domingo, 20 de maio de 2012

GP Memória - Holanda 1962

Depois de mais de cinco meses de ausência, e várias corridas extra-campeonato um pouco por toda a Europa, o Mundial de Formula 1 de 1962 arrancava de um novo lugar, o circuito holandês de Zandvoort. Esse tempo foi mais do que suficiente para que existisse algumas fortes mudanças no pelotão de pilotos, e que o panorama da categoria máxima do automobilismo, que no ano anterior tinha sido dominado pela Ferrari, se transformasse completamente.

Na Scuderia, que comemorara o título mundial com Phil Hill e sofrera com a morte de Wolfgang Von Trips, iria alinhar na pista holandesa com Hill, o italiano Giancarlo Baghetti e um jovem mexicano, de seu nome Ricardo Rodriguez. Apesar de ter apenas vinte anos, Enzo Ferrari tinha visto o talento do piloto e esperava que ele fosse um futuro campeão do mundo, a par do seu irmão mais velho, Pedro Rodriguez.

Na BRM, havia um ar de ultimato: ou se fazia um bom chassis ou a Owen Organization iria retirar o seu apoio. Com Tony Brooks a decidir abandonar a competição no final da temporada anterior, Graham Hill foi elevado à categoria de primeiro piloto. O americano Richie Ginther, vindo da Ferrari, iria acompanhá-lo. O novo chassis tinha mostrado sinais encorajadores e a confiança estava em alta.

A Lotus tinha decidido fazer um chassis totalmente novo nessa temporada de 1962, o modelo 25, e estrear um conceito revolucionário para a época: um chassis monocoque. Em vez dos chassis tubulares, que normalmente eram usados nos carros, com uma fibra de vidro por cima, Colin Chapman decidiu usar um chassis totalmente rígido, em aluminio, para adicionar leveza e rigidez aos carros. Os britânicos Jim Clark e Trevor Taylor iriam ser os pilotos da equipa. 

Havia outros chassis da marca prontos, mas eram os modelos 24, semelhantes ao 25, mas com a diferença de serem chassis tubulares. Innes Ireland e Masten Gregory, pela UDT Laystall Team, e Maurice Trintignant, pela Rob Walker Racing, iriam correr com o chassis 24, mas a inscrição deste último tinha sido retirada, depois do acidente de Stirling Moss, em Goodwood, algumas semanas antes.

Moss iria participar nesta corrida, pela Rob Walker, mas um acidente na Glover Trophy, em Goodwood o tinha deixado gravemente ferido. Apesar de ter recuperado dos seus ferimentos, decidiu que era altura de abandonar a competição de vez.

A Cooper tinha também dois chassis prontos para Zandvoort, para o neozelandes Bruce McLaren e o sul-africano Anthony "Tony" Maggs, que substituira o australiano Jack Brabham, que decidira sair da Cooper para construir a sua própria equipa, a Motor Racing Developments, com o seu compatriota Ron Tauranac. O novo chassis, o Brabham BT3, ainda estava a ser construido, e o australiano corria aqui com um Lotus 24. Ainda havia mais um chassis Cooper, inscrito pela Ecurie Galloise, guiado por Jackie Lewis.

Na Porsche, dois carros oficiais iriam ser inscritos na prova holandesa, com os pilotos que tinham transitado do ano anterior: o americano Dan Gurney e o sueco Jo Bonnier. Havia também mais dois carros da marca alemã, mas estavam pintados de cor de laranja, inscritos pela holandesa Ecurie Maasbergen. Carel Godin de Beaufort era o piloto principal, e diretor de equipa, enquanto que um segundo carro, originalmente inscrito para Rob Slotemaker, acabou por não estar pronto a tempo de correr. no seu lugar veio outro holandês, Ben Pon Jr., cujo pai, importador da Volkswagen na Holanda, tinha idealizado doze anos antes o "Kombi".

Em Zandvoort estrear-se iam dois chassis novos: a britânica Lola teria como pilotos John Surtees e o veterano Roy Salvadori, ambos inscritos pela Bowmaker-Yeoman, e a Emmeryson, que teria como piloto o alemão Wolfgang Seidel.

Após duas sessões de treinos, todos ficaram surpreendidos com a performance de John Surtees, que tinha colocado o Bowmaker-Lola na pole-position, seguido pelo BRM de Graham Hill. Jim Clark completava a primeira fila, com o seu Lotus. Jack Brabham era o quarto, no seu Lotus privado, seguido pelo Cooper de Bruce McLaren. Na terceira fila estavam o Lotus de Innes Ireland, o segundo BRM de Richie Ginther e o Porsche de Dan Gurney. A fechar o "top ten" estavam o Ferrari de Phil Hill e o segundo Lotus oficial de Trevor Taylor.

A corrida começou com Clark e Hill a serem mais velozes do que Surtees. Pouco depois, Gurney ficou com o terceiro posto, enquanto que Jack Brabham desistia na segunda volta, vítima de acidente quando tentava evitar o Ferrari de Rodrugiez, que tinha feito um pião. Pouco depois, o mesmo acontecia a Surtees, quando a suspensão do seu Lola sofreu uma quebra, causando um despiste.

O piloto da Lotus manteve-se na frente até que experienciou problemas com a sua embreagem, fazendo com que Hill o ultrapassasse e ficasse com a liderança. Gurney então atacou o segundo lugar de Clark, mas pouco depois sofreu problemas com uma das marchas da sua caixa de velocidades. Assim sendo, Gurney atrasa-se e é passado por Bruce McLaren, no seu Cooper. McLaren passa depois Clark e aproxima-se de Hill, mas na 21, tem problemas na sua caixa de velocidades e acaba por abandonar.

Hill fica sozinho na frente, sem ser incomodado pela concorrência. Phil Hill ficou com o segundo posto, mas depois começou a sentir a aproximação do Lotus de Trevor Taylor, que próximo do final da corrida, consegue ficar com o segundo posto. E é essa a ordem quando se mostra a bandeira de xadrez, com Hill a conseguir a sua primeira vitória na Formula 1, ele que só tinha conseguido um pódio antes disso. Taylor era segundo, estreando-se também num pódio, enquanto que Phil Hill fica com o terceiro lugar. O outro Ferrari de giancarlo Baghetti fica com o quarto lugar, seguido pelo Cooper de Tony Maggs, que conseguia aqui os seus primeiros pontos, e o local Carel Godin de Beaufort, no seu porsche privado.

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