Há 45 anos, em Barcelona, a Formula 1 escrevia-se em páginas que misturavam a farsa e a infâmia. Com alguma tragédia à mistura. E de como um circuito veloz - logo, perigoso - teve o seu final.
No fim de semana da corrida espanhola, quando Emerson Fittipaldi descobriu que os guard-rails estavam colocados sem que fossem apertados os seus parafusos, questionou-se sobre a segurança do traçado situado no coração da cidade condal. Pilotos e equipas confrontaram os organizadores sobre isso e eles garantiram que tudo estava de acordo com as regras, e que aquilo tinha sido um azar. Eles não ficaram convencidos das explicações e arrastaram os pés, digamos assim, ao ponto de a organização ter ameaçado apreender os carros, caso alguma equipa decidisse ir embora de Barcelona.
Entre persuações e ameaças, a corrida iria prosseguir conforme o combinado. Mas desde a luz verde... tinha tudo para dar errado. Nos primeiros metros, Niki Lauda e Clay Regazzoni decidiram autoeliminar-se, batendo um contra o outro e levando mais alguns com eles. Nas voltas seguintes, quem ficou na frente foi Rolf Stommelen, um bom piloto de Enrurance, mas que nunca foi nada de especial na Formula 1. E ali em Barcelona, ele guiava um Hill, a equipa que Graham Hill decidira montar, como alguns pilotos tinham feito antes, na esteira do sucesso de Jack Brabham e Bruce McLaren.
A partir da volta 25, Stommelen era perseguido pelo Brabham de José Carlos Pace, que queria a liderança. Atrás, Jacky Ickx tinha sido passado pelo McLaren de Jochen Mass, já que o outro piloto, Emerson Fittipaldi, tinha decidido dar uma volta e encostar o carro na boxe, em sinal de proetesto. E a mesma coisa tinha feito o seu irmão Wilson, com o seu Copersucar. Mas na volta 27, a sua asa traseira soltou-se quando o seu apoio de fibra de carbono quebrou-se, e o piloto alemão acabou fora do guard-rail, matando cinco pessoas que não deveriam estar ali. O próprio Stommelen ficou gravemente ferido, com uma perna partida e costelas fraturadas.
A corrida acabou na volta 29, com Jochen Mass como vencedor, mas a ficar com metade dos pontos, incluindo a sexta classificada, o March da piloto italiana Lella Lombardi, que assim está na história da Formula 1 como a única piloto que conseguiu... meio ponto.
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