terça-feira, 24 de abril de 2007

O piloto do dia: Michele Alboreto

Já passaram seis anos, que se farão amanhã. Quem iria pensar que um banal teste de pneus, numa oval do Leste da Alemanha, terminaria com a vida de uma dos melhores pilotos dos anos 80? Pois foi assim naquele distante dia de 2001. E mal sabíamos que poucos meses mais tarde, outro acidente, no mesmo circuito, quase custaria a vida de outro italiano? Mas esse fica para outro dia... hoje falo de Michele Alboreto.

Nascido em Milão na antevéspera de Natal de 1956 (teria hoje 50 anos), Alboreto estudou design na Universidade local, tendo começado a competir com um carro desenhado por si próprio, na Formula Monza, equipado com um motor Fiat 500 a dois tempos, sem grande sucesso. Em 1978, vai correr na Formula 3, com carros mais potentes, e no final de 1979, fica em terceiro lugar no campeonato italiano. Em 1980, corre no Campeonato Europeu, enquanto se envolve na equipa oficial de Sport-Protótipos da Lancia. Nesse ano, ganha o Campeonato Europeu, enquanto que no ano seguinte, a bordo dos Lancia, e fazendo parelha com Ricardo Patrese, ganha as Seis Horas de Watkins Glen. Enquanto isso, na Formula 2, alcança algo inédito: ganha uma corrida do Europeu, a bordo de… um Minardi!

Mas foi também nesse ano que se estreia na Formula 1. Convidado pela Tyrrell para fazer uns testes, fica na equipa para correr a partir do GP de San Marino, substituindo o argentino Ricardo Zunino, e com o apoio da Cerâmica Imola. Não consegue pontuar nesse ano de aprendizagem, mas isso é o suficiente para ficar na equipa para 1982.

Nesse ano, vai obter grandes resultados. No inicio da época, consegue bons resultados, que culminam no terceiro lugar no famigerado GP de San Marino, onde só correram 14 carros, e onde Os Ferrari de Villeneuve e Pironi batalharam-se numa luta titânica que conduziu à inimizade dos dois e à morte do canadiano, duas semanas depois. Na segunda metade da época termina em alta, quando dá á Tyrrell a sua primeira vitória em quatro anos, ganhando o GP de Las Vegas. No final, Alboreto fica com 25 pontos e o oitavo lugar final, com uma vitória e dois pódios.

Continua na Tyrrell em 1983, onde alcança em Detroit um marco significativo: ao ganhar essa corrida, torna-se no último piloto a ganhar num motor Ford Cosworth DFV, a última das 155 vitórias alcançadas por esse motor, desde o seu inicio, em 1967. Também foi o único pódio de Alboreto nesse ano, tendo conquistado 10 pontos e o 12º lugar da geral.

No final da época, Alboreto concretiza um sonho: tornar-se num piloto da Ferrari. As próximas cinco épocas vão ser as melhores para o piloto que cresceu perto do circuito de Monza, mas também vão ser das mais penosas, devido ao seu estatuto de piloto italiano na melhor equipa italiana. E ainda por cima, era uma equipa no começa de uma travessia no deserto…

Mas vamos por partes. Em 1984, Alboreto ganha a sua única prova do ano, em Zolder, numa prova em que faz a sua primeira pole-position da sua carreira. Para além disso, consegue dois segundos lugares em Monza e Nurburgring, no GP da Europa. No final da época, consegue 30,5 pontos e o quarto lugar final, com quatro pódios e a pole na Bélgica.

Em 1985, Alboreto é o primeiro piloto e é um forte candidato ao título, graças a um F1-85 competitivo. Ganha no Canadá e na Alemanha, é segundo por quatro vezes e terceiro por duas vezes, em Detroit e em Zeltweg. A partir da Holanda, não pontua mais, dando a Alain Prost o seu primeiro título mundial. No final da época, é vice-campeão do Mundo, com 53 pontos, resultado de duas vitórias, oito pódios, uma pole-position e duas voltas mais rápidas. No final da época, tem um convite da Williams, que recusa. Mal ele sabia que a partir daqui, era sempre a descer…

Para 1986, o carro era menos competitivo, e os resultados eram medíocres. O melhor que conseguiu foi uma segunda posição na Áustria, e o nono lugar final, com 14 pontos.

