sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Os tempos que vivemos: sobre a abundância do petróleo e as novas energias (ultima parte)

(continuação do capitulo anterior)

Quando em outubro de 1973 os países árabes decidiram boicotar as nações ocidentais pelo apoio dado a Israel na Guerra do Yom Kippur, o mundo viveu um verdadeiro choque, quando viu que estava demasiado dependente do petróleo e de países que o tinham em abundância, mas que poderiam estar do lado errado da trincheira. Passaram-se 42 anos e agora, há uma nova preocupação: as alterações climáticas, que num extremo, poderão fazer aumentar a temperatura média do planeta Terra em seis graus no ano de 2100. Os factos fizeram que o petróleo - bem como o carvão - é prejudicial ao desenvolvimento económico e à saúde das pessoas.

É certo que a economia faz mover as coisas, mas pela primeira vez em muito tempo, o futuro pode estar mais perto do que julgamos. Quem viveu a infância nesses tempos difíceis dos choques petroliferos de 1973-74 ou de 1979-80, falava-se desde então nas alternativas aos combustíveis fósseis, como a solar, a eléctrica, a geotérmica, etc. Mas agora, pela primeira vez em quase 45 anos, tudo que nos falavam que poderia acontecer "num futuro distante", poderá ser realidade. E tudo graças a vários factores: a vontade dos governos, o dinheiro investido em pesquisa e desenvolvimento nos últimos 15 anos e uma nova mentalidade, resultado do problema das alterações climáticas. É que, como disse antes, os últimos anos deram-nos tempo para criar uma industria baseada nas energias limpas, quer os cepticos queiram, quer não.

E se a politica é um pouco lenta e chata nesse campo - vide as complicações do Protocolo de Quito, por exemplo - a industria não espera pela politica e as suas burocracias e já fez a sua parte, com resultados que conhecemos. Mais do que vermos eólicas na nossa paisagem, há nações que vivem em muitos dias do ano apenas com energias "limpas". Em 2015, a Costa Rica bateu o recorde de nação com mais dias sem usar a energia fóssil, com 77 dias. Certo que é um país muito pequeno e abundante em energia hidroelétrica, mas é um começo bem interessante.

E a industria automóvel ocupa um lugar considerável na nossa sociedade. Se por algum milagre eliminarmos a poluição dos automóveis, isso significaria um corte de 35 por cento na poluição que iria para a atmosfera, o que seria significativo. Mas essa diminuição é geral, não é só nesse campo. E o potencial para mais é enorme. Daqui a dez anos poderemos falar de centrais de energia solar mais eficientes, carros elétricos com baterias que tenham um alcance de 800 ou mil quilómetros, ou casas eficientes, fornecendo energia para a rede elétrica. Para não falar de coisas mais utópicas, como centrais a fusão...

Contudo, tudo isto não passa de uma reflexão pouco conclusiva. Só podemos dizer que há uma tendência diferente daquela que vivemos desde o inicio do século, e que o mundo que tínhamos como garantido está a sofrer uma mudança. Não só o resultado do esforço de milhares de pessoas ao longo deste tempo todo, como também das situações politicas que se passam agora.

Os chineses tem um provérbio que vale a pena ouvir: "Desejo que vivas tempos interessantes". Muitas das vezes, eles aparecem sem aviso, ou com um aviso de poucas horas. Resta observar e desejar que não sejam agitados.

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