terça-feira, 20 de maio de 2025

WRC: Pilotos criticam dureza das etapas


Os pilotos saem de Portugal felizes por correrem ali, mas exaustos de forma física e mentalmente. Essas criticas acontecem depois de terem enfrentado duma sexta-feira com mais de 14 horas ao volante, com muito pouco tempo para descanso entre ligações. Eles afirmam que isso compromete o desempenho, a segurança e o bem-estar de todos os envolvidos e foram falar à FIA sobre isso. E depois de uma reunião entre eles, acordaram que a partir de 2026, o calendário tem de ser mais equilibrado e sustentável, não só para eles, como também para os mecânicos e demais elementos da logistica. 

No comunicado divulgado em conjunto pela FIA e pelo promotor do WRC, afirmaram:

O itinerário do Vodafone Rally de Portugal 2025 foi concebido para criar um desafio único dentro da época do WRC de 2025 – e com certeza que o conseguiu. Mas também acreditamos que é provável que tenha atingido alguns limites para a duração de dias consecutivos que podem ser sustentados." começa por declarar o comunicado.

É por esta razão que a FIA e a WRC Promoter elaboraram algumas diretrizes para os limites de horas de trabalho para as pessoas que trabalham nas equipas e na organização do evento. Estas orientações estão a ser analisadas por todos os grupos de partes interessadas e esperamos chegar a um quadro regulamentar que tenha em conta todos os requisitos nos próximos meses”, continua. 


A razão das queixas especificas deste rali, tiveram a ver com a primeira etapa. Desde 2019, ela acontece no centro, com duas passagens duplas por Lousã, Góis e Arganil. Em 2021, meteram Mortágua, que saiu no ano seguinte, mas em 2024, passou a haver uma passagem dupla por essa especial. E no final do dia, meteram duas ligações, Águeda/Sever e Sever/Albergaria. Ou seja, de repente, mais quatro etapas que em 2024. 

E a razão? Dinheiro! E eles reconhecem isso:

O itinerário incluiu dois novos troços este ano, o que fez com que a sexta-feira fosse um dia mais longo do que o habitual para todos”, disse o delegado desportivo da FIA, Timo Rautiainen, no documento de revisão do rali da FIA. “Mas é algo que tem de ser feito em Portugal, porque há uma dependência de incluir o maior número possível de municípios no percurso para apoiar o rali e torná-lo realidade. Uma sexta-feira gigantesca foi uma abertura forte para o rali e mantivemos todas as equipas P1 em prova, exceto uma [Adrien Formaux, NDR]. A equipa que se retirou deveu-se a um infeliz problema mecânico que pode ocorrer em qualquer rali.", continuou.

"Também esperamos que os organizadores do evento renovem os seus percursos e, embora não seja uma regra, é sempre bom que pelo menos 20 por cento do percurso seja renovado anualmente. É claro que não queremos incluir um dia tão longo como sexta-feira em todas as rondas do campeonato, mas um dia como este em Portugal pode funcionar.”, concluiu.


Claro que esta tentativa de "apertar a galinha dos ovos de ouro" teria de rebentar de algum lado. E foi no caso dos pilotos, que se queixam da exaustão das etapas e das ligações... desde 2023. Os alertas foram sempre ignorados, mas agora, não podem mais tapar os ouvidos com algodão. Agora é hora de os ouvir, porque estão organizados, graças à WoRDA. E o WRC, bem como o promotor, já disseram que terá de haver equilíbrios entre  espetáculo, segurança e condições de trabalho. 

Afinal de contas, são humanos, não máquinas.   

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