segunda-feira, 3 de setembro de 2007

O piloto do dia - Jochen Rindt (1ª parte)

Este homem é especial. Nasceu num país, mas correu por outro. Foi um piloto muito rápido, com um estilo por vezes brutal. Talvez seja por isso que ganhou somente na sua sexta época. Nunca gostou muito de Colin Chapman, e quando ia ser campeão do mundo e gozar a reforma, um acidente fatal corta-lhe os sonhos, tornando-se até hoje (e esperemos que continue assim) no único Campeão do Mundo a título póstumo. O piloto do dia é Jochen Rindt.


Karl Jochen Rindt nasceu a 14 de Abril de 1942 na cidade alemã de Mainz. Os seus pais morreram em Julho de 1943, duas das mais de 50 mil vítimas do bombardeamento aliado à cidade de Hamburgo, que durante mais de uma semana dizimou dia e noite a segunda maior cidade alemã. Foi então criado pelos seus avós maternos, que viviam na cidade austríaca de Graz. O avô tinha um negócio de importação de especiarias, e esperava que o seu neto herdasse o negócio.


No início da década de 60, após a morte dos seus avós, vendeu o negócio e começou a correr em carros de Turismo, e em 1963 comprou um Cooper de Formula Júnior, no qual conseguiu excelentes resultados. No ano seguinte, passou para a Formula 2, apoiado pela Ford Áustria, onde conseguiu alguns resultados de relevo: um segundo lugar em Mallory Park e uma vitória em Crystal Palace. Nesse ano faz a sua estreia na Formula 1 no seu Grande Prémio natal, num Brabham da equipa de Rob Walker. Apesar de não ter terminado a corrida, foi convidado para correr na equipa oficial da Cooper por Bruce McLaren.


Em 1965, com um Cooper T77, Rindt tem uma temporada de aprendizagem, com resultados modestos. O seu melhor resultado é um quarto lugar na Alemanha, terminando a temporada com quatro pontos, no 13º lugar da classificação. Entretanto, também corre em Sport – Protótipos, e foi aí que consegue o seu melhor resultado: a vitória nas 24 Horas de Le Mans, ao volante de um Ferrari 250LM da equipa NART, de Luigi Chinetti (1901-1994) em companhia do americano Masten Gregory.


No ano seguinte, ainda na Cooper, Rindt consegue melhores resultados, mas não ganha. É segundo em Spa-Francochamps e em Watkins Glen e terceiro no temido Nurburgring, acabando a temporada na terceira posição do campeonato, com 24 pontos, dos quais apenas 22 irão contar. É o resultado do talento do piloto, mais do que a performance do carro… Continuou a correr na Cooper em 1967, mas a temporada foi pior. O melhor que conseguiu foram dois quartos lugares, e esses seis pontos deram-lhe o 13º lugar. Entretanto, resolveu fazer uma incursão nas 500 Milhas de Indianápolis, onde terminou a corrida na volta 108, com uma válvula quebrada.


Nesse ano ocorre uma importante decisão na sua vida pessoal: casa-se com Nina Lincoln, filha do piloto finlandês Curt Lincoln, um dos maiores pilotos finlandeses de sempre em pista, antes dos Rosbergs, Hakkinens, e Raikonnens…


Em 1968 passa para a Brabham, em substituição de Denny Hulme, que tinha ido para a McLaren. Rindt debata-se com um mau carro, que não lhe dá mais do que dois terceiros lugares em Kyalami e Nurburgring. Com esses oito pontos, e mais duas pole-positions em Reims e Mosport, fica com o 12º lugar. Entretanto, tenta de novo as 500 Milhas de Indianápolis, mas desiste logo de início. Por esta altura, muitos questionavam se Rindt alguma vez iria ganhar alguma corrida. O inglês Dennis Jenkinson, um dos mais famosos jornalistas de automobilismo de sempre, afirmou que cortaria a barba caso Rindt ganhasse alguma vez uma corrida de Formula 1.


Em 1969, transfere-se para a Lotus, que têm a melhor máquina do momento, com o seu modelo 49. Rindt tinha sido contratado para substituir Jim Clark, morto no ano anterior, e para ser o número dois de Graham Hill e eventual sucessor, já que ele tinha já 39 anos de idade. Tudo corria bem no circuito citadino de Montjuich, quando os aerofólios dos dois Lotus 49 partiram-se no mesmo local. Hill nada sofreu, enquanto que Rindt partiu o nariz e o maxilar. Foi aí que começou a sua luta contra as alterações aerodinâmicas. Primeiro, escreveu uma carta aberta apelando ao fim do seu uso, afirmando que "eram perigosos, para os pilotos como para os espectadores".




Mas ao longo da época, Rindt mostrou que tinha carro para vencer. Quase acontece em Monza, onde Jackie Stewart leva a melhor por... 0,3 segundos! Mas na corrida seguinte, no circuito de Watkins Glen, outro duelo épico com o novo campeão do mundo, Stewart, acaba com a sua primeira vitória da sua carreira. Contudo, apesar da rivalidade, ambos eram grandes amigos, e com o dinheiro do prémio, Rindt comprou uma casa na Suiça, muito próximo da casa de... Stewart. E lá Dennis Jenkinson cumpriu a sua promessa de tirar a barba…


Mas essa corrida foi dramática para a Lotus, pois viu o seu outro piloto, Graham Hill, partir as pernas num horrível acidente, o que fez aumentar os receios de Rindt em relação à segurança dos carros que conduzia… No final da época, Rindt, para além da vitória em Watkins Glen, tinha conseguido mais quatro pole-positions, duas voltas mais rápidas e três pódios, classificando-se no quarto lugar, com 22 pontos. E em 1970, Rindt tinha a certeza que seria primeiro piloto da Lotus!

1 comentário:

José António disse...

Boa tarde, Speeder_76.
Belo texto sobre um grande piloto.

Também tinha um texto preparado sobre o aniversário da morte de Jochen Rindt a 5 de Setembro de 1970.

Cumprimentos
José