Dois dos seus vice-presidentes, David Richards e Richard Reid, não foram admitidos na reunião presidida pelo presidente da FIA, para choque da imprensa britânica. A razão para isto pode estar relacionada à recusa de Reid e Richards, bem como de outros membros, em assinar acordos de confidencialidade como parte de um protocolo mais rigoroso nas reuniões da FIA.
O que não é muito sabido é que, desde a sua eleição, há relações tensas entre Ben Sulayem e a imprensa britânica, que em muitos aspetos, é das mais poderosas do meio. Ele avisou que a forma como ele dirige a FIA "não é da conta deles", e para piorar as coisas, Ben Sulayem está a preparar o levantamento de sanções desportivas contra a Rússia, impostas após a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022. Por causa disso, os pilotos russos ou correm sem licença ou por outros países, como por exemplo Nikolay Gryazin, que corre no WRC sob licença búlgara.
Em declarações prestadas à BBC no final do ano pasado, David Richards, que também é presidente da Motorsport UK, afirmou que estava "preocupado que grandes organizações mundiais se recusassem a trabalhar com a FIA se esta não reflectisse os mais altos padrões de governança corporativa, como convém ao desporto".
E por causa disso, todos no meio andam fartos de Ben Sulayem. E há eleições no final do ano, onde ele irá para a reeleição, mas poderá ter... oposição. E uma das possibilidades é Susie Wolff.
Mais que a mulher de Toto Wolff, ela foi piloto - nome de solteira: Susie Sttodart - e no final do ano passado, Ben Sulayem decidiu lançar uma investigação contra os Wolff por alegado conflito de interesses. Afinal de contas, ela é agora a diretora de uma equipa da Formula E, mas também a diretora da F1 Academy, uma competição exclusivamente feminina associada à Formula 1. Com o pelotão a reagir fortemente contra esta investigação, por achar ser "misógina", ela caiu pouco tempo depois. Mas muitos consideraram como um aviso.
E agora, a revista italiana Autosprint revelou a razão: para não tentar ir contra Ben Sulayem na corrida à reeleição.
“Por mais questionáveis que sejam as ações de Ben Sulayem, cada movimento que fez até agora teve um propósito”, afirmou o jornalista Stefano Tamburini, na mais recente edição da revista italiana. “Mesmo aqueles que pareceram completamente ilógicos, como a abertura e o encerramento rápido de uma investigação por conflito de interesses contra Susie Stoddart, líder da F1 Academy, e o seu marido Toto Wolff, chefe de equipa da Mercedes. Na realidade, foi uma forma de mostrar que ele estava ciente da possível candidatura de Susie às eleições presidenciais”, concluiu.
De acordo com os estatutos da FIA, Ben Sulayem pode candidatar-se à reeleição por mais dois mandatos de quatro anos, ou seja até 2033. E apesar de Stoddart ser um bom nome para as associações da Europa Ocidental, e quem sabe, nas Américas, Ben Sulayem goza neste momento de bastante popularidade na Ásia, América do Sul, África e Médio Oriente.
Contudo, se daqui até ao final do ano, as relações se deteriorarem, as coisas se manterão da mesma maneira?
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