quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Porque apoio o fim do TC


A imagem de Jarno Trulli a fazer um "slide" com o seu Toyota nos testes do Bahrein levou hoje a uma discussão no Fórum do Autosport e não resisti a trazer isto para aqui. Uma das razões porque eu (e nós todos) nos apaixonamos pela Formula 1 tem a ver a noção da luta do homem pelo controlo da máquina, especialmente depois da Formula 1 adoptar o conceito do motor traseiro, no final dos anos 50.


Estas imagens vêm dos anos 70 e inicio dos anos 80. Aqui podemos ver, de cima para baixo, Ronnie Peterson, no seu March, em Nivelles (1972), Francois Cevért, em Anderstorp (1973), Patrick Depailler e Jacky Ickx na Argentina (1974) e por fim o grande Gilles Villeneuve, no seu Ferrari, em Long Beach (1980). Peterson e Villeneuve devem ter sido os pilotos que melhor controlavam o carro em "slide" que a Formula 1 jamais viu. Era um espectáculo e nós, embevecidos, apaixonamo-nos por aquele espectáculo e transmitimos esse entusiasmo para as gerações seguintes.

"A corrida dos engenheiros (sem qualquer menosprezo pelos mesmos) pela supremacia tecnológica acabou por nos trazer a actual F1, em que uma ultrapassagem em pista é um acontecimento exótico, quase com contornos de caso de polícia, que origina toda uma série de investigações e teses académicas sobre as suas consequências.

Esqueceram-se de que as corridas são um espectáculo para o público, e que o público (nós) gosta de ver os seus ídolos a disputarem os lugares na pista, com ultrapassagens, com audácia, e com uma emoção que nos faz transpirar e despertar a adrenalina.


A evolução da Segurança dos intervenientes nos GP's´foi um feito fantástico, mas agora é necessário conciliar essa segurança com o espectáculo em pista. Se foi possivel chegar onde se chegou na segurança, também é possivel fazer acontecer o espectáculo, o saber fazer existe, pois a F1 dispõe de muitos dos melhores engenheiros da actualidade, assim haja vontade politica para tal."

Isto vem hoje no Fórum Autosport. O forista CG disse tudo: em nome da segurança, matamos o espectáculo. O controle de tracção deve ser o exemplo mais acabado de todos. Quando a FIA decidiu abolir esta medida, achei que por fim, uma medida com senso. A maior parte aplaudiu, mas houve quem estivesse contra, como Felipe Massa e David Coulthard, afirmando que isto seria perigoso e que iria arriscar a segurança dos pilotos.


Ora, perderam uma boa oportunidade para estarem calados. Eles foram completamente demolidos por pessoal como Niki Lauda, que os aconselhou a voltar à escola de condução, ou então, nos últimos dias, Sebastien Bourdais, piloto da Toro Rosso e tetra-campeão da CART, que disse isto: "Sobre todas essas discussões a respeito de não pilotar na chuva sem o controle de tração, se eles têm essas preocupações, não deveriam estar aqui".


Mas também tenho que ser sincero: o fim do controle de tracção não é a panaceia para todos os males. Mas acho que deveria ser um principio que deveria ser seguido. Se o "tio" Max e a FIA forem para a frente com a ideia de abolir com os "penduricalhos aerodinâmicos" no final de 2008, já é outro passo no rumo certo, porque da maneira como estão, as ultrapassagens estão a ser como as baleias e os ursos polares: espécies em vias de extinção. Para mim, já basta ver "carros-veado", "carros-viking", "carros-dumbo" e o raio que o parta...

3 comentários:

jocasipe disse...

concordo plenamente! Tenho saudades dos momentos empolgantes da F1! Espero que este ano, os virtuosos repitam ultrapassagens destas:
http://www.youtube.com/watch?v=cHCpiNycTM8

João Carlos Viana disse...

Sabe por que o Massa achou ão ruim o fim do Controle de Tração? Por que assim, as besteiras do brasileiro ficarão mais aparentes!

Anónimo disse...

A AutoSprint tem um texto maravilhoso chamado "Povero Gilles, podero Ronnie". Nesse texto, a 'bíblia do automobilismo' enfatiza o absurdo do automobilismo, em que as derrapagens acabaram virando um erro, um 'crime' dos pilotos.
Bela pauta! Bem lembrado.
Automobilismo é um piloto contra o mecanismo; o excesso de eletrônica torna um videogame, que tem uma outra graça, pequenininha.