sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

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Se ontem falei de Alain Prost e a sua estreia que se aproximava, há 45 anos, em janeiro de 1980, pela McLaren, outro piloto estava ansioso por entrar num Formula 1 no calor austral argentino. Mas este era diferente. Era um regresso, e também ele tinha uma ideia em mente: provar que não estava acabado. 

Quando Patrick Depailler sofreu o seu acidente, no inicio de junho de 1979, Guy Ligier, seu patrão na equipa com o mesmo apelido, ficou furioso com esta sua "escapada campestre", esquecendo de colocar o mesmo tipo de clausula que Ken Tyrrell tinha no seu contrato com a sua equipa, porque também tinha passado pela mesma situação e precaveu-se. Dito isto, depois de ele ter estado cerca de três meses em reabilitação, Ligier rescindiu o seu contrato e acabou por ser substituído por Didier Pironi, depois de Jacky Ickx ter andado no carro pelo resto da temporada. 

Sem (aparente) lugar na Formula 1, e com 35 anos, Depailler pagava assim o preço do seu amor pelas grandes paisagens. Ele que, seis anos antes, em setembro de 1973, desperdiçou a chance de correr nos dois últimos Grandes Prémios da temporada por ter fraturado a perna direita num acidente de motocross. 

Mas enquanto recuperava, apareceu uma chance: a Alfa Romeo valorizou os seus serviços como piloto de testes e achou que seria a pessoa ideal para levantar o nível do seu carro, o 179, que tinha acabado de se estrear em Monza, e também poderia desenvolver o motor de 12 cilindros, que tinha potência, demonstrado ao longo da temporada anterior nos carros da Brabham. Ainda sem completar totalmente a reabilitação, com algumas dificuldades de locomoção, no final de 1979, sentou-se em Paul Ricard no carro e deu as voltas que poderia dar, enquanto o seu corpo o deixava. O tempo não importava muito, mas ele sentiu que existia potencial para desenvolvimento. 

Quando a Alfa Romeo anunciou que Depailler seria o seu piloto, ao lado do local Bruno Giacomelli, de uma certa maneira, o mundo da Formula 1 ficou satisfeito com o que ouviu. Ele iria ter mais uma chance, mas os obstáculos seriam grandes. O primeiro dos quais era o de recuperar a forma, o segundo deles era o de transformar aquele carro em algo competitivo. E em Buenos Aires, eram 24 lugares para 28 carros. Ficar de fora era uma chance, mesmo com toda a potência dos seus motores e toda a pompa de uma equipa de fábrica: em Buenos Aires, entre mecânicos, engenheiros e demais pessoal técnico, estariam 90 membros!   

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