sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Os carros de combustão interna estão a caminho do desaparecimento


Pelo menos... na Noruega. Este país nórdico, pioneiro na implementação dos veículos elétricos no mundo, e com praticamente toda a sua eletricidade produzida de fontes renováveis - embora, ironicamente, seja... produtora de petróleo! - decidiu há algum tempo que deixaria de vender carros novos a combustão interna em 2025, ou seja, dentro de três anos. E vão no bom caminho, pois em 2021, mais de metade dos carros novos são elétricos.

Contudo, as vendas de janeiro deste ano mostraram algo inesperado: é que 84 por cento dos carros novos são elétricos. Ou seja, de oito mil carros novos, meros 387... tem motores a combustão. E se a tendência é esta, na primavera, eles poderão ser o primeiro país do mundo a não vender mais carros novos a gasolina ou Diesel. Dois anos e meio antes de tempo!  

E se acham que é tudo Teslas, engane-se: o carro mais vendido por lá é o BMW iX, seguido pelo Audi Q e-tron e o Hyundai Ioniq 5.

É claro, os incentivos governamentais ajudaram nisso - descontos na aquisição de um veículo elétrico, matriculas especiais que permitem, por exemplo, usar faixas especiais de circulação em estrada, para não falar de uma enorme rede de carregadores, espalhados pelo país - colaboraram muito nisso. E graças a isso, os carros elétricos triunfaram definitivamente num país onde está frio em cinco meses por ano e exporta petróleo, guardando os seus lucros num fundo soberano estatal que é o mais rico do mundo, estimado em mais de um trilião de dólares.

E se a Noruega é um exemplo que demorou quase 15 anos a fazer a transição energética, as outras nações não andam longe. Ontem, soube-se que na Grã-Bretanha, em 2021, apenas cinco por cento dos carros novos a circularem na estrada eram a Diesel, ou seja, em 2022, poderá ser o último ano em que se vende um carro deste tipo, e com aumentos da quota de elétricos um pouco por toda a Europa ocidental - mesmo no meio da pandemia, as vendas de carros elétricos aumentaram! - e com mais e mais modelos a aparecer na estrada, das diversas marcas, parece que as construtoras irão fazer a transição energética mais rapidamente que as metas propostas por organismos como a União Europeia. 

E mesmo em Portugal, onde em 2021 as vendas de carros elétricos representaram uma quota superior a 10 por cento, com modelos com maior autonomia - entre 300 a 500 km, em média, e a tendência é aumentar - mostra-se que, em termos de transportes, é possível.

Apesar dos problemas que aparecem de quando em quando - estrangulamentos nas linhas de montagem devido à falta de chips e baterias - e de algumas questões que estão a ser levantadas - exploração de lítio, reciclagem das baterias mais antigas, as mais novas tem uma média de 20 anos de duração - o público tende a acolher bem os carros elétricos. Recentemente, um inquérito afirmou que mais de 70 por cento das pessoas pretende comprar um carro elétrico quando for a altura de trocar o seu automóvel.

Regressando a ares noruegueses... parece ser irónico que um país cujos carros sejam elétricos exporte gasolina para outros lados. Mas à medida que o tempo passa e a transição acontece, provavelmente não haverá tanta necessidade. O petróleo não serve só para ser refinado e transformado em gasolina para automóveis. Muitos dos carros elétricos tem componentes de plástico. Que é... um derivado do petróleo. E a transição energética nos navios e aviões anda um pouco mais atrasada, diga-se. Logo, o governo local ainda lucrará durante mais uns tempos com o sumo de dinossauro...  

1 comentário:

Mayte disse...

É incrível como tudo está a mudar tão rápido. Eu sou transportadora e agora por exemplo utilizo uma app localizadora GPS, algo que nunca imaginei! Veremos o que o futuro traz consigo. Obrigada!