quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

GP Memória - Argentina 1979

A temporada anterior demonstrou um novo conceito à Formula 1: o efeito-solo. O domínio da Lótus nesse campo, com o seu “carro-asa”, o Lotus 79, que deu os títulos de pilotos e de construtores, foi o triunfo desse conceito e fez com que todas as outras equipas apostassem devidamente nesse conceito, pois caso contrário, não conseguiria resultados.


O defeso tinha sido agitado, em termos de troca de pilotos. Em termos de pilotos, muito tinha sido mudado no pelotão. Na Lótus, Carlos Reutmann ia para o lugar de Ronnie Peterson, que tinha assinado contrato antes do sueco morrer em Monza. O argentino iria correr ao lado de Mário Andretti, e iam usar o modelo 79 até ao regresso da equipa à Europa, altura em que usariam o modelo 80, que prometia estar um passo mais adiante em termos de aerodinamismo. E também na Argentina iria ver-se algo que já não via há onze anos: a Lotus com as cores da British Racing Green. É que a John Player Special tinha ido embora, e no seu lugar, Colin Chapman tinha ido buscar a Martini Racing e a petrolífera Essex. Ainda havia um terceiro carro Lotus, inscrito e guiado privadamente pelo rico piloto mexicano Hector Rebaque.


Antes do seu acidente fatal, o piloto sueco tinha combinado tudo para ir à McLaren, e o tinha anunciado em Monza, dois duas antes de morrer, mas depois dos acontecimentos na pista italiana, Teddy Mayer foi buscar para o seu lugar o irlandês John Watson, que ficara sem lugar depois de ter saído da Brabham. No seu lugar na equipa de Bernie Eccclestone, estava o jovem brasileiro Nelson Piquet, contratado no final da época passada, e que tinha corrido na última corrida desse ano, no Canadá. Ecclestone mantinha como piloto numero 1, o austriaco Niki Lauda, e os motores Alfa Romeo V12.


Na Wolf, Jody Scheckter tinha ido para a Ferrari, alinhar ao lado de Gilles Villeneuve, e para o seu lugar ia o inglês James Hunt. Apesar do seu prestígio, o piloto inglês era uma pálida sombra de si mesmo. A equipa de Walter Wolf tinha um bom patrocínio, a Olympus Cameras, e de um bom chassis, o Wolf WR7, desenhado por Harvey Postletwhaithe, mas Hunt não se sentia motivado para correr, e a morte do seu amigo Ronnie começou a colocar em dúvida a sua utilidade naquela competição.


Na Ligier, o seu proprietário converteu-se aos motores Cosworth, tinha dinheiro para colocar dois carros em liça e contratou outro francês para alinhar ao lado de Jacques Laffite: Patrick Depailler. Também se converteu ao efeito-solo, desenhando o modelo JS11. Outra equipa francesa que se alargou para dois carros foi a Renault. Ao lado de Jean-Pierre Jabouille alinhava agora o seu compatriota René Arnoux. O chassis era o mesmo, o RS01. Mas já se desenhava um carro que iria ser totalmente efeito-solo.


A Williams também se convertia às maravilhas dos dois carros. Para além de Alan Jones, tinham contratado o veterano suíço Clay Regazzoni, nesta altura com 39 anos. O chassis ainda era o FW06, mas o seu sucessor também estava a caminho… Na Ferrari, com a dupla Villeneuve-Scheckter, o carro ainda era o do ano passado, pois o novo só se estrearia na terceira prova do campeonato, na Africa do Sul…


Na Tyrrell, lutava-se contra a falta de dinheiro, já que a Elf tinha emigrado para a Renault, apesar de terem dois pilotos franceses para guiar os seus carros. Didier Pironi ficava, e agora a seu lado tinha Jean-Pierre Jarier. Outra equipa em dificuldades financeiras era a Shadow, que contratou dois jovens inexperientes: o italiano Elio de Angelis, então com 19 anos, e o holandês Jan Lammers, que tinha 22.


