terça-feira, 15 de novembro de 2011

Mouton no Brasil ou a possibilidade do regresso ao WRC

Leio via Flávio Gomes que Michele Mouton estará amanhã em São Paulo para saber da possiblidade do Brasil acolher uma etapa do Mundial WRC a partir de 2013, trinta anos depois da última vez que este no calendário. Segundo o site brasileiro Grande Prémio, a ideia era de fazer um rali entre Rio de Janeiro e São Paulo, com uma passsagem por Campos do Jordão, o sitio onde o rali teve a sua base nas edições de 1981 e 82.

Mouton, ex-piloto de ralis e atual diretora da FIA para o WRC, está desde há algum tempo tentando modificar a estrutura dos ralis, no sentido de regressar a um passado em que este tipo de provas era mais de resistência do que as atuais provas de velocidade, concentradas numa área pequena, oncluidas no tempo de Max Mosley. E está a haver alguns resultados: em 2012, o Rally de Monte Carlo irá regressar ao calendário, após alguns anos de ausência.

Contudo, apesar do crescente interesse dos pilotos brasileiros no WRC - primeiro com Daniel Oliveira e depois com Paulo Nobre - vai ser complicado encaixar o Rali do Brasil no WRC. Para além do país não ter tradição neste desporto, e as edições terem sido um fracasso devido a questões politicas entre o então presidente da confederação de São Paulo e o seu organizador, Francisco Santos - sim, o homem que fazia os anuários de Formula 1. O que se garante que as coisas se modificaram em trinta anos?

Outra coisa que se tem a ver em conta: o Mundial tem treze provas, e candidatos não faltam, numa competição eurocêntrica. Monte Carlo, Suécia, Portugal, Catalunha, Alsácia, Sardenha, Alemanha, Finlândia, Acrópole e Gales são dez dos treze ralis que compõem o calendário de 2012, mais de três quartos do mundial. Os restantes são Nova Zelândia, Argentina e México. A entrada do Brasil seria muito provavelmente num contexto de rotação, algo que Austrália e Nova Zelândia fazem, e não sei se seria algo rentável ter Sebastien Löeb, Mikko Hirvonen, Sebastien Ogier, Jari-Matti Latvala ou Dani Sordo uma vez a cada dois anos. Para não falar das "aves raras" Ken Block e Kimi Raikkonen - caso eentretanto não volte às formulas.

Em suma: espera-se que a visita valha a pena. Mas "enfiar" o Brasil no WRC tem os seus riscos. E os eventos do passado não ajudam.

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