A história do GP do Brasil é que se pode dizer que, com tudo decidido, não foi aborrecido. Não choveu, é verdade, mas houve lutas, incidentes e competitividade suficiente para que todos ficassem pregados ao asfalto e colados aos ecrãs até ao momento em que foi mostrada a bandeira de xadrez no Autódromo José Carlos Pace, em Interlagos.
Contrariando algumas previsões, o tempo nesta tarde paulista parecia estar azul, com as possibilidades de chuva a serem reduzidas a menos de metade. Mas quem mora na zona diz que o tempo muda num estalar de dedos e na zona Oeste, o tempo já começava a fechar quando os carros estavam na grelha de partida.
A corrida começou com Valtteri Bottas a conseguir passar Sebastian Vettel para ser segundo, enquanto Max Verstappen pressionou Kimi Raikkonen até o passar no inicio da volta três. O holandês estava "em fogo" e passou Vettel na volta seguinte, com os seus supermoles, contra os moles dos Ferrari. O alemão ainda perdeu mais uma posição quando travou demasiado tarde na Curva do Sol e foi passado por Raikkonen.
Com o passar das voltas, o holandês da Red Bull começou a atacar Bottas para ver se ficava com o segundo posto, mas apesar de chegar perto, era mais complicado passar os Mercedes que os Ferrari.
Na volta 10, o holandês passou Bottas para ser segundo. Durante esse curto tempo, ele já tornava-se no piloto da tarde. Depois, Raikkonen passou ao ataque para apanhar Bottas, que parecia ter perdido ritmo para o resto do pelotão. em poucas voltas, parecia que um comboio se tinha formado atrás dele, com os Ferrari, o Red Bull de Daniel Ricciardo e mais tarde, o Sauber de Charles Leclerc, todos atrás dele.
Na frente, Verstappen apanhava Hamilton, lentamente, mas seguramente. Contudo, as coisas ficaram algo calmas até à altura da volta 19, qiando os pilotos começaram a trocar de pneus. Nessa volta, Bottas trocou para médios, e a mesma coisa fez Hamilton, também na mesma volta. Mas eles tinham ps pneis mais degradados que os da Red Bull e da Ferrari, e cairam para o meio do pelotão. Hamilton era sexto, Bottas o nono.
Na frente, Verstappen tinha oito segundos de vantagem sobre Raikkonen, e os pneus que tinham calçado desde o inicio aguentavam-se melhor que o esperado... e numa altura em que as nuvens começavam a escurecer. E foi nessa altura, na volta 28, que Vettel meteu pneus médios. Três voltas depois foi a vez de Raikkonen de parar, metendo também médios. E Verstappen ainda se mantinha na pista, com os supersoft que tinha arrancado no inicio da prova.
Com isto, as atenções viravam-se para a luta pelo quinto posto. Bottas aguentava os Ferrari de Vettel e Raikkonen, todos com médios. Vettel deixou-o passar na volta 35, pois o finlandês era mais veloz. A seguir, Verstappen foi às boxes, trocando-os por softs, e tendo Hamilton de novo na frente. Mas os seus pneus eram 19 voltas mais velhos que os do holandês... e a chuva aproximava-se. Lentamente, porque o vento era fraco demais.
Na volta 40, Verstappen atacou Hamilton e passou-o, ficando com a liderança - Ricciardo foi às boxes na mesma altura. O inglês tentou contra-atacar, mas o holandês defendeu-se, e o piloto da Mercedes deixou-o ir embora. Verstappen estava a ir embora, mas na volta 44, Esteban Ocon parecia querer desdobrar-se de Max Verstappen, mas acabaram por se tocar no S de Senna, acabando o holandês a rodar, aparentemente, sem estragos. Mas a liderança caia nas mãos de Hamilton, com o o piloto da Red Bull atrás, a cinco segundos.
Verstappen voltou à pista e tentou recuperar o tempo perdido, mas não se aproximava bastante, provavelmente por causa do chão parcialmente partido. Mas conseguia fazer boas voltas, mesmo com os danos. Atrás, Bottas aguentava os ataques de Ricciardo com dificuldade, enquanto Vettel foi de novo às boxes, colocando supersofts e caindo para sétimo, atrás de Charles Leclerc. Na volta 59, ao mesmo tempo que Vettel passou Leclerc, Ricciardo passou Bottas para ser quarto. Logo a seguir, Bottas voltou às boxes para ser quinto, na frente de Vettel.
A parte final da corrida viu Verstappen a aproximar-se de Hamilton, mas parecia que o inglês tinha tudo controlado para ser o vencedor no Brasil. Mas o quarto classificado estava a meros seis segundos atrás, numa era onde... para chegar é uma coisa, passar é outra. Apesar das facilidades. Contudo, os Red Bull estavam em alta e não iam desistir.
Mas no final, Hamilton venceu e deu o quinto título seguido para a Mercedes. Uma vitória que teria caído melhor para Verstappen, que inconformado, disse "cobras e lagartos" do francês da Force India. E azar dos azares - ou talvez não... - ambos se viram na sala do peso, onde o holandês não deixou levar desaforo para casa e lhe deu uns empurrões, ao melhor estilo Nelson Piquet no GP da Alemanha de 1982...
Em suma, sem chuva, até foi um excelente Grande Prémio. Nem todos acabam assim, mas até se pode dizer que foi uma tarde agradável de se ver, num lugar onde todos gostam de lá estar.
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