quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

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Alain Prost retirou-se, oficialmente, no final de 1993, depois de uma temporada pela Williams. A sua última corrida foi o GP da Austrália desse ano, onde acabou na segunda posição, atrás do vencedor, o brasileiro Ayrton Senna, no seu McLaren.

Contudo, nos dois anos seguintes, ele não deixou de andar num carro de Formula 1. E pedidos para deixar a retirada para trás e regressar ao volante de modo competitivo, existiram. E um dos que puxou muito para esse regresso foi... Ron Dennis.

No final de 1993, a McLaren, depois de flertar com a Lamborghini, decidiu que iria ficar com a Peugeot porque o negócio era semelhante com a Honda: o fornecimento de motores era de graça. A marca francesa, que tinha ganho tudo e todos num campeonato de Endurance que estava em vias de colapso, queria ir para um lugar mais competitivo. A Formula 1 era o lugar ideal, e Jean Todt, então o diretor da Peugeot Sport, até tentou vender a equipa de uma equipa completa, com chassis e motor, como fiera para os ralis, o Dakar e a Endurance. Isso falhou e Todt foi-se embora, substituído pelo ex-piloto Jean-Pierre Jabouille, o homem que em 1979, dera à Renault a sua primeira vitória de um carro com motor Turbo. 

Jabouille, que era licenciado em engenharia, esperava ter um motor potente e fiável, e ter alguém como Prost seria uma boa chance. Os seus conhecimentos técnicos seriam valiosos, mas Dennis queria algo mais: que desse com a palavra atrás e regressasse à competição. Então com 39 anos, ele acreditava que ainda seria útil. E claro, com o numero 1 no carro, melhor ainda. Logo depois do GP de Portugal, no Estoril, Dennis deu-lhe uma proposta para correr em ele em 1994. E ele disse que seria capa de topar... se o carro fosse bom. 

E tinha outra vantagem: a Peugeot queria um piloto francês no seu alinhamento. Alain Prost de regresso? Seria a bomba do ano! Mas Prost, mentalmente, não queria regressar, apesar do bom contrato. A ideia era de anunciar depois dos testes no Estoril, a meio de janeiro. Ele tinha três dias para experimentar o carro, um MP4/8 modificado, mas após dia e meio, disse que o carro não era bom e o contrato ficaria sem efeito. 

O que deixou com outro problema: o piloto. A Peugeot continuaria a querer um francês na mesma, e tinham incluindo Philippe Alliot, ex-Larrousse e ex-Ligier, como piloto de testes, mas aos 40 anos, não tinha a fama de bom piloto (tendência para acidentes), e Dennis queria alguém melhor e mais fiável. Pensou - e conseguiu - Martin Brundle, para descontentamento da marca francesa. E ao longo da temporada, o motor não cumpriu aquilo que julgavam que iriam conseguir ter: nenhuma vitória, pole ou volta mais rápida, apesar de oito pódios, com os melhores resultados a serem um segundo lugar com Brundle no Mónaco, e outro segundo, para Mika Hakkinen, na Bélgica. Curiosamente, depois de ter sido afastado por uma corrida na Hungria, dando o lugar para Alliot. Como Dennis esperava, a sua corrida em Budapeste foi discreta e ela acabou na volta 21, com um problema na bomba de água.

Aliás, as relações atingiram um ponto baixo quando na volta de aquecimento, o motor que estava dentro do carro de Brundle simplesmente... explodiu. Nem um metro andou!  

No total, apenas 42 pontos foram alcançados. E no ano a seguir, trocaram pela Mercedes, e conseguiram Nigel Mansell como piloto. Prost não regressou à competição, mas continuou a ajudar a McLaren como piloto de testes e conselheiro. Só saiu da órbita quando em 1996, comprou a Ligier e se tornou dono de equipa... com motores Peugeot.         

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