A Fittipaldi, pelo contrário, apostara apenas num carro, para Emerson Fittipaldi, embora considerava um segundo carro para outro brasileiro, Alex Dias Ribeiro. Na Argentina andariam com o Fittipaldi F5A, mas o seu sucessor o F6, desenhado por Ralph Bellamy, estava a caminho. Na Arrows, Rolf Stommelen fora substituído por Jochen Mass, e iam correr ao lado de Riccardo Patrese com o modelo A1, enquanto desenvolviam o A2, que tentaria levar ao máximo o conceito de “carro-asa”. A Ensign tinha decidido fazer uma temporada com um só carro, para o irlandês Derek Daly, e a Merzário se tinha submetido a outra temporada, com o Arturo Merzário ao volante. Por fim, a alemã ATS, do imprevisível Gunther Schmidt, tinha contratado Hans-Joachim Stuck para o volante do seu único carro.


Nos treinos, todoa a gente pensava que isto seria dominado peloa Lótus, mas quem levou a melhor foi… a Ligier! Jacques Laffite fez a “pole-position”, enquanto que Patrick Depallier ficava na segunda posição. A segunda fila tinha o Lótus de Reutmann e o Tyrrell de Jarier. Na terceira fila ficaram o Ferrari de Jody Scheckter e o McLaren de John Watson. Mário Andretti, o campeão, era o sétimo na grelha e tinha a seu lado o segundo Tyrrell de Didier Pironi. A fechar o “top ten” ficara o segundo McLaren de Patrick Tambay e o segundo Ferrari de Gilles Villeneuve.


Na partida, Depailler levou a melhor sobre Laffite, mas isso não passaria da primeira volta, pois numa das curvas, a confusão instalou-se: o McLaren de Watson e o Ferrari de Scheckter colidiram, causando uma carambola lá atrás, envolvendo o Tyrrell de Pironi, o segundo McLaren de Tambay, o Brabham de Piquet e o carro de Arturo Merzário. O sul-africano sofrera uma lesão no pulso direito, enquanto que Piquet também se tinha magoado no pé direito. Com a corrida parada, e algumas das equipas tinham só um carro de reserva, houve sacrifícios: Tambay ficou de fora porque o carro de reserva foi para “Wattie”. Pironi e Merzário, devido à extensão dos seus estragos, também não poderiam participar na segunda partida.


Quanto isso aconteceu, os Ligier partiram de novo na frente, e de novo com Depailler no comando, e Laffite a cair mais duas posições, pois fora ultrapassado por Jarier e Watson. Mas isso só fez reagir, e na volta dez, tinha ultrapassado os três pilotos e assumiu o comando da corrida, para não mais a largar. Entretanto, Jarier debatia-se com problemas e caía para o meio do pelotão, até desistir na volta 15, com problemas de motor.


Entretanto, Reutmann e Watson lutavam pelo terceiro lugar, com o piloto da Lótus, depois de muito brigar, conseguiu levar a melhor. Pouco depois, Depailler teve problemas e foi ultrapassado pelos outros dois contendores, primeiro Reutmann, na volta 44, e Watson duas voltas depois. Mais atrás, Mário Andretti estava num pálido quinto posto, à frente de Emerson Fittipaldi, no seu obsoleto Copersucar. E as coisas se mantiveram assim até à meta, com Laffite a entrar bem na nova temporada dando à Ligier, e a si mesmo a sua segunda vitória da sua carreira.


Fontes:


http://www.grandprix.com/gpe/rr314.html
http://en.wikipedia.org/wiki/1979_Argentine_Grand_Prix

2 comentários:

Anónimo disse...

Que época maravilhosa, foi o meu início na Formula 1 aos 10 anos de idade. Não aguentava mais ver as Ligier Gitanes andando na frente. A entrada de Piquet na Formula 1, gosto é gosto e eu até hoje tenho ele como o melhor de todos, F1 não é só vitórias e títulos, tem que ter algo a mais de brilho, e o brilho e irreverência de Piquet como pessoa e piloto ainda é inigualável.

Unknown disse...

Piquet era de facto unico com o seu humor irreverente e era o meu piloto favorito, volvido poucos anos enta em cena um tal de Senna e aí o meu coração começou a ficar dividido, mas não concordo com o Piquet ser o melhor piloto!! Esse foi o Senna, votado entre fãs e até entre pares. Saudações cordiais