terça-feira, 17 de dezembro de 2024

A imagem do dia


Amanhã, dia 18 de dezembro, o ministro dos desportos da África do Sul, Gavin Mackenzie, apresentará um plano para o regresso da Formula 1 ao seu país. Caso isso aconteça, a prova seria em Kyalami, palco da última vez onde a Formula 1 correu, em 1993, numa corrida ganha por Alain Prost, depois de um duelo a três com Ayrton Senna e Michael Schumacher.  

A Formula 1 fez de Kyalami uma das suas pistas favoritas, acolhendo a Formula 1 entre 1967 e 1985, numa altura onde o país vivia o regime de segregação branca, de seu nome "apartheid", e do qual, por causa disso, sofreu um isolamento internacional, ao ponto de ter sido expulsa do Comité Olímpico Internacional e da FIFA. Mas não da FIA, onde continuaram a ir até a uma altura em que alguns países decidiram que não iriam deixar que os seus pilotos participarem. E o governo francês impediu as suas equipas, Ligier e Renault, de participarem na edição desse ano.

A Formula 1 regressou apenas com o fim do regime, em 1992 e 93, antes do promotor de Kyalami ter falido.

Este ano, a situação é interessante: o ANC, partido que dominou o panorama politico desde 1994, perdeu a sua maioria absoluta e aceitou entrar num governo de unidade Nacional com a Aliança Democrática, um partido multiracial, e mais alguns menores - Mackenzie faz parte de um desses partidos minoritários. Kyalami tem um promotor novo, um primo de Jody Scheckter, e dono da Porsche no país, e agora elabora-se um projeto para apresentar à FIA com o objetivo de trazer a Formula 1 de regresso a África, um lugar onde Lewis Hamilton gostaria de correr.

Contudo, pela primeira vez em muito tempo, há concorrência: o Ruanda. Perguntam-me porque eles e não Marrocos, por exemplo? Os marroquinos tem outras prioridades, como o Mundial de futebol de 2030, o Mundial do centenário, onde organizarão em conjunto com Espanha e Portugal. Talvez mais tarde. 

No caso ruandês, foram eles que acolheram no fim de semana passado a Gala da FIA, e ali o governo local anunciou a candidatura para acolher a competição, num circuito que será erguido a 40 quilómetros de Kigali, a capital ruandesa, e peto do aeroporto internacional que está a ser erguido com fundos do Qatar. Quando estaria pronto? Talvez no final da década. 

Bom haver concorrência, mas há mais problemas para além disso. Alguns países poderiam receber, caso se aplicassem nisso, como Angola - que tem duas pistas que foram construídas antes da independência, em 1975 - mas o mais premente é o calendário. Neste momento já tem 24 corridas, e ter uma 25ª em 2026 será demais. Toto Wolff já se queixou do excesso, bem como Christian Horner, e há gente que, apesar de achar ser necessário que a Formula 1 vá para os quatro cantos do mundo, e África é necessário, teria de ser à custa de alguma pista. Fala-se da ideia de corridas a acontecerem em pistas uma vez a cada dois anos - propuseram isso aos Países Baixos, mas eles decidiram abandonar a Formula 1 em 2026, logo, a Bélgica não perderá a sua corrida.

Que a Formula 1 está a ser a vitima do seu sucesso, é verdade. Mas ver África de regresso seria algo bom para a imagem e para mostrar ao mundo que são verdadeiramente uma competição mundial.   

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