quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

5ª Coluna: As equipas de 2010 - As quatro melhores

Por fim, eis a minha última coluna do ano, e também á última parte do especial sobre as equipas de 2010. Depois de falar sobre as outras equipas e das estreantes, nesta temporada que foi unica em muitos aspectos, vou agora falar das quatro principais equipas, aquelas que prometiam lutar pela vitória. Com a Brawn GP, vencedora em 2009, sob novas roupagens e rebatizada de Mercedes GP, tinhamos mais três equipas, e todas elas tinham como objectivo chegar à vitória em corridas e no campeonato. Todas lutaram pela vitória, mas só um é que ficou com o título.

1 - Mercedes

Em absoluto contraciclo da Honda, Toyota e agora Renault, a Mercedes avançou para a sua própria equipa no final da temporada de 2009, num ambiente de contra-ciclo. Comprando a vencedora Brawn GP, cinquenta e cinco anos depois, estavam de volta à Formula 1 como construtora de chassis, apesar dos dezasseis anos de presença como fornecedora de motores. Acrescentando a isso, trouxeram consigo Michael Schumacher, de volta do seu estado de retirada. Muitos tiveram a ilusão de que ele, com 41 anos e depois de três fora de um carro de Formula 1, ainda tivesse os mesmos reflexos de antigamente. Eu nunca tive essa ilusão, e o tempo deu razão ao meu cepticismo inicial.

Nico Rosberg, filho de Keke e quinze anos mais jovem do que ele, demonstrou ser superior a Schumacher, e somente em casos excepcionais é que vimos algum do brilho do alemão de Kerpen, mais no final da época. Rosberg subiu ao pódio por três vezes, contra os três quartos lugares do alemão mais velho. Rosberg fez o que lhe competia e conseguiu uma boa temporada, para os padrões do chassis W01, e Schumacher, nesta sua temporada de adaptação à Formula 1, teve momentos em que se arrastou na pista, num pálido reflexo do seu passado, mas também existiu momentos bons. Talvez a Mercedes tenha sido a grande desilusão do ano, dadas as expectativas criadas depois do título mundial da Brawn, mas teremos de ver como as coisas serão em 2011.

2 - McLaren

Quando Ron Dennis decidiu que iria construir o seu carro de estrada, a Mercedes decidiu que era tempo de cortar a longa relação com a marca fundada por Bruce McLaren. No acordo de divórcio, Ron Dennis conseguiu que eles ficassem com os motores Mercedes de graça, até ao final da temporada de 2014, e claro, os rumores de que eles construiriam os seus próprios motores logo surgiram, rumores esses ainda não negados.

Na equipa, eles conseguiram trazer para o seu seio o campeão do mundo Jenson Button, "herdando" o numero um como acontecera a Fernando Alonso em 2007. Com Lewis Hamilton a seu lado, como companheiro de equipa, pensava-se que o campeão de 2008 iria superar facilmente o campeão de 2009. Os resultados demonstraram que ficaram a par, sem vencedores nem vencidos. Mas em termos de resultados, foram batidos pela Ferrari e pela Red Bull, apesar de terem lutado pelo título quase até ao fim.

Jenson adaptou-se bem e ganhou por duas vezes, enquanto que Lewis ganhou outras duas corridas, mas poderia ter feito muito mais, caso não fosse as duas desistências consecutivas, em Monza e Singapura, pois calharam numa altura decisiva no campeonato. Contudo, foi "joker" suficientemente forte para ainda decidir o campeonato, especialmente em Abu Dhabi. Foi um campeonato equilibrado internamente e conseguiram ser superiores à casa-mãe, mas no campo geral, o terceiro lugar na classificação final ficou um pouco aquém das expectativas iniciais.

3 - Ferrari

Quando a Ferrari anunciou Fernando Alonso no final de 2009, tinham por fim fechado as especulações que existiam nos últimos dois anos e meio sobre a sua vinda para a marca do Cavalino Rampante, especialmente na imprensa espanhola. E muitos pensavam que com ele, o título mundial era uma pro-forma, e quando venceu no Bahrein, a primeira prova do ano, as coisas pareciam encaminhar dessa maneira. Mas as pessoas não sabiam, ou não queriam saber, que Alonso tinha herdado a vitória de um Sebastien Vettel com problemas, e isso viria a ser um marca deste ano: quando os Red Bull falhavam, Fernando Alonso lucrava. E isso aconteceu quase no final do ano, na Coreia do Sul.

