quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

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Há 45 anos, em janeiro de 1980, as expectativas da Formula 1 eram algumas para duas figuras, curiosamente... francesas. A imprensa estava expectante para saber o que faria a mais recente contratação da McLaren, e como se comportaria Patrick Depailler, seis meses depois do seu acidente de asa-delta, agora a bordo do Alfa Romeo, que quase 30 anos depois, faria o seu regresso à categoria máxima do automobilismo, como construtor de chassis, para além dos motores.

Mas sobe Depailler, falaremos noutro dia. Hoje falo de Alain Prost, um dos estreantes do campeonato de 1980, a par do irlandês Dave Kennedy, no seu Shadow. 

A McLaren, em 1980, lutava contra a decadência que vinha mostrado desde meados de 1978. O facto de terem falhado a transição para os carros de efeito-solo, depois da construção de modelos como o M28 e a desilusão que parecia ser o M29, tinha feito soar as campainhas de alarme, especialmente a Marlboro, seu patrocinador desde 1974. E tinham avisado Teddy Meyer, seu diretor desportivo, que algo tinha de ser feito, caso contrário, iriam para outro lado. E esse "outro lado" era o Project Four, de um Ron Dennis, e que dava nas vistas na Formula 2.

Nascido a 24 de fevereiro de 1955, na localidade francesa de Lorette, no Loire, Prost era filho de um fabricante de mobiliário, e começou aos 16 anos a correr no karting - depois de ter praticado outros desportos, como o futebol - e em 1976, passou para os monolugares, ganhando a Formula Renault francesa, e em 1977, estava na Formula 2, Formula 3 e Formula Renault, onde ganhou nesta última competição. 

Depois de ter ganho a Formula 3 francesa em 1978, em 1979, ele corria quer na Formula 3 francesa e na Formula 3 europeia, em ambos corria num chassis Martini. Anos e anos de experiência nesses monolugares deram-lhe as vitórias que necessitava para ser campeão com seis triunfos em 12 corridas. E foi bicampeão na categoria francesa. Todas estas vitórias e o seu estilo de condução causaram o interesse de muitas equipas, quer na Formula 2, quer na Formula 1. E ali, o interesse tinha vindo logo da McLaren... melhor, da Marlboro. 

Inicialmente, John Hogan e Paddy McNally, ambos da marca, queriam custear as despesas de um terceiro McLaren no GP dos Estados Unidos de 1979, na pista da Watkins Glen. Prost ouviu a proposta e recusou, afirmando que "não conhecia o carro e não conhecia Watkins Glen.". Na realidade, tinha visto que não estava preparado para correr num Formula 1 e ir ali sem experiência teria sido um potencial rombo nas suas aspirações. Em vez disso, quis um teste em Paul Ricard, no final da temporada, e eles concordaram.

O teste foi em meados de novembro de 1979, com um M29, e Prost foi rápido e consistente, fazendo tempos um segundo e meio mais veloz que John Watson. O seu conhecimento da pista ajudou, também, ao ponto de - segundo se conta a lenda - quando no final da sessão de testes ele estendeu-lhe um papel, pensava que era a folha com os tempos. Na realidade era o contrato para correr como titular, e Teddy Meyer afirmando: "assina em baixo!"

O que quer que tenha acontecido, pouco depois do Ano Novo, Prost estava na Argentina, a apanhar sol e a queixar-se do asfalto degradante, para entrar dentro de um carro modesto. O que não sabia era que tinha acabado de entrar na história do automobilismo.           

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