segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

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Toda a gente sabe que Alain Prost, que nesta segunda-feira completou 70 anos de idade, testou pela Ligier na pré-temporada de 1992, pensando se continuaria ou não. O que pouco sabem, destes testes, é até que ponto ele esteve muito perto de correr pela equipa fundada por Guy Ligier, que nessa temporada iria ter motores Renault.

Falando sobre o assunto, as coisas aconteceram depois da sua saída da Ferrari pela porta muito pequena, no final do GP do Japão de 1991. Apelando o carro de "camião", e com Maranello farto dele e das suas intrigas até à ponta dos seus cabelos, o piloto francês foi sumariamente despedido antes do GP da Austrália e substituído pelo seu piloto de testes - que por acaso, nessa temporada, corria pela Minardi - Gianni Morbidelli.  

Sem vaga para 1992, e com todas as equipas interessantes já com lugares preenchidos, Prost tinha duas ideias na cabeça: um ano sabático ou testar pela Ligier. É que, já nessa altura, ele pensava seriamente na ideia de uma "Ecurie de France", e ter a Ligier seria uma ideia interessante. Mas, então com 36 anos, ele ainda queria correr por mais uma temporadas até pendurar o capacete e ser dono de equipa, ou com o seu nome, ou com outro.

E a 18 de janeiro de 1992, foi para Paul Ricard para correr no JS37. Totalmente secreto - até usou o capacete de Eric Comas! - foi dar umas voltas no carro, que nessa temporada iria ter motores Renault cliente. Gente como Guy Ligier foi para o muro das boxes para tomar tempos e... ele foi bem rápido. Chegou a ser dois segundos mais rápido que Thierry Boutsen, o principal piloto da marca - e existia uma razão: o piloto belga era um dos amigos íntimos de Ayrton Senna, o seu "arqui-inimigo" automobilístico.

No final, Prost gostou de ter andado no carro, e em vez de ser um "one-off", ambos os lados decidiram marcar outro teste, desta vez no Autódromo do Estoril. Ali, com o seu capacete normal, deu mais algumas dezenas de voltas, com Guy Ligier a assistir à sessão. Sem tecer muitos comentários sobre o carro, e sobre a sua continuidade na temporada que aí vinha, a chance de ir para a Ligier poderia ser real. 

Mas existiam problemas. A Ligier já era o que era, e em 1991, com motor Lamborghini, não pontuou. Para além disso, o JS37, carro desenhado por Frank Dernie (ex-Williams e Lotus), com os motores Renault e desenvolvido no túnel de vento da Reynard, tinha problemas, não sendo eficaz nas curvas a baixa velocidade, apesar do motor ser bom o suficiente para dar nas vistas nas pistas mais velozes.

Assim sendo, depois de uma longa reflexão, Prost decidiu que iria tirar um ano sabático. Poucas semanas depois, porém, Frank Williams chamou-o a Didcot, então sede da Williams, para lhe dar um contrato de duas temporadas, e claro, ele tinha muitos poderes. Motores Renault V10 de primeira linha, poder de veto sobre o seu companheiro de equipa - logo, nada de Ayrton Senna, por exemplo - e um bom salário para os próximos tempos.

Ao longo de 1992, passou o tempo a ser comentador dos Grandes Prémios para o canal francês TF1, já com o seu futuro bem resolvido. Quanto à Ligier, com o seu JS37, com uma dupla constituída por Thierry Boutsen e Eric Comas, a mesma de 1991, acabou com apenas seis pontos e o sétimo lugar no campeonato de Construtores, com os mesmos pontos que a Arrows. Anos depois, em 1996, Alain Prost comprou a Ligier e deu o seu nome, ficando à frente dos seus destinos até ao final de 2001.      

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