Em 1987, as coisas melhoram um pouco, e Alboreto ganha um novo companheiro de equipa: o austríaco Gerhard Berger. Apesar de um bom carro, o piloto italiano é repetidamente batido pelo estreante. No final da época, com Berger a ganhar as duas ultimas provas do ano, Alboreto não tem nenhuma. O melhor que consegue é um segundo lugar na Austrália, e dois terceiros lugares em San Marino e no Mónaco. Os 17 pontos e o sétimo lugar final são uma verdadeira desilusão para ele e para os fãs italianos, que vêm os seus carros a serem repetidamente ultrapassados pelos McLaren e Williams…

Em 1988, Alboreto tenta a sua sorte, tendo alcançado melhores resultados, num ano em que a McLaren ganha tudo, com a dupla de sonho Alain Prost – Ayrton Senna. Alboreto consegue três pódios, mas quando aparece a melhor oportunidade para vencer, quem lá está era Gerhard Berger, que ganha um GP de Itália emocional, quase um mês depois da morte do Comendatore… No final da época tem 24 pontos, três pódios e uma volta mais rápida, dando-lhe o quinto lugar final.

Em 1989, regressa a casa, a Tyrrell. Na primeira parte da temporada, consegue bons resultados, culminando com um terceiro lugar no GP do México, mas na prova seguinte, chateia-se com Ken Tyrrell e transfere-se para a Larrousse, sem resultados. Os seis pontos alcançados deram-lhe o 11º lugar na classificação geral.

A partir de 1990, vai para a Arrows, agora rebaptizado de Footwork. O resultado é um fiasco: zero pontos. A coisa prometia melhorar em 1991, com motores Porsche oficiais e o seu ex-companheiro de equipa Stefan Johansson. O resultado? Desastre completo. Um mau chassis aliado a um motor demasiado pesado resultou em algo demasiado mau para ser verdadeiro. No meio da época, mudaram para motores Ford, mas o mal estava feito. Escuso de dizer que teve zero pontos, não?

Mas as coisas melhoraram em 1992. Com motores Mugen-Honda, e com Aguri Suzuki como seu companheiro, Alboreto voltou aos bons resultados, conseguindo seis pontos e o décimo lugar final. No final da época, transfere-se para outra equipa italiana, a BMS Scuderia Dallara. Tendo como seu companheiro o estrante Luca Badoer, a época foi outro desastre. O carro era o mais fraco do pelotão e não conseguiu pontuar.

Em 1994, Alboreto tem 37 anos, e aceita o convite de um seu antigo patrão da Formula 2: Giancarlo Minardi. Iria ser a sua última temporada na Formula 1, e o melhor que alcança é um digno sexto lugar no GP do Mónaco. No final da época, dá por concluído o seu capítulo na Formula 1.

A sua carreira fica assim resumida: 215 Grandes Prémios, feitas em 13 épocas, com cinco vitórias, duas pole-positions e cinco voltas mais rápidas, com 22 pódios, conseguindo um total de 186, 5 pontos. Uma longa carreira, sem duvida.

Depois da Formula 1, Alboreto tentou a sua sorte em outras competições. Correu nas 500 Milhas de Indianápolis de 1996, e em 1997 conseguiu ganhar as 24 Horas de Le Mans, com o dinamarquês Tom Kristiensen e o seu ex-companheiro de equipa Stefan Johansson, num TWR com motor Porsche. Em 1999, é contratado pela Audi para ajudar a desenvolver o R8, no sentido de o tornar num carro vencedor na corrida mais longa do mundo. No inicio de 2001, ganha a sua última corrida, as 12 Horas de Sebring, com o seu compatriota Rinaldo Capello e o francês Laurent Aiello.

A 25 de Abril de 2001, Alboreto testava o seu Audi R8 para Le Mans, quando um pneu explodiu, fazendo-o capotar sobre as bancadas do circuito, matando-o de imediato. Tinha 44 anos. A sua morte choca a Itália, mais pelo facto de ter sido o último piloto titular a bordo de um Ferrari a vencer uma corrida. Alguns dias mais tarde, era cremado no Cemitério de Milão, com milhares de pessoas a ssistir, entre os quais os seus amigos Ricardo Patrese e Ivan Capelli.

2 comentários:

jocasipe disse...

Foi um dos pilotos que mais gostei. Custou-me muito o seu desaparecimento.

Anónimo disse...

Minha nossa!!! Já tem seis anos da morte de Alboreto?!?!?!? O tempo passa tão rápido quanto um carro de Fórmula 1!