quinta-feira, 24 de março de 2011

GP Memória - Brasil 1991

Quinze dias depois de Phoenix, a Formula 1 rumava para Interlagos, palco do GP do Brasil, a segunda prova do ano. Não havia alterações no pelotão em relação à corrida americana, e as equipas esperavam que ali poderiam ter chances para fazer melhor do que na corrida americana, onde Ayrton Senna tinha ganho sem apelo nem agravo com o seu McLaren-Honda.

Contudo, as hipóteses disso cedo desapareceram quando Senna, a correr em casa, fez a pole-position, com o Williams-Renault de Riccardo Patrese ao seu lado. Nigel Mansell, no outro Williams, era o terceiro a partir, com o segundo McLaren de Gerhard Berger atrás de si. A terceira fila era toda da Ferrari, com Jean Alesi a ser melhor que Alain Prost, e a quarta fila era inteiramente brasileira, com Nelson Piquet, no seu Benetton, a ser melhor que o Leyton House de Mauricio Gugelmin. A fechar o "top ten" estavam o Tyrrell de Stefano Modena e o Jordan do belga Bertrand Gachot. Uma posição algo surpreendente, logo na segunda corrida e vindo da pré-qualificação.

Quem não tinha tido essa sorte foram os Footwork-Porsche de Alex Caffi e Michele Alboreto, o AGS de Stefan Johansson e o Lotus de Julian Bailey: estes não conseguiram a qualificação. E dos que não passaram do inferno das pré-qualificações, estavam os Lambos de Nicola Larini e Eric Van de Poele, o Coloni de Pedro Chaves e o Fondmetal de Olivier Grouillard.

No dia da corrida, o tempo estava incerto, mas seco na hora em que o semáforo acendeu a luz verde. Senna partiu perfeitamente, com os dois Williams atrás de si, enquanto que Berger teve um principio de incêndio no seu McLaren e tinha sido ultrapassado pelos Ferrari. Mas inexplicavelmente, este se apagou e ele pode prosseguir a corrida sem problemas. Na frente, Senna abria uma vantagem que já era de três segundos no final da oitava volta, e parecia que ia ser outro passeio como em Phoenix.

Mas Mansell reage e vai buscar o brasileiro, encostando-se a ele aos poucos, chegando a menos de um segundo no final da volta 20, aumentando a emoção da corrida. Um pouco atrás, Prost tinha ido às boxes, tentando livrar-se de um Nelson Piquet que o bloqueva no caminho no ataque ao terceiro lugar. Pouco depois, foi a vez de Mansell parar, e quando voltou, não tinha perdido o segundo posto, embora com Piquet mesmo atrás dele. O britânico partiu de novo ao ataque à liderança de Senna, que também tinha parado nas boxes, mas não tinha perdido o comando. Parecia que tinha tudo controlado, o brasileiro.

E parecia que sim. Apesar de Mansell aumentar o ritmo para o apanhar, Senna controlava as coisas, tentando perder o menos possivel. Mas nenhum dos dois sabia que o outro estava a começar a ter problemas com as suas caixas de velocidades... aliás, a primeira paragem de Mansell tinha sido um desastre por causa da dificuldade de engatar uma marcha para sair dali...

Na volta 50, porém, Mansell vai às boxes com um furo lento. Faz a paragem e volta à pista, mas tem um minuto de desvantagem sobre Senna. Tenta sair dali da unica maneira que sabia, mas a caixa faz das suas e provoca um despiste. Na volta 59, deixa de colaborar e o "brutânico" vê o resto da corridas das boxes.

Mas por esta altura, Senna também tem problemas com a caixa de velocidades. A seis voltas do fim, decide meter o carro apenas em sexta marcha, que o coloca no seu limite fisico, pois controlar um carro desses demonstra ser uma tarefa herculea. E cedo começa a ter caimbrãs...

Os seus adversários aproximam-se dele, mas também tem problemas que cheguem. Patrese também luta contra a sua caixa de velocidades e não consegue ser suficientemente rápido para apanhar Senna a tempo, e tem Berger nos seus calcanhares, que também luta contra o seu acelerador que por vezes decide ficar o seu pedal onde não deveria...

A três voltas do fim, começa a chover, mas todos resistem e conseguem levar, com maior ou menor dificuldade, à meta, e Senna vence por fim a sua corrida caseira. Era o júbilo entre os torcedores, mas mal sabem que ele está exausto, no limite das suas forças. Tiveram de o tirar do seu carro e foi com dificuldade que foi para o pódio e erguer a taça de vencedor. Patrese e Berger acompanharam-no no pódio, e nos restantes lugares pontuáveis ficavam o Ferrari de Alain Prost, o Benetton de Nelson Piquet e o segundo Ferrari de Jean Alesi.

Fontes:

http://www.grandprix.com/gpe/rr502.html
http://en.wikipedia.org/wiki/1991_Brazilian_Grand_Prix

1 comentário:

Auto Entusiasta disse...

Speedster esse foi um dos maiores GPs que eu assisti em toda a minha história de fã da fórmula 1. Demonstração cabal de sede de vitória. Realmente era um espetáculo ver Senna guiando. Belíssima matéria.