segunda-feira, 21 de abril de 2025

A imagem do dia


Há 40 anos, naquela tarde chuvosa do Autódromo do Estoril, vimos Ayrton Senna fazer a condução da sua vida - ou uma das conduções da sua vida. Mas, como no Mónaco, quase um ano antes, houve outro piloto que andou nas sombras, a mostrar as suas performances, e num carro inferior. Esse piloto foi o alemão Stefan Bellof

Contudo, isso esteve muito perto de não acontecer. A razão tinha a ver com problemas com os contratos que tinha, quer na Formula 1, quer na Endurance. E as coisas foram ao ponto de Tyrrell ir procurar outro piloto, antes de se decidir por uma solução anterior. 

Tudo começou no final da temporada anterior. Desde a sua chegada à Formula 1 que Bellof tinha um contrato quer na Formula 1, quer na Endurance, este, que vinha de antes de 1984, quando foi correr com a Tyrrell. Na Endurance, era piloto oficial da Porsche, correndo no 956, ao lado de gente como Jochen Mass, Derek Bell e Jacky Ickx, entre outros. Isso deu-lhe jeito quando Tyrrell foi excluída da Formula 1, descoberta a falcatrua dos depósitos de água para arrefecer os travões, que não era um truque para tentar competir com os Turbo, eles quer tinham um Cosworth atmosférico de 8 cilindros.

Quando a equipa foi excluída, foi para a equipa oficial da Porsche, onde ganhou quatro corridas, acabando por ser campeão do mundo da modalidade. Mas no final do ano, ele saiu da equipa para correr para a Brun Racing, ao lado do belga Thierry Boutsen, que também era piloto de Formula 1, pela Arrows. Contudo, Tyrrell estava menos que contente com a situação de Bellof e Brun, e decidiu despedi-lo, colocando no seu lugar o sueco Stefan Johansson, que tinha ido para lá depois de ficar sem lugar na Toleman. 

Contudo, poucos dias depois dessa corrida, René Arnoux sai da Ferrari e Johansson torna-se o seu substituto. E para o lugar, Tyrrell decide falar com a Elf, sua patrocinadora de longos anos, para saber da disponibilidade de Philippe Streiff, que tinha corrido na última corrida de 1984 no terceiro carro da Renault. Contudo, as coisas resolveram-se no sentido de ter o alemão no carro. 

Na qualificação, Bellof conseguiu ficar na 21ª posição da grelha, na frente de Martin Brundle, seu companheiros de equipa, e sendo o melhor dos atmosféricos, mas a 6,277 segundos da pole de Senna. Mas foi na corrida que ele deu nas vistas. Com danos da asa dianteira no inicio da corrida, causada pelo contacto com o RAM de Manfred Winkelhock, Bellof aproveitou bem a sua capacidade de andar na chuva para conseguir uma corrida sem erros de maior, e no final, conseguiu um sexto lugar, a duas voltas do vencedor, alcançando o seu primeiro ponto da sua carreira. 

Mais uma vez, ele tinha mostrado as suas capacidades perante um carro inferior, e também mostrava ter o potencial de campeão. Só queriam que lhe dessem um motor Turbo, e tudo correria bem.  

Sem comentários: