclassificação dos Sauber.

Segundo o jornal suiço "Blick", ambos já nem sequer se falam um com o outro, o que foi testemunhado pelo jornalista do mesmo jornal, dizendo que durante as dozes horas de viagem não trocaram uma única palavra durante o longo vôo de regresso à Europa. E para piorar as coias, eles já sabem que a Toro Rosso convocou o australiano para o final de semana do Grande Prémio da China, mesmo sabendo que ele deveria estar neste mesmo fim de semana na ronda inaugural da World Series by Renault, em Aragão, significando que em breve, ele estará no cockpit de um dos seus carros. E isso significa que um deles terá de sair, e claro, nenhum deles dará a contenda por terminada.

Em jeito de conclusão vemos de novo a maneira como a Red Bull trata os seus jovens pilotos: dá-lhes a mão, mas não hesita em dar-lhes um prazo - demasiado curto, vê-se - para darem nas vistas. E nem todos são Sebastien Vettel, e esses pilotos, todos na casa dos vinte, vinte e dois anos, tem uma mentalidade e maturidade suficientemente fortes para resistirem às pressões na pista... e fora dela.

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