quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

O futuro da Mercedes

A matéria que a Autocar inglesa publica hoje não é nova. Já ando a ouvir isto desde meados de outubro, quando a Julianne Cerasoli colocou a hipótese em cima da mesa. E ela tem autoridade para falar disso, porque é daquelas que acompanha o circo da Formula 1 pelo mundo inteiro. As consequências de uma eventual decisão é que variam: desde a compra da equipa por Wolff, passando pela chegada de Roger Penske, até ao próprio Wolff ir para o lugar que era de Bernie Ecclestone e agora é ocupado por Chase Carey, são muitas as especulações sobre o destino pós-Mercedes. 

A reunião própriamente dita vai acontecer a 12 de fevereiro, mas existem dois factos incomensuráveis: vêm aí novos regulamentos e o automobilismo em si está numa encruzilhada. A Mercedes ganhou tudo o que tinha a ganhar e já provou de uma vez que é uma enorme construtora, com enormes pergaminhos no automobilismo. Mas os tempos mudam. Se for embora, não é para abandonar a competição, mas para ir à grande novidade e que vai definir o século XXI, quer queiram, quer não: a electrificação. A Formula E veio para ficar e é onde estão quase todas as empresas automobilísticas, e a Mercedes não é excepção. E quer ganhar, não só pelo prestigio, mas também porque está a construir toda uma linha de automóveis eléctricos. E também é o desafio de vencer contra uma concorrência muito, mas muito forte e muito vasta.

Mas nos últimos tempos surgiu também outro rumor que anda a engrandecer à medida que os dias passam: a Aston Martin poderá estar à beira de ser comprada. Muitos falam que o interessado é o canadiano Lawrence Stroll, pai de Lance Stroll, e que a Racing Point, que é dele, ficaria com as cores verdes na Formula 1. Contudo, o que se diz agora, e que se calhar, quem ficará com a marca poderá ser Stoll Sr... e "herr Wolff".

Mas nessa reunião do dia 12, a causa imediata são os resultados desapontantes das vendas dos carros de estrada, que claro, fazem um rombo assinalável nas contas. E a Formula 1 é um desporto (muito) caro. Tanto que esta semana surgiram rumores de que o contrato de Lewis Hamilton está a ser renegociado e essas negociações estão paradas por causa do reforço de salário que o piloto pediu. Ora, se não há muito dinheiro, se a Formula 1 é cara e um piloto milionário pede ainda mais dinheiro para continuar a ser campeão... as pessoas ficam um pouco encurraladas. Aliás, a Mercedes quer poupar cerca de 1,4 mil milhões de euros até 2022 e claro, há quem diga que a Formula 1 não pode sair imune.

Contudo, essa eventual saída é apenas como construtor de chassis, porque como construtor de motores, fica todo normal, com tem acontecido desde há mais de um quarto de século. E neste momento, a Mercedes fornece motores à Racing Point, Williams e McLaren, que este ano está num regresso a uma parceria que aconteceu de 1995 e 2014.

Mas a matéria da Autocar fala de algo que ninguém pensou até agora, e que pode ser possível. Fala-se que Wolff poderia ajudar Stroll na compra da Aston Martin, mas ele não pretende ser o CEO da empresa. Contudo, até poderia estar aberto à ideia de Stroll Sr. comprar a Aston Martin, e levar a marca para a Mercedes, que se retiraria e seria rebatizada com esse nome, com Wolff na frente, como está atualmente - e do qual têm dez por cento da estrutura acionista, como tinha Niki Lauda antes de ele morrer, em meio de 2019. E a Racing Point seria vendida para o russo Dimitry Mazepin, pai de Nikita Mazepin. Dimitry é um dos bilionários russos, fez fortuna na área petroquimica, e ele poderia comprar a Raciong Point em conjunto com uma marca - fala-se da chinesa Geely, que tem marcas como a Volvo, a Lotus, entre outras.

É uma aritmética complicada, mas se acontecer, será clarificada com o tempo. 

E Hamilton? Quem conhece a "estória" da renovação do contrato, pode estar a pensar que ele irá para a Ferrari em 2021, aproveitando a reforma (a bem ou a mal) de sSebastian Vettel. Ganhará o salário que quer, será assediado por Charles Leclerc e terá o por do sol que deseja ter, não sabendo se com ou sem título mundial pela Scuderia. 

Quanto a outros projetos, como o Aston Martin Valkyrie ou o Mercedes AMG-One Hypercar... essa será uma parte complicada, caso aconteça a aquisição da Aston Martin por Stroll Sr. Não havendo dinheiro para mais do que um projeto em simultâneo, é provável que esses projetos caiam ou a Mercedes poderá ficar com esse seu projeto, e investir uma parte do dinheiro da Formula 1, em paralelo com o que anda a gastar na Formula E.

Veremos. O que se pode dizer é que esta temporada de 2020 será muito interessante, e muito movimentada neste sentido. 

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