sexta-feira, 1 de maio de 2020

A imagem do dia

Coloquei há uns dias um video sobre aquela que é provavelmente a pior corrida da história da Formula 1, o GP dos Estados Unidos de 2005, onde seis carros alinharam numa prova onde os pneus Michelin deram parte de fraco nesse fim de semana e decidiram não largar, perante a surpresa - e depois a indignação - de dezenas de milhares de espectadores que estavam na pista de Indianápolis.

Ora, não sabia que por esta altura, a Racer tinha publicado uma entrevista que tinham feito ao Tiago Monteiro, então piloto da Jordan e ali conseguiu o seu único pódio na Formula 1, o último da história da equipa irlandesa. E ele contou por aqui o que foi essa corrida. O pessoal da Formula 1 PT traduziu-o para português, e eu coloco aqui algumas das partes mais interessantes de uma história que só em junho se comemorará 15 anos desses eventos, mas merece ser antecipado. 

Estávamos com muitas dificuldades ao longo do ano”, recordou Monteiro. “E também tivemos os nossos problemas com os pneus noutras pistas. Tivemos problemas com os Bridgestones em Monza e mal conseguimos terminar a corrida.”

Nós próprios passamos por muitos problemas e tentamos sempre terminar e dar espetáculo. Não podíamos aceitar que o facto de a Michelin ter chegado a Indianápolis com um pneu perigoso fizesse com que a competição parasse. Isso não era aceitável para nós.

Quando fomos para a grelha, e mesmo durante a pré-grelha, tudo parecia normal, por isso ninguém sabia ao certo o que eles iam fazer”, afirmou. “O Colin Kolles [diretor de equipa] estava a dizer-nos que não acreditava que eles fizessem uma corrida normal: poderiam parar mais vezes do que o habitual, passar pela via das boxes, diminuir a velocidade naquela curva… Mas alguma coisa iria acontecer, por isso havia uma real possibilidade de pontos.

Não tínhamos pensado nisso, porque não fazíamos ideia de que eles iriam parar. Eles nunca nos disseram. Houve talvez 30 reuniões naquele fim de semana e surgiram muitas propostas que as equipas da Bridgestone não aceitaram, por isso eles decidiram parar de comunicar connosco.

Quando eles chegaram todos à grelha, tínhamos a certeza de que todos iriam pelo menos começar e depois fazer algo durante a corrida. O Colin disse-nos: ‘Há pontos disponíveis este fim de semana, por isso não estraguem tudo – precisamos dos pontos e do dinheiro’.

É claro que isso trouxe muita pressão. Fizemos a volta de aquecimento com eles, mas assim que os carros começaram a entrar nas boxes, ouvi o meu engenheiro pelo rádio: ‘Este carro está a entrar nas boxes. Este também. Este também. Estão todos a entrar! Mantém-te na tua posição! Não entres nas boxes! Não te movas na grelha!

E foi isso que fizemos. Os Ferraris estavam perto da frente e nós deixamos o espaço e partimos de trás. Até então, não tinha percebido que havia uma possibilidade de pódio.

1 comentário:

Paulo Moreira disse...

Foi a maior vergonha da F1, ainda por cima nos Estados Unidos onde a F1 não é muito bem vista.
Valeu ao menos pelo pódio do Tiago Monteiro, foi nessas condições mas ele aproveitou e fez bem em festejar.

Abraço

https://estrelasf1.blogspot.com/