sexta-feira, 19 de junho de 2009

As reacções à separação da FOTA

O "day after" do anuncio da separação das equipas FOTA do Mundial de Formula 1 dirigido por Max Mosley e Bernie Ecclestone, está a ser digerido por muita gente nos bastidores do circuito de Silverstone, entre as duas sessões de treinos livres desta sexta-feira. E como podem imaginar, ao longo do dia se ouviram muitas declarações de pessoas ligadas ao assunto, demonstrando as suas razões porque acreditam (ou não) num campeonato rebelde.

Mario Thissen, o director da BMW Sauber, representa uma das equipas "rebeldes", e justificou a razão pelo qual estes tomaram uma decisão tão radical: "As equipas da FOTA esforçaram-se até ao fim para chegar a um acordo, mas lamentavelmente a FIA recusou-se a retroceder na sua posição rígida, insistindo que as equipas deveriam inscrever-se primeiro antes de quaisquer negociações sobre as regras. Isso era inaceitável para nós", diz o engenheiro alemão. Sendo assim, "a FOTA não teve outra alternativa que não seguir em frente com os preparativos para um novo campeonato", concluiu.

"Desde a sua fundação, em Setembro do ano passado, a FOTA comprometeu-se a reduzir de custos na Fórmula 1, reforçando o seu apelo e o apoio às pequenas equipas independentes. Durante este curto período de tempo, alcançou-se mais do que nunca na história da Fórmula 1. Não iremos fazer qualquer outra declaração sobre o assunto durante este fim-de-semana. Queremos concentrar-nos totalmente na corrida e proporcionar aos fãs o espectáculo que merecem", concluiu.



MOSLEY MINIMIZA, STEWART APELA AO TIO BERNIE

Já do lado da FIA, esta reagiu: Max Mosley a conceder uma longa entrevista à cadeia de televisão BBC, onde minimiza o gesto, afirmando que tudo não passa de uma manobra de intimidação, e que mais cedo ou mais tarde, estas acabarão por abandonar a ideia.


"Estas coisas acabam sempre com um entendimento. Eles não se podem dar ao luxo de não correr na F1 e nós ficaríamos muito relutantes em ter um campeonato do Mundo de F1 sem eles, e eu falo das oito equipas. Estou totalmente confiante num [que as equipas ficarão] porque no fim as pessoas fazem aquilo que é do seu interesse. É do interesse das equipas estarem na Formula 1 e não existe, na verdade, nenhuma questão fundamental que os impeça de continuar", começou por afirmar, referindo-se depois ao provável campeonato paralelo.

"Não o levo tão a sério quanto algumas pessoas porque sei que é tudo fachada e postura. Tudo irá acabar algures entre o início de 2010 e Março de 2010, altura da primeira corrida. Tudo isto vai parar, tudo vai acalmar e todos irão competir. Eles podem ser muito duros agora porque não têm nada com que se preocupar até Março de 2010. Estamos a nove meses de distancia. Toda a gente pode fazer pose e marcar uma posição, mas todos sabemos que quando chegarmos a Melbourne em 2010 haverá um Mundial de Formula 1 e toda a gente que puder estar nele estará", continuou.


Ele tem toda a razão: estamos a nove meses de distância. Tudo pode acontecer, até ele ser corrido da Formula 1 ou então não poder estar vivo nessa altura... Quem lê a entrevista, fica com a sensação de que ele ainda não percebeu, ou então não leva muito a sério o gesto de ontem por parte da FOTA. Com a situação actual, só demonstra que ele deve viver num mundo paralelo, pois no seu blog, James Allen disse no seu blog que "nunca as equipas FOTA estiveram tão unidas na sua ideia do campeonato paralelo, só para correrem com Max Mosley". Com dois campos determinados em correr um com o outro, tirem as vossas conclusões.

Já o escocês Jackie Stewart, tricampeão do Mundo de Formula 1, afirmou que esta era uma decisão esperada: "Já se estava a adivinhar há algum tempo", declarou.

"Penso que as equipas sentem-se incomodadas de alguma maneira já desde há muito tempo. Eu já há muito que defendo a necessidade de reestruturar a FIA e é preciso que exista uma governação mais aberta. Se isso tivesse ocorrido [antes] não estaríamos na posição em que estamos agora", afirmou o ex-piloto escocês, que completou recentemente 70 anos.

"Penso que as equipas querem que o Max [Mosley] se vá embora, porque algumas das decisões tomadas nos últimos anos foram, sinceramente, muito questionáveis... acho que muita gente está farta daquele tipo de atitude ditatorial. Penso que neste momento, as equipas não têm de fazer nada. Apenas têm de decidir como vão fazer aquilo que disseram que vão fazer. Penso que agora depende da FIA de fazer uma proposta totalmente diferente", cloncluiu.

Contudo, apelou a Bernie Ecclestone para que este intervenha, de forma a evitar que a separação se concretize. "A parte mais importante que se tem de envolver agora é o Bernie [Ecclestone], porque, afinal de contas, ele detém os direitos comerciais. Tenho a certeza de que ele não quer um campeonato paralelo, porque isso iria ameaçar seriamente a CVC [proprietários da F1] e os direitos do Bernie Ecclestone", afirmou.

"O Bernie sabe como fazer as coisas, ele teve muito sucesso na Formula 1 e o desporto tem tido sucesso com muitas coisas do que ele tem feito. Por isso, ele terá um papel muito importante naquilo que irá acontecer nos próximos dois ou três dias. Mas, francamente, as equipas já tomaram a sua decisão e penso que não irão falar com a FIA este fim-de-semana", concluiu.

Pois é... Bernie Ecclestone anda muito silencioso. Enfim, tem todo o fim de semana para falar. Mas se calhar não fala, pois quer ver se safa disto e negoceie os direitos do campeonato rebelde, querem ver?

3 comentários:

Ylan Marcel disse...

Deu merda. Só isso tenho a dizer!

Felipão disse...

O cara da BMW aí tá de brincadeira, falando que a Fota se esforçou...

Bruno disse...

O futuro ainda segue sombrio na Fórmula 1. Talvez seja a hora mesmo de Bernie Ecclestone resolver essa situação e salvar seus rendimentos. A FOTA se cansou de esperar Mosley dar as cartas e partiu para tomar as rédias da negociação.
Acho que dificilmente Max conseguirá se reeleger ao final do ano, tendo um abacaxi desses para resolver.
Muito deve acontecer nos próximos meses e essa história está longe do final...