domingo, 28 de março de 2021

Formula 1 2021 - Ronda 1, Bahrein (Corrida)


Depois de quatro meses de hibernação, a Formula 1 estava pronta para começar nova temporada. E neste tempo de pandemia, sabia-se que as coisas andariam de forma a que esta temporada de 2021 seria a segunda parte da temporada de 2020, com carros a serem pouco modificados, depois de um acordo entre todas as equipas. E aparentemente, esses acordos tiveram consequências no desenvolvimento dos carros, porque houve uns que aproveitaram bem, e outros que nem tanto. E pelo que se viu na qualificação, o primeiro vencedor é claramente a Red Bull, com um motor Honda que no final do ano... vai-se embora da competição.

Claro, os fãs rejubilam, ainda por cima no ano em que teremos o calendário mais longo de sempre, com a Formula 1 a acabar a meio de dezembro, e uma visita à Arábia Saudita, a primeira de sempre, e ainda há incertezas, com o evoluir da pandemia em muitos lados. Se já temos vacinas a serem aplicadas, e milhões já receberam as doses necessárias, ainda há países que passam uma terceira vaga, com as camas das Unidades de Cuidados Intensivos cheias e mortes aos milhares, e a circulação das pessoas está muito restrita. E claro, as pessoas ainda não podem ver ao vivo os Grandes Prémios. 

E este ano vai ser interessante: Kimi Raikkonen chega aos vinte anos de corridas - a mesma coisa calha a Fernando Alonso - o filho de Michael Schumacher está na Formula 1 e temos um jovem rapazinho chamado Yuki Tsunoda, que promete ser um piloto interessante num futuro próximo. 

E mesmo o vento, do qual havia quem tivesse alertado ontem a noite, não estava tão forte assim. Pelos vistos, as condições estavam iguais aos de ontem. Boa parte dos pilotos iam fazer duas paragens, e partiriam com médios. 

Mas logo na volta de aquecimento... houve problemas. Sergio Perez parou na pista na entrada da curva 13, aparentemente por causa de um problema de bateria, e a sua posição era suficientemente perigosa para que a largada fosse abortada. Parecia que seria a primeira desistência do ano, mas o mexicano da Red Bull conseguiu colocar o carro a funcionar e ir às boxes, largando de lá.


Mas as coisas duraram pouco mais de um minuto, porque depois, houve nova largada. Verstappen aguentou os ataques da Mercedes, com Leclerc a conseguir passar Bottas para ser terceiro, enquanto atrás havia confusão, com Nikita Mazepin a levar a pior, acabando nos guard-rails, quase a lembrar os eventos de Romain Grosjean no ano anterior. Resultado final? Safety Car Virtual. Não durou muito, é verdade, mas mesmo depois do recomeço, as coisas ainda demoraram um pouco para ficar calmas, por causa dos narizes arrancados - como o de Pierre Gasly.

Depois de tudo acalmar, e o DRS ficar ligado, a corrida recomeçou com Bottas a atacar Leclerc, a conseguir passá-lo na sétima volta, enquanto atras, gente como Sebastian Vettel e Sergio Perez recuperavam o tempo perdido e as más posições na grelha de partida. Mas o piloto da Ferrari decidiu atacar o da Mercedes e ele voltou ao terceiro posto na volta seguinte. E eles já eram ameaçados pelos McLaren de Lando Norris e Daniel Ricciardo. Um pouco atrás, Fernando Alonso, o regressado, ameaçou e passou o Aston Martin de Lance Stroll.

Com os McLaren e o Ferrari de Leclerc a nos lembrarem de velhos duelos, Valtteri Bottas ia-se embora do resto do pelotão e tentava não perder o ritmo de Hamilton e Verstappen, que pareciam estar num mundo à parte. As primeiras paragens aconteceram na volta 13, com boa parte dos pilotos a colocar médios, com a Mercedes esperar mais uma volta, e com Lewis Hamilton a ser o primeiro a parar, caindo para quarto. Verstappen demorou mais para fazer a sua paragem, tentando aumentar a sua vantagem o mais possivel para tentar manter-se na frente do britânico quando fosse a sua vez. Bottas foi às boxes apenas na volta 17, caindo para quarto, enquanto a diferença entre ambos era de 17 segundos. Ambos teriam de ter 23 a 24 segundos para que o holandês mantivesse a liderança.