Tirando as polémicas alemãs, a Ferrari teve altos e baixos ao longo da temporada. A má corrida em Silverstone foi um ponto baixo, o seu acidente em Spa-Francochamps outro ponto baixo, e o incidente na Alemanha entre os dois pilotos foi outro ponto baixo, este mais moral do que outra coisa - porque em pista foi uma dobradinha - e teve consequências na moral de Felipe Massa. Afinal de contas, para quê lutar pela vitória se a Ferrari o tratava como "empregado do mês"?

Contudo, a úlrima parte do campeonato assistiu-se ao reavivar de Fernando Alonso e da Scuderia, com as três vitórias em quatro corridas, num carro em que tudo estava no limite. Após a vitória na Coreia do Sul, caida do céu como no Bahrein, dava-se a ideia de que este seria um campeonato para o asturiano, dada a competição dentro da Red Bull. Mas o episódio de Abu Dhabi, onde Stefano Domenicalli decidiu marcar o Red Bull errado, e Fernando Alonso não conseguiu ultrapassar o Renault de Vitaly Petrov, enquanto que Sebastien Vettel disparava rumo ao titulo mundial, acabou com as esperanças.

No final foi uma boa temporada para a Ferrari, a equipa que gasta mais dinheiro no pelotão, o segundo lugar é o primeiro dos últimos e houve pessoas que começaram a exigir a cabeça de certos responsáveis, como Stefano Domenicalli. Luca de Montezemolo conteve-se, mas em Maranello, as coisas em 2011 estão mais apertadas, e vencer os títulos tem de ser uma obrigação.

4 - Red Bull

O ano de 2010 vai ser um dos mais felizes da vida de Dietrich Mateschitz. O engenheiro quimico que trouxe a formula da Red Bull para a Europa e ficou multimilionário com isso, viu ao fim de cinco anos o seu investimento na Formula 1 compensar. No final de 2004 comprou a Jaguar, depois contratou pessoas da sua confiança como Christian Horner e Adrian Newey, que projectou o Red Bull RB6, finalmente viu o retorno de todo aquele dinheiro com os títulos de Pilotos e Construtores. E mostrou ao mundo da Formula 1 que manter os seus pilotos motivados compensa.

O chassis era o melhor do campeonato, sem dúvida, e muitos temiam que isto seria um passeio para Sebastien Vettel e Mark Webber. Contudo, os problemas que tiveram e os incidentes alheios - alguns por culpa própria, como na Turquia e Grã-Bretanha - fizeram equilibrar as coisas e dar mais algumas hipóteses à concorrência. Chegou-se a temer, mais para o final da temporada, que a Red Bull iria ver perder o título de pilotos porque simplesmente não tinha definido quem seria o seu piloto para o ataque ao campeonato de pilotos. Mas depois, a ponta final de Vettel, ao vencer três das quatro últimas corridas do ano (teria vencido na Coreia se não fosse o motor) fez com que a aposta na igualdade de oportunidades compensasse.

Claro, pode-se dizer que Vettel teve estofo de campeão e Webber claudicou no final da temporada por não aguentar a pressão, e claro, começaram a compará-lo a Carlos Reutemann ou a Clay Regazoni, mas nesse aspecto, só o tempo é que dirá se os criticos lhe darão razão, mas o que se pode dizer é que a Red Bull não jogou como a Ferrari... e ganhou. Daí que todos se simpatizem com a maneira como os energéticos "jogam" na Formula 1. E esperam que repitam a proeza na próxima temporada.

E pronto, este foi a última "Quinta Coluna" do ano. Em 2011 haverá mais 52 como esta, prometendo opinar sobre o automobilismo de forma critica. Até lá, gozem o Ano Novo, desejando que seja melhor do que este que vai acabar. Até lá.

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