quarta-feira, 8 de junho de 2022

A imagem do dia


Brad Pitt a passear no paddock do circuito de La Sarthe antes das 24 Horas de Le Mans de 2016, onde ele esteve presente para agitar a bandeira francesa e assinalar a partida da corrida. Fala-se dele porque esta quarta-feira foi anunciado que ele será a estrela de um filme sobre a Formula 1 que terá um orçamento de 140 milhões de dólares, será financiado pela Apple, terá como realizador Joseph Kosinski, o mesmo de "Top Gun", e os produtores serão Pitt, Jerry Bruckheimer e Lewis Hamilton. E claro, ainda não tem título.

Bem sei que Bruckheimer e Kosinski andam nas nuvens depois do sucesso do novo "Top Gun", com o Tom Cruise, e francamente, até nem ficaria chocado se visse o próprio Cruise envolvido no filme, mas aparentemente, a ideia é o seguinte: um veterano é instado a regressar ao ativo a pedido de um dono de equipa. 

Soa familiar, não soa? Explico: era o enredo de "Driven", o infame filme do Sylvester Stallone, feito em 2001 para o campeonato CART. Aliás, era aquilo que deveria ter sido feito para a Formula 1, mas Bernie Ecclestone vetou. E neste campo... com alguma razão. O filme foi um fracasso de bilheteira e teve de passar mais de uma década até aparecer coisas como "Rush" e "Ford vs Ferrari" para a reputação do automobilismo nos filmes regressar ao lugar que merece.  

Nos tempos que correm, a Formula 1 está em alta. Agora pertence à Liberty Media, fizeram um programa de sucesso com o "Drive to Survive", que é um enorme sucesso na Netflix - ver isto nas mãos da Apple TV até tem o seu de irónico - e claro, o calendário tem agora um canto só para os americanos. Duas corridas em 2022, três a partir de 2023 e há quem ache que uma quarta corrida por aquelas bandas nem fazia mal algum. Qualquer dia, teremos um campeonato americano de Formula 1, e digo isto baixinho que é para não dar ideias...

Sou honesto em dizer que ter um filme sobre Formula 1 até nem é má ideia, num universo saturado de Marvel e DC, Star Wars, Parque Jurássico e Guerra dos Tronos, e nem falo de "remakes" de filmes com 20 ou 30 anos - 36, no caso do Top Gun - numa altura em que se nota a saturação de ideias e os estúdios só querem reaver o que investem. Não há ousadia ou o risco que existia 50 anos antes, com gente como Coppolla, Spielberg, Scorcese, Lucas e outros, no campo dos realizadores, e claro, os produtores, o pessoal que entra com o dinheiro. E isto é algo irónico, numa altura em que se muda a maneira como vemos cinema, largando as salas e passando a ficar no conforto do sofá de casa, gastando centenas de euros por ano para subscrever Netflix, Apple, Disney + e Amazon Prime... já pensaram nisso?

Evidentemente, sou a favor de filmes sobre automobilismo. Aliás, já estou a ver o que Hamilton fará na sua reforma pós-Formula 1: produzir filmes, sobre carros ou não. Mas as minhas referências a "Driven" não são castelos no ar, é apenas o receio de alguém que gosta muito do assunto e olha com desconfiança esta gente nova que apareceu por aqui e quer aproveitar algo que chegou à ribalta. É só isso. 

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