O Adamastor Fúria, primeiro supercarro português apresentado na primavera deste ano, continuou com os seus testes de performance com vista à sua comercialização - em principio, em 2026, com um limite de 60 exemplares - e no final de novembro, esteve no Autódromo Internacional do Algarve para fazer os seus primeiros testes em pista, num ambiente controlado.
A equipa da Adamastor, composta por cerca de 15 técnicos liderados pelo engenheiro Frederico Ribeiro, realizou um dia intenso de trabalho, ao qual afirmam ter tido resultados muito positivos na evolução do seu carro rumo à sua comercialização futura.
“Foi uma evolução constante.", começou por afirmar. "Começámos de forma mais ‘soft’ e fomos incrementando o ritmo. Comecei por sentir a dinâmica do carro e logo aí deu para assimilar um pouco da performance que vai permitir atingir. É óbvio que ainda estamos muito longe dos limites da máquina. Estes são os primeiros passos, mas são já muito boas as primeiras impressões”, continuou.
“Mesmo numa toada calma dá para perceber tudo: a travagem, a forma como o Fúria responde às solicitações, mostrando-se sempre equilibrado. É curioso o facto de desde o início o Fúria transmitir, de forma vincada, o ‘feeling’ de um carro de corrida, muito reativo. Basta ‘fazer sombra no acelerador’ e o motor sobe imediatamente de rotação. É impressionante! É um carro fácil de conduzir e muito divertido, mas hoje aqui ainda foi um bocadinho exigente, pelo facto de, propositadamente, não termos a direção assistida ligada. Mesmo com uma série de condicionantes, foi um dia muito positivo. Estou muito contente com que conseguimos alcançar aqui hoje”, acrescentou.
As sensações que Diogo Matos, o piloto do carro na pista algarvia, ia recolhendo em pista, eram passadas, de forma imediata, em live chat, para Frederico Ribeiro, engenheiro portuense que, a partir das boxes, viveu intensamente cada metro que o Fúria completava em pista. Foi sobre si que recaiu a responsabilidade de preparar este teste, pelo que são justos os louros que lhe são atribuídos pelo seu sucesso.
Apesar dessa responsabilidade, confessava: “Não estava muito receoso! Tinha a certeza, como se provou hoje, de que estava tudo preparado e que poderíamos realizar em pleno este ensaio."
Depois, continuou: "Nos outros testes que fizemos fomos identificando algumas coisas que estavam menos bem, corrigindo-as. Assim, chegámos aqui a saber que estava tudo pronto para fazer o ‘run plan’ que havíamos delineado e que tinha duas fases distintas: de manhã, muito focado no desenvolvimento e na calibração; de tarde, a explorar um bocadinho a performance do carro e começar a fazer alguns quilómetros, para também comprovar a validade dos componentes, nomeadamente em termos de fiabilidade. Rodar a baixo ritmo não parece ser o seu ‘habitat’".
"A verdade é que fomos aumentando o ritmo e a resposta não tardou. Outra coisa interessante é a estabilidade que se observa do lado de fora. Nada o perturba. Não há um ‘bump’, ou solavanco estranho, o que é muto agradável. Todavia, ainda temos muito trabalho pela frente. Temos que fazer mais quilómetros, avaliar a fadiga dos componentes e explorar os limites, nomeadamente do motor, da suspensão, da travagem, torção, etc…”, concluiu.
O Furia, desenvolvido pela empresa Adamastor, terá um preço de 1,6 milhões de euros antes de impostos, e estará equipado com um motor V6 biturbo de 3,5 litros da Ford Performance, capaz de entregar mais de 650 cavalos. Ele atinge uma velocidade máxima superior a 300 km/hora e vai de 0 a 100 km/hora em 3,5 segundos. Tudo pesando 1100 quilos num chassis monocoque feito em fibra de carbono. O seu design aerodinâmico avançado dispensa grandes ailerons ou asas traseiras.
O projeto recebeu um investimento de 17 milhões de euros e será produzido em Matosinhos, Portugal. A produção começará em 2025, com capacidade de 25 unidades por ano a partir de 2026.
Sem comentários:
Enviar um comentário