segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

O piloto mais odiado do mundo


Já se falou muitas vezes de Nikita Mazepin, o piloto russo da Haas que lá chegou graças à fortuna do seu pai, um dos oligarcas ajudados por Vladimir Putin, o líder russo. Dimitri Mazepin, de 53 anos, é o dono da Uralchem, que se especializa em fertilizantes, e patrocinou em larga medida a Haas F1. Contudo, nestes últimos dias, com a Russia a entrar em conflito com a Ucrânia, as coisas ficaram de mal a pior para ele, a família... e o resto. É que não bastou o cancelamento do GP da Rússia, em setembro, em Sochi, e a retirada dos patrocinadores paternos do chassis da Haas, poderá vir mais... e pior.

Um exemplo? A Federação Automobilística da Ucrânia, inscrita na FIA, pediu à entidade máxima do automobilismo para que exclua Mazepin da Formula 1, que retire a sua Super-Licença, segundo uma recomendação do COI para a exclusão de atletas da Rússia e da Bielorrússia de competições internacionais. A razão para isso foi, oficialmente, a violação da trégua olímpica que está em vigor até 20 de março, data da final dos Jogos Paralímpicos de Pequim. A possível exclusão de Mazepin da Formula 1 não era algo que não se previa, aliás, começou a ser discutido logo na sexta-feira, quando foi cancelado o GP russo, falando logo que Pietro Fittipaldi, o neto de Emerson Fittipaldi e piloto de reserva da marca, iria guiar no seu lugar.

Claro, há gente que aproveita a ocasião para ir bem longe. Exemplo? Jeremy Clarkson. O antigo apresentador do Top Gear e conhecido por ter uma lingua bem afiada, decidiu escrever esta frase no Twitter: “Nikita Mazepin. Seu retardado de m****. Vai correr para a Rússia sozinho. Perdias ainda assim.

Apesar de tudo que esteja a levar, Gunther Steiner achou que o "orangotango" foi longe demais. E foi defender o rapaz: 

Ouvi falar sobre o tweet de Jeremy Clarkson acerca disso. Talvez tenha sido feito num momento de fúria ou algo assim, porque foi bastante direto. O melhor é não olhar para o que está lá porque, neste momento, ele não tem nada a ver com isto. Só precisamos de continuar e ver onde isto vai parar e trabalhar. Esperemos que ele [Mazepin] consiga manter a cabeça erguida e continuar a trabalhar”.

Mazepin junior é uma pessoa acossada. Dá a cara - quer queira, quer não - a um país, que neste momento cometeu o imperdoável na ordem e harmonia das nações. E tem de pagar um preço por terem pisado o risco. O povo russo está agora a pagar o preço pelas ações do seu ditador. Não é só os soldados que morrem esturricados pelas balas e misseis de um povo que está a dar tudo para defender a sua terra, porque ninguém lhes disse que são os maus da fita, mas também é os que saem à rua, enfrentando o frio e os cassetetes da policia, em dezenas de cidades do vasto império, protestando contra Putin e as suas decisões, e provavelmente a partir de hoje, sofrerão na carteira o isolamento do mundo, a desvalorização da sua moeda, o aumento do custo de vida, o de não poderem voar para lado algum nos seus aviões. 

E a cada dia que passa, este turbilhão tem consequências imprevisíveis. E Mazepin pagará o preço por estar no lado errado da História, na pior altura possível. Não creio que alinhe em Shakir a 20 de março.  

1 comentário:

Ricardo Botto disse...

Isso soa hipócrita, pois quando os Estados Unidos invadiram o Iraque por um motivo que jamais existiu nenhum esportista americano foi punido. Para mim penalizar o piloto por ser...russo é lamentável. A Europa sendo europa.