sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Extra-Campeonato: A saga da Playboy portuguesa

Já queria escrever sobre isto desde há uns tempos, mas nunca tive a oportunidade nem o pretexto para tal. Afinal, tive-o hoje, pois está por dias a chegada da Penthouse portuguesa, bem mais hardcore. Quem lê isto em Portugal, deve ter mais ou menos conhecimento da saga da Playboy tuga pelos jornais, mas como isto é lido um pouco por todo o mundo, achei por bem contar a história desta saga.

Desde o inicio das suas publicações, em Março de 2009, que as pessoas que editavam a revista estiveram envoltou num misto de mistério e de polémica. Nunca ninguém tinha ouvido falar da Frestacom, que afinal depois se soube que tinha sido criado de propósito para trazer a revista, e havia outros mistérios nunca esclarecidos. A começar pelo director, que perferiu dar um pseudónimo, que a ERC (Entidade Reguladora da Comunicação) nunca aceitou, depois houve a aquestão dos atrasos no pagamento às famosas que aceitaram posar nuas, que resultou em processos no tribunal.

A gota de água foi a (alegada) polémica capa de Julho deste ano, com o Jesus Cristo ao lado de mulheres nuas, a pretexto de uma homenagem a José Saramago. Aaparentemente, a casa-mãe não gostou nada e a meio de Julho disse que a colaboração tinha terminado. Mas eles fizeram "ouvidos moucos" e lançaram mais uma edição, a de Agosto, enfurecendo ainda mais a sua congénere americana. Resultado: colocaram-na em tribunal, ordenando a apreensão e destruição de quaisquer cópias. Em suma, houve uma edição "clandestina".

Oficialmente, foi a razão dada para o final do contrato com a casa-mae, mas houve mais algumas coisas pelo meio. Quando fizeram o tal acordo, em Novembro de 2008, ficou estipulado que a Freestacom ficou de pagar aos americanos uma prestação trimestral. Só que no final de Maio, a casa-mãe reclamou que eles deviam 150 mil euros, relativas a três prestações, que queria esse valor, mais 250 mil euros como compensação. Em resposta, a edição portuguesa afirmava ter dificuldades de pagamento e que tinha falhado uma tentativa de arranjar financiamentos na banca. Assim, a troca de correspondência continuou até ao final de Julho, altira em que a casa-mãe considerou o contrato como rescindido e que devem cessar a publicação. Mas publicaram a edição de Agosto na mesma, o que enfureceu os americanos.

Para piorar as coisas, eles tentaram vender os direitos a uma misteriosa firma russa, no sentido de se "livrarem" dos credores, mas apesar das coisas terem sido concluidas, a ERC teve tempo pasra excluir as duas firmas da sua lista. Quanto aos seus misteriosos proprietários, nunca mais foram vistos e não se sabe ainda como é que isto terminará.

Por agora, é o final da aventura, mas juntando todos as peças que encontrei na imprensa, temos isto: um título mítico foi comprado por um grupo de aventureiros, com o sentido de ganhar algum dinheiro com isto. A revista vendia-se, mesmo num contexto de recessão como isto (os numeros oficiais davam uma média de 80 mil exemplares), que a 3.95 euros cada, rende bom lucro e dava para pagar a toda a gente. Mas... ao longo dos meses acumulou dívidas. A primeira gráfica tentou impedir a publicação da revista em Março porque lhe deviam mais de 50 mil euros, as dívidas e os salários em atraso entre funcionários acumulavam-se e claro, não pagavam às famosas os cachês milionários que prometiam, excepto à primeira edição. Portanto, podem tirar as vossas conclusões.

Mas isto não significa a morte da coisa. A experiência ficou e provavelmente, daqui a um ano ou dois, quando as coisas se acalmarem, um grupo mais sério falará com a casa-mãe e provavelmente conseguirá trazer de novo a Playboy a Portugal. Mas qualquer grupo que a traga vai ter mais dificuldades em convencer a casa-mãe da seriedade do seu projecto, pois já está escaldado com esta primeira aventura. Quanto a isto tudo, qualquer dia, alguém escreverá um livro sobre tudo isto.

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