sábado, 28 de setembro de 2019

A imagem do dia

Esta imagem descobri-o no blog do Paulo Abreu, o Volta Rápida. E é de um momento decisivo na sua carreira. Em 1933, no GP do Mónaco, Rudolf Caracciola, piloto de automóveis, sofria um grave despiste na curva da Tabacaria e acabaria por se lesionar gravemente na perna direita. Como os socorros de há 86 anos não eram como os de hoje, ver o piloto alemão a ser levado numa cadeira por populares rumo ao posto médico mais próximo é uma imagem que impressiona até hoje.

Este seria o seu primeiro acidente grave do alemão na sua carreira. Iria ficar um ano fora das pistas até voltar à Mercedes, seu primeiro amor, no ano seguinte, graças a Alfred Neubauer, e ali iria ganhar dois títulos europeus, em 1935, 1937 e 38, lutando pela vitória contra pilotos como Tazio Nuvolari, Bernd Rosemeyer e Hermann Lang, entre outros.

Naquele ano de 1933, tinha ficado de fora da Alfa Romeo, que se tinha retirado da competição. Ele se aliou com Louis Chiron para fazer uma equipa, do qual adquiriram dois Alfa Romeos para competirem. E Mónaco foi a primeira prova importante do ano. 

No fim de semana da corrida, Caracciola estava a adaptar-se ao circuito - seguia Chiron - quando três dos quatro travões falharam na curva da Tabacaria. Entre mergulhar para as águas do porto, e bater contra a parede, ele escolheu instintivamente este último.

Anos depois, na sua biografia, contou:

"Apenas a carroçaria do carro ficou esmagada, especialmente em volta do meu assento. Com cuidado, tirei minha perna da armadilha de aço. Apoiando-me contra a estrutura do corpo, lentamente me soltei do assento ... tentei sair correndo do carro. Eu queria mostrar que nada tinha acontecido comigo, que eu estava absolutamente ileso. Eu pisei no chão. Nesse instante, uma dor passou pela minha perna. Era uma dor feroz, como se minha perna estivesse sendo cortada por facas quentes e brilhantes. Eu desmaiei, [com] Chiron agarrando nos meus braços."

Filho de um dono de hotel, Caracciola chegou ao automobilismo como muitos dos que corriam nessa altura: no motociclismo. Andou em NSU's em 1922, antes de ir para a Mercedes em 1926, e depois de ter vencido uma prova em AVUS à chuva, onde o chamaram de "Regenmeister", tornou-se o representante da marca em Berlim. E tornou-se empregado da marca até ao seu último dia de vida, o que lhe viria dar jeito nos momentos mais duros.

Quando chega à Mercedes em 1934, já os nazis chegam ao poder. Ele tinha conhecido Adolf Hitler, um "petrolhead", e 1931, e detestou-o. Não o achava sedutor, e mesmo quando foi obrigado a ser membro da NSKK, uma organização paramilitar nazi, era mais por obrigação que participava nas manifestações do regime. E quando a guerra se aproximava, Caracciola refugiou-se em Lugano, na Suíça, com a sua segunda mulher, e lá ficou durante a II Guerra, com o salário pago pela Mercedes em francos suíços.

No final da guerra, voltou a correr, com 45 anos de idade, e dois acidentes, o primeiro em Indianápolis, quando levou um pássaro na cabeça - que se salvou porque usou um capacete de aço! - e em 1952, em Berna, numa prova de Turismos, ele pendurou o capacete de vez, indo trabalhar para a marca de Estugarda para o resto da sua vida.

Rudolf Caracciola, um dos maiores pilotos alemães de antes da II Guerra, nasceu a 30 de janeiro de 1901, em Berlim. Morreu em Kassel a 28 de setembro de 1959, há precisamente 60 anos.

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