sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Bolides Memoráveis - Brabham BT44 (1974-76)


No dia de hoje, falo de um carro que marcou os anos 70 e foi mais uma das criações geniais de Gordon Murray, que deu à equipa cinco vitórias, uma delas memorável, no Brasil, pois foi aí que se sucedeu a unica vitória de José Carlos Pace, o "Môco" e que por causa disso, o circuito de Interlagos tem agora o seu nome. Hoje falo do Brabham BT 44.

Depois da retirada de Jack Brabham, em 1970, a equipa passaou para as mãos do seu engenheiro-chefe, Ron Tauranac. Mas no final de 1971, e apesar de terem nas suas fileiras o inglês Graham Hill, a equipa não conseguia vitórias. Sendo assim, no final do ano, Tauranac vendeu a equipa a um empresário inglês de 41 anos, ex-manager de Jochen Rindt. O seu nome era Bernie Ecclestone.

Em 1972 e 1973, a Brabham ficava regularmente no meio do pelotão, mas nunca alcançava as vitórias. Aliás, no inicio de 1974, a Brabham não ganhava oficialmente desde o GP da Africa do Sul de 1970, quando o "Black Jack" dominou a corrida, tinha ele na altura 44 anos...


Entretanto, a Brabham tinha contratado em 1971 um jovem engenheiro sul-africano que depois da Universidade, tinha procurado emprego na Lotus Cars, mas não aceitaram. Chamava-se Gordon Murray. Sendo assim, foi para a Brabham, após a entrada de Bernie Ecclestone, onde pensva ficar dois anos, mas afinal ficou durante 17!

Em 1972, desenha o Brabham BT42, que teve bons resultados, mas não ganhou corridas. O BT44 foi uma evolução desse modelo, mas para melhor. A frente, em forma de cunha, fazia lembrar o BT34 de 1971, conhecido por "pata de lagosta" devido à sua frente. Contudo, Murray fez com que fosse eficaz e estéticamente, tornou-se um dos carros mais belos do seu tempo. Em termos de motorização, para além do habitual motor Cosworth, o carro tinha também caixa de velocidades Hewland. Em suma: quanto mais simples mecanicamente, melhor.


O carro estreou-se no GP da Argentina de 1974, com Carlos Reutmann e o australiano Richard Robarts ao volante. Reutmann quase vence essa corrida, mas o carro fica sem combustível na última volta, e isso atirou-o para o sétimo lugar. Contudo, duas corridas depois, na Africa do Sul, Reutmann vence categoricamente essa corrida, demonstrando o potêncial vencedor do carro. Entretanto, Ecclestone substitui Robarts por Rikky Von Opel, do Lichtenstein, mas os resultados são piores. A meio da época, vai buscar um piloto que tinha saído em litígio pouco tempo antes com a Surtees: José Carlos Pace.

O brasileiro dá-se bem com a equipa e com Bernie Ecclestone, e na corrida final, em Watkins Glen, ele acompanha Reutmann na primeira dobradinha de sempre da marca, numa corrida onde o seu compatriota Emerson Fittipaldi se tornou bi-campeão do mundo. Era a terceira vitória do ano para Reutmann, depois de ter ganho em Zeltweg.


Para 1975, Gordon Murray faz uma "versão B" do BT44, tentando melhorar as suas capacidades, e isso acontece no inicio do ano, quando têm excelentes performances nas três primeiras corridas do ano: em Buenos Aires, Reutmann acaba em terceiro, e em Interlagos, Pace leva os seus compatriotas em delírio, quando ganha a corrida caseira, com Fittipaldi em segundo, na primeira "dobradinha" brasileira de sempre. Na Africa do Sul, Pace faz a "pole-position" e a volta mais rápida, acabando no quarto lugar, enquanto que Reutmann é segundo, atrás do vencedor, Jody Scheckter.


Contudo, essa grande entrada inicial não tem grandes consequências quando a Formula 1 chega à Europa, pois eles são batidos pelos Ferrari de Niki Lauda e Clay Regazzoni. Para além disso, Gordon Murray não consegue mais dar tanta atenção ao carro, porque o seu patrão tinha acabado de alcançar um acordo de fornecimento de motores com a Alfa Romeo, e Murray começou logo a desenhar o Brabham BT45, para os albergar. Mal ele sabia que isso era o começo de três anos de pesadelo para ele e para a equipa...

Contudo, essa falta de desenvolvimento desejavel não impediu que Pace e Reutmann conseguissem boas posições, e mesmo a vitória, Foi o que aconteceu ao piloto argentino, quando alcançou o primeiro lugar no "Inferno Verde", o circuito de Nurburgring, na Alemanha. No final do ano, a equipa alcança o segundo lugar no campeonato de Construtores, a sua melhor classificação desde 1967.


Apesar de ter sido substituido no inicio de 1976 pelo BT45 com motor Alfa Romeo, o carro ganhou mais algum tempo de vida graças a John McDonald e a sua equipa RAM. Durante todo o ano de 1976, uma variedade de pilotos tripulou o BT44B, mas sempre sem resultados.



Carro: Brabham BT44
Projectista: Gordon Murray
Motor: Costorth V8 de 3 Litros
Pilotos: Carlos Reutmann, Richard Robarts, Rikky Von Opel, José Carlos Pace, John Watson, Emilio de Villiota, Lella Lombardi, Jac Nellman, Bob Evans, Patrick Neve, Damien McGee.
Corridas: 45
Vitórias: 5 (Reutmann 4, Pace 1)
Pole-Positions: 2 (Reutmann 1, Pace 1)
Voltas Mais Rápidas: 4 (Pace 3, Reutmann 1)
Pontos: 106 (Reutmann 69, Pace 32, Watson 5)

2 comentários:

Anónimo disse...

Como você sabe, sou grande (e invejoso) fã de suas matérias e mais uma vez você surpreende com uma seleção de fotos sensacionais!!!

Coloco aqui enésimo parabéns, mesmo sendo repetitivo.

Anónimo disse...

Speeder,

Gordon Murray foi muito importante para os títulos de Piquet, por ser o projetista dos Brabham em que ele venceu dois títulos.

Mas a imagem de Gordon Murray que ficará para sempre em minha mente é a de ser o projetista do MP4/4.

Um abraço.