sábado, 26 de abril de 2025

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Há 50 anos, a Formula 1 chegava a paragens europeias, e o normal era começar em Espanha. Mas aquele final de semana foi tudo menos... normal. Onde os paus que nascem tortos, tarde ou nunca se endireitaram.

Em meados dos anos 70, sempre que a competição começava na Argentina e Brasil, e depois efetuava uma paragem na África do Sul, a Espanha era o país que recebia a Formula 1 quando chegavam ao continente europeu. E da mesma maneira como era feito o Reino Unido e em França, e algumas ocasiões, na Bélgica, alternavam a pista. Em anos pares, a corrida acontecia em Jarama, nos arredores de Madrid, e nos ímpares, era em Barcelona, numa pista urbana à volta do Parque de Montjuich. Se na pista permanente, em Madrid, as coisas eram algo sinuosas, em Montjuich, era bem mais rápido, logo, mais perigoso. Aliás, em 1969, já tinha havido um acidente sério com os Lotus de Graham Hill e Jochen Rindt, com o austríaco a acabar com um nariz partido. 

Os eventos de 1975 foram descobertos por acaso, e um dos pilotos mais ativos na denuncia da situação foi Emerson Fittipaldi. Tinha sido ele que descobriu, na quinta-feira antes da corrida, quando andava na pista, da má colocação dos guard-rails. Preocupado, falou com alguns dos seus colegas, que por esta altura já se reuniam na GPDA, a Grand Prix Drivers Association. Falando entre eles no recinto do Estádio de Montjuich, que dali a uns anos, em 1992, iria ser o palco dos Jogos Olímpicos, tomaram uma decisão, que foi comunicada por Graham Hill: não iriam participar na qualificação.

Isso causou pânico entre a organização, que ameaçou apreender os carros, caso não fizessem isso. Houve tensão entre ambas as partes, até que Jacky Ickx, que não era membro da GPDA, decidir sair da pista para marcar as suas voltas. Pouco depois, mais alguns pilotos fizeram o mesmo, e os funcionários decidiram percorrer o circuito para reparar os estragos existentes. Em algumas ocasiões, alguns mecânicos foram até acompanhá-los nessa tarefa. As coisas estavam complicadas, e para piorar as coisas, Emerson, independentemente de como esta situação iria acabar, tinha tomado uma decisão: não iria correr. Deu três voltas em ritmo lento, marcou o pior tempo, e quando encostou o carro às boxes, arrumou as suas coisas e foi embora, rumando para Genebra, onde ele vivia então. 

Curiosamente, o seu gesto foi acompanhado por mais alguns pilotos: o seu irmão, Wilson, e Arturo Merzario. E enquanto isso acontecia, acontecia um contra-relógio para que a corrida acontecesse, com gente como Ken Tyrrell a andar ao longo da pista com uma chave de fendas na mão para apertar algum parafuso solto. Isto era a qualquer preço, e as consequências viriam a seguir.   

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