Verstappen foi fazer a sua troca na volta 18, não foi perfeita, porque Hamilton ficou na frente com sete segundos de diferença sobre o holandês. Bottas era quarto, mas depois passou Perez para terceiro, que ainda não tinha parado para trocar de pneus. Ele só parou na volta 19, caindo para a 12ª posição. 

Nas voltas seguintes, o holandês da Red Bull aproximou-se paulatinamente da traseira do Mercedes, e o que também se via era estes três pilotos a correrem à parte, porque na volta 26, a diferença entre Bottas, o terceiro, e Norris, o quarto, era de.., 19 segundos. Não se pode afirmar que fosse uma eternidade, mas quase. Mas na volta 28, o alerta: Hamilton dizia que "não podia ir mais veloz" e Verstappen tinha reduzido a diferença menos de dois segundos. Suficiente para que a Mercedes reagir e ordenar a Hamilton ir às boxes, mudando a estratégia para três paragens. O objetivo? Travar o "undercut" da Red Bull.

Por alturas da volta 30, foi a altura de Bottas parar nas boxes. E foi um desastre. Dez segundos são agora uma eternidade, e ele regressou à pista na quinta posição, na frente do McLaren... de Daniel Ricciardo. Provavelmente recuperará essas posições quando eles forem às boxes, mas as chances de um pódio podem ter ficado complicadas. Leclerc e Ricciardo iam às boxes na 33ª passagem pela meta, Norris na 34ª. Tudo isto ao mesmo tempo que acontecia a segunda desistência do ano: Fernando Alonso tinha problemas nos travões e teve de abandonar. 

Os que ficaram mais tempo pararam por alturas da volta 38, 39, antes de Verstappen parar na volta 40, numa paragem inferior a dois segundos. Hamilton ficava na liderança, mas todos sabiam que o holandês iria ficar até ao fim. Nas voltas seguintes, o holandês comia a diferença, e no final da volta 48, a diferença era inferior a três segundos. Não haveria distância suficiente para garantir a vitória ao britânico. Mas atrás, Bottas tinha o seu pódio garantido. 


A parte final foi de cortar a respiração. Verstappen, de facto, conseguiu apanhar Hamilton, graças aos pneus que tinha. A cinco voltas do fim, ele estava na traseira do inglês, e ele atacou-o para ficar com a liderança. Conseguiu passá-lo na curva 4, mas a ultrapassagem foi feito de forma irregular, e ele teve de devolver a posição. 

E por incrível que pareça, foi esse o momento decisivo. De facto, o holandês cedeu o lugar, mas ele não conseguiu apanhá-lo. Parecia que ele tinha perdido o impulso, e a energia, porque as tentativas para o apanhar não resultaram até à bandeira de xadrez. No final, menos de meio segundo separou ambos os pilotos, com Hamilton a mostrar que, mais do que sorte, tinha estrelinha de campeão, capacidade para se defender dos ataques e ainda o facto do Mercedes ser o melhor carro do pelotão. Ele venceu, mas o holandês da Red Bull merecia o lugar mais alto do pódio, por tudo o que fez com o carro. 

Atrás, Bottas ainda foi às boxes, para ver se ficava com a volta mais rápida, mas nem isso resultou. Lando Norris conseguiu um digno quarto posto, na frente de Charles Leclerc e Daniel Ricciardo, enquanto Sergio Perez recuperou até ao sétimo posto, na frente de Carlos Sainz Jr, e a fechar os pontos, Yuki Tsunoda tornava-se no 76º piloto a pontuar na sua primeira corrida de Formula 1, na frente de Lance Stroll. 


Contudo, esta noite barenita valeu a pena. Espera-se que seja assim nas próximas 22 provas, e se for, significará muita emoção. 

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