terça-feira, 20 de maio de 2008

Bolides Memoráveis - Lotus 79 (1978-79)

Faz-se agora 30 anos sobre a estreia de um dos carros mais memoráveis que a Formula 1 assistiu, pois foi este o bólide onde se viu o conceito efeito-solo em todo o seu esplendor, e que deu o seu último título mundial de Construtores e a Mario Andretti o seu título mundial. Foi o último de uma série de chassis geniais saidos da cabeça de Colin Chapman.



O Lotus 79 foi uma evolução natural do Lotus 78, criado no ano anterior por Colin Chapman, ajudado por Peter Wright e Tony Rudd. Os pontões laterais foram redesenhados até quase às rodas, eliminando os problemas de fluidez que a versão 78 tinha, a suspensão traseira tinha sido redesenhada para permitir uma melhor fluidez na saída de ar proveniente dos pontões, e uma asa traseira mais pequena foi colocada, pois assim provocava menor arrasto.


Construido em aluminio, o monocoque tinha um novo depósito de combustível, colocado atrás do "cockpit" do piloto, para assim estar mais protegido em caso de choque. Estando nessa posição, também facilitava a travagem e a tracção do carro nas curvas, algo que não existia no 78, pois eram dois depósitos separados. Quanto ao "downforce", era 30 por cento mais poderoso do que o modelo anterior, tornando-se fácil de guiar. Mario Andretti afirmou: "Este Lotus 79 parece que está pintado no solo, tal é a sua aderência..."


Os fãs e a imprensa chamaram-lhe logo "Black Beauty", pois o facto de Chapman querer um carro limpo em termos aerodinâmicos, fez com que se criasse um carro esteticamente belo, que ganhou logo admiradores. Para melhorar as coisas, o facto da Lotus ser patrocinado pela cigarreira John Player Special, com a sua cor preta e dourada, adicionou beleza ao carro.


Estreado em Zolder, na Belgica, foi um sucesso imediato, com Mario Andretti a conseguir a "pole-position" e a vitória na corrida, sobre Ronnie Peterson, que ainda guiava a versão 78. Após a corrida, Andretti exclamou: "Guiar o 78 é como conduzir um autocarro de Londres". quando foi a vez de Peterson guiar, afirmou que o carro estava tão bem desenhado que bastava acelerar e guiar.

A partir da Belgica, a Lotus ganhou mais cinco corridas: Espanha, França, Alemanha e Holanda (Andretti) e Austria (Peterson). Era o carro dominante, e facilmente, Andretti guiou-o até ao seu primeiro e unico título mundial, o segundo ganho por um piloto americano. Quanto a Chapman, a sua equipa iria alcançar o título mundial de construtores, com uma margem folgada sobre a Ferrari, a segunda classificada.


Contudo, nem tudo foram rosas. Em Monza, a tragédia atingiu a equipa quando Ronnie Peterson sofreu um acidente fatal na partida para o Grande Prémio de Itália. Contudo, nesse momento, o sueco guiava um Lotus 78, pois o seu 79 tinha sido vitima de um acidente nos treinos e não estava em condições de correr, e por isso usou um carro reserva. Substiuido por Jean-Pierre Jarier, o francês conseguiu apenas uma pole-position, no Canadá.




Em 1979, o carro foi usado no inicio do ano, enquanto que a equipa concentrava em desenhar o seu sucessor, o Lotus 80, prometendo que esse seria o carro com efeito-solo total. Contudo, esse foi um fracasso, e Andretti usou somente em três corridas, e o seu novo companheiro, o argentino Carlos Reutmann, recusou guiá-lo, fazendo com que regressassem à versão 79. Contudo, nesse ano, a concorrência tinha visto e copiado o carro, conseguindo até melhorar o efeito-solo que aquele carro proporcionava. Modelos como o Ligier JS11, o Williams FW07 e o Brabham BT49 são directos herdeiros do Lotus 79, e a Lotus não conseguiu uma unica vitória na temporada de 1979.




Nesse ano, um Lotus 79 tinha sido vendido a Hector Rebaque, um rico "gentleman-driver" do México. Não conseguiu pontuar nesse ano, sendo o melhor um sétimo lugar na Holanda, antes de se concentrar no seu carro próprio, o Rebaque HR100, encomendado à Penske.




No final, o Lotus 79 deixou uma impressão duradoira na Formula 1. Pela primeira vez, a aerodinâmica era um factor central no desenvolvimento dos carros de Formula 1, e se o efeito-solo fora banido dos carros no final de 1982, os projectistas nunca mais deixaram de tentar encontrar aquele milésimo de segundo que os permite ser mais rápidos do que o adversário. Um exemplo: hoje em dia, todas as equipas tem o seu túnel de vento...



Chassis: Lotus 79
Projectista: Colin Chapman, Tony Rudd, Peter Wright
Motor: Ford Cosworth V8
Pilotos: Mario Andretti, Ronnie Peterson, Carlos Reutmann e Hector Rebaque
Corridas: 26
Vitórias: 6 (Andretti 5, Peterson 1)
Pole-Positions: 9 (Andretti 6, Peterson 2, Jarier 1)
Voltas Mais Rápidas: 5 (Andretti 2, Peterson 2, Jarier 1)
Pontos: 112 (Andretti 56, Peterson 31, Reutmann 25)
Titulos: Campeão do Mundo de Pilotos (Mario Andretti) e Campeão do Mundo de Construtores em 1978.


Fontes:

1 comentário:

Daniel Médici disse...

Terrivelmente melancólica, essa foto final de Paul Henri Cahier...