Apesar de tudo, o carro continuava a ser o pior do pelotão. Jos Verstappen queixava-se disso, afirmando que era pior que o PS02, Wilson – que a meio do ano foi substituído pelo dinamarquês Nicholas Kiesa, pois Wilson foi para a Jaguar – era muito alto e o seu chassis foi modificado para se acomodar nele. Resultado final? Nenhum ponto.
Para 2004, tinham uma dupla nova: o italiano Gianmaria Bruni e o húngaro Zsolt Baumgartner. Era a vigésima temporada da equipa na Formula 1, mas não tinham muitos motivos de celebração. O PS04B era uma evolução do carro... de 2001, os Cosworth V10 já vinham de 2001, os patrocinadores eram escassos, os pilotos eram pagantes, e o último lugar parecia estar destinado a eles.
Contudo, a Minardi voltou a pontuar, graças ao oitavo lugar de Baumgartner em Indianápolis. Contudo, como em Melbourne, dois anos antes, tinha sido por causa de uma carambola, que colocou quase metade do pelotão fora de ação. No final do ano, a Minardi estava aliviada por sobreviver mais uma temporada. Mas no final dessa temporada, a Formula 1 estava em plena agitação, e o próprio Paul Stoddart chegou a pensar se conseguiria alinhar em Melbourne... ou não.
A TEMPORADA FINAL
Foi um inverno agitado, o de 2004 para 2005. Eddie Jordan, que vinha com dificuldades para manter a equipa desde 2002, decidiu vender a sua equipa para um empresário russo, e afastar-se das suas operações; a Ford, cansada do desastre que estava a ser a Jaguar, vendeu a sua equipa para o austríaco Dietrich Mateschitz, co-fundador da Red Bull, e Peter Sauber decidiu vender a sua equipa para a BMW, em troca dos motores alemães. Se nestas três equipas de meio do pelotão, estas coisas aconteciam, então como seria que Stoddart e a Minardi encarariam uma nova temporada, com equipamentos obsoletos, motores pouco potentes e orçamentos no limite da rutura?
Para piorar as coisas, a FIA decidiu efetuar uma alteração nos regulamentos em relação aos apêndices aerodinâmicos, e ela foi anunciada no final do ano. Stoddart, que já tinha adquirido fama de ser difícil para dialogar, contestou fortemente a decisão, e levou até ao limite. Do qual... saiu vitorioso.
No fim de semana do GP da Austrália, em Melbourne, Stoddart inscreveu os dois PS04B com as especificações de 2004, mesmo arriscando a exclusão da corrida. Quando a FIA assim fez, Stoddart meteu uma ação em tribunal contra ela, para impedir a aplicação da sentença. Ele ganhou a ação, e com a sentença na mão, ordenou aos seus mecânicos que equipassem o PS04B com acessórios aerodinâmicos que estavam em conformidade com o nível de 2005. Ele queria mostrar, com essa ação, que a FIA não tinha a última palavra.
Polémicas à parte, para a nova temporada... chassis e motor velhos. O PS04B era uma modificação do carro de 2004, que por sua vez, era uma evolução do carro que vinha desde 2001, e foi assim até ao GP do Bahrein. No final, o carro fez 54 corridas, um recorde para a altura. O motor era o mesmo, o Cosworth CR-3L V10, que era preparado por eles, e também já tinha o peso dos anos. Os pilotos eram o austríaco Patrick Friesacher e o neerlandês Christijan Albers, ambos estreantes na Formula 1.
No inicio da temporada, a Minardi era das poucas equipas que tinha ficado com os pneus da Bridgestone, comparado com mais... duas equipas: a Jordan, sua rival nas últimas filas da grelha, e a Ferrari. Em muitos aspetos, eram inferiores que a Michelin, mas na corrida americana, o acidente de Ralf Schumacher, na qualificação de sexta-feira, colocou a segurança dos pilotos em risco, por causa dos pneumáticos franceses. Eles queriam ter um novo conjunto, trazido do outro lado do Atlântico, mas a FIA estava inflexível, e os pilotos que calçavam esses pneus decidiram que não iriam correr, alegando motivos de segurança. Quem ficou? Os da Bridgestone. Seis carros: Ferrari, Jordan e Minardi.
Com os espectadores a abandonarem a pista exigindo o dinheiro de volta, a alguns países a decidirem não transmitir a corrida, os seis carros partiram e chegaram ao fim sem problemas. Se Michael Schumacher foi o vencedor e o Jordan de Tiago Monteiro comemorou um inédito pódio, já os Minardi acabaram em quinto e sexto, com Albers na frente de Friesacher, conseguindo sete pontos da tabela de pilotos. Dois carros a pontuarem na mesma corrida era algo que não acontecia desde o GP da Grã-Bretanha de 1989 – e precisamente nesses lugares! – e foi algo celebrado por lá, apesar da corrida ter entrado na história do automobilismo por motivos bem negativos.
Em julho, Friesacher, cujos patrocinadores não pagaram na altura devida, foi substituído por outro neerlandês, Robert Doornbos, e foram assim até ao final da temporada, com Stoddart a ceder lugares a alguns jovens pilotos, para sessões pagas de testes. Entre eles, apareceram gente como o israelita Chanooch Nissainy, o venezuelano Pastor Maldonado e a britânica Katherine Legge, que deu nas vistas... só por ser mulher, porque bateu com o carro após duas voltas.
Contudo, durante o verão, Stoddart esteve em conversações com um potencial comprador, e no fim de semana do GP da Bélgica, anunciou que tinha chegado a um acordo para a sua aquisição. A pessoa? Dietrich Mateschitz, o dono da Red Bull. Ele queria fazer uma “equipa B” para colocar os seus jovens talentos vindos das categorias de base, e ganhar experiência na Formula 1, antes de irem para a equipa principal. Apesar dos fãs quererem que mantivessem o nome da equipa, a Red Bull decidiu chamá-la de Toro Rosso, mas decidiram ficar em Faenza, a sede da empresa. Onde estão até aos dias de hoje.
Quanto ao nome Minardi, Stoddart levou-o para o outro lado do Atlântico, onde correu na ChampCar por duas temporadas, com Robert Doornbos ao volante, e liderado por Stoddart e Keith Wiggins, que tinha liderado a Pacific na década anterior. No final de 2008, com o final da Champcar, comprada pela IRL, para formar a IndyCar, Stoddart transferiu a equipa para Wiggins e rumou adiante com os seus negócios. Quanto a Giancarlo Minardi, o fundador e a pessoa que alimentou toda esta aventura, tornou-se depois no diretor do circuito de Imola, não muito longe da sua Faenza natal.
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