terça-feira, 2 de maio de 2017

A polémica entre Ecclestone e Sepang

Bernie Ecclestone nunca foge de uma boa polémica. A sua boca diz sempre aquilo que pensa, mandando as convenções a aquela parte. E mesmo que já não mande na Formula 1 - está agora a Liberty Media - ele ainda anda a passear no paddock e dizer asneiras a quem o queira ouvir. Como aconteceu agora em Sochi, quando falou sobre o fim do contrato da Formula 1 no circuito de Sepang, afirmando que não sente faltam porque já tem garantido o contrato do GP de Singapura.

"Nós realmente não tínhamos muita escolha. Eles iriam parar", disse Bernie acerca do GP da Malásia.

"Acho que convenci Singapura a ficar, mudamos um pouco as condições e os termos. Eles ainda não decidiram, mas podem ainda não continuar", concluiu.

Contudo, Ecclestone contou que ele tinha puxado demasiado os promotores em relação à construção de circuitos, a sua exploração e à procura de subsidios estatais para poder pagar as comissões exigidas pelo patrão da FOM.

"Senti-me roubado de alguma maneira, mesmo que nós não tenhamos sido forçados a assinar o acordo", disse em declarações à Autosport.

"Mas para chegar a uma declaração como essa - como é que isto nos faz sentir? Durante todo esse tempo ele nos cobrou demasiado e não recebemos o que queremos, como boas corridas e acesso a pilotos e equipas. Claro, ninguém colocou uma arma na nossa cabeça, mas para você ler comentários como esse nos faz sentir mal. Isso nos faz sentir que fomos enganados e não recebemos aquilo o que pagamos", concluiu.

Razali disse depois que teve "discussões" com representantes da Liberty Media sobre a possibilidade de continuar para além de 2018, mas eles não chegaram a um acordo nesse sentido.

"Eles fizeram uma tentativa, mas para mim não foi forte o suficiente para que pudessemos reconsiderar", disse. "Tivemos longas discussões com eles no Bahrein. A Liberty ofereceu para reduzir as taxas, mas a oferta não foi suficiente para que possamos continuar para além de 2018", concluiu.

Contudo, ao ouvir estas reações, Ecclestone reagiu... à sua maneira. Numa entrevista à Reuters, demoliu o promotor.

"Ninguém o fez parecer idiota, e é difícil fazer as pessoas parecerem idiotas. Se forem, eles são", disse Ecclestone.

"Eles fizeram um trabalho muito bom com as motos, eles estão apaixonados pela MotoGP e que aparentemente ganham muito dinheiro com ele. Com a Fórmula 1 eles não ganharam dinheiro e o que eu disse foi que não estávamos entregando o que eles compraram. Não é nossa culpa, nós não providenciamos o espectáculo", concluiu Ecclestone.

Apesar de dizer que não é ele que está a providenciar o espectáculo - são as equipas, nesse ponto - ele foi o "dono da tenda". E foi ele que disse a eles que tipo de condições ele exigiu. E foi ele que exigiu todas as condições que vimos ao longo destes anos na Ásia: os circuitos construídos de raiz, as dezenas de milhões de dólares pagos ao longo dos anos em sitios onde a Formula 1 era uma minoria, quase como se fosse um OVNI, e depois abandonar aqueles locais em poucos anos, com prejuízos enormes para o operador local, e a FOM se safar quase impune, é este o legado que o senhor Ecclestone deixa para aqueles lados.

E só agora é que vemos as consequenciais desta politica. E como o promotor malaio, aposto que mais alguns desses promotores deverão ter esse tipo de queixas sobre ele. E claro, Bernie dirá que a culpa não foi dele, foram dos que aceitaram as suas condições. Confuso. não? Não. Para ele, nunca teve culpa do estrago, foram os que aceitaram as condições. Enfim...

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