sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A louca vida de James Hunt

Jackie Stewart costuma dizer hoje em dia que os anos 70 foram um tempo em que correr era perigoso e o sexo era seguro, e que hoje em dia é exactamente o contrário. Pois bem, no tempo em que apanhar uma doença venérea era visto como uma chatice, e numa altura em que estamos perto do final de mais um campeonato, um piloto de Formula 1 decidiu, há 34 anos, preparar o assalto ao título mundial à sua maneira: sexo, drogas e muito alcool. Sim, James Hunt foi para a cama com... 34 hospedeiras da British Airways nas duas semanas que antecederam o GP do Japão. Estas e outras revelações foram feitas na edição de ontem do jornal britânico Daily Mail para publicitar "Shunt" um livro sobre a sua vida, escrito por Tom Rubythorn, e que mostra um homem viciado em duas coisas: alcool e sexo.

James Hunt dispensa apresentações: nascido em 1947 e morto em 1993, correu 93 Grandes Prémios entre 1973 e 1979 em equipas como Hesketh, McLaren e Wolf, venceu dez corridas, fez 14 pole-positions e venceu o título mundial de 1976, naquele que foi, definitivamente o seu melhor ano competitivo. Após se ter retirado do automobilismo, tentou vários negócios que correram mal, entrou em falência, tentou curar os seus fantasmas com o alcool e as drogas até acabar os seus dias como comentador da BBC ao lado de Murray Walker.

Hunt era famoso não só pelos seus resultados desportivos como também pela sua vida boémia. Cerveja, cannabis e até cocaina com amigos como Barry Sheene, outro "bad boy", mas do motociclismo, chegou a usar um autocolante no seu fato em que dizia "Sex, the breakfast of Champions", e levava a sua filosofia ao pleno, pois era normal fazê-lo nos minutos antes de entrar no cockpit para a corrida. Em contraste, Jackie Stewart costumava não ter relações sexuais nos sete dias antes de qualquer Grande Prémio...

A matéria do Daily Mail fala das duas semanas que Hunt teve no Japão, antes do Grande Prémio local, que entrava pela primeira vez no calendário do Mundial de Formula 1. Hospedado no Tokyo Hilton com o seu amigo Sheene - que também venceu o Mundial de 500cc nesse ano - literalmente convidaram todas as hospedeiras da British Airways que paravam na capital japonesa, e que hospedavam no mesmo hotel, afirmando que estavam a dar uma festa. Na realidade, foram duas semanas em que as coisas chegaram a parecer uma orgia...

No dia da corrida, ocorrida debaixo de chuva torrencial, Hunt teve alguns momentos bizzarros: num canto discreto, baixou o macacão de corrida para poder urinar descansadamente, mas num local que os espectadores pudessem ver quem tivesse binóculos. Quase toda a gente com esse instrumento o tinha visto, e aplaudiram ruidosamente quando acabou de fazer. Pior foi uma cena testemunhada pouco depois por um jovem engenheiro chamado Patrick Head, que o apanhou na boxe errada... e a "acarinhar" uma jovem japonesa, num dos seus dois rituais de corrida. O segundo era o de vomitar imediatamente antes de entrar no "cockpit", pois os seus nervos eram tais que o seu estômago parava.

Quando ganhou o título, comemorou-o da unica maneira que sabia: beber. Estava tão bêbado que na recepção organizada pela embaixada britânica, o embaixador hesitou em o acolher, de tão ébrio que estava. E a mesma coisa aconteceu no vôo de regresso, fretado por... Bernie Ecclestone, para trazer os pilotos. Nas doze horas que durou o vôo, Hunt bebeu ainda mais e foi nesse estado que foi acolhido em Heatrow, perante duas mil pessoas.

O livro fala também dos detalhes do casamento e divórcio com Suzy Miller, a sua primeira mulher, cujos detalhes raiam o bizarro, pois esta trocou Hunt pelo actor galês Richard Burton, recém-divorciado pela segunda vez de Elizabeth Taylor. A soma? Um milhão de dólares, pagos por Burton. Um valor alto para a época... tudo isso aconteceu em Junho de 1976, quatro meses antes de ser campeão do mundo.

O livro afirma que, ao todo, James Hunt pode ter dormido com cinco mil mulheres nos seus curtos 45 anos de vida. Numa era onde se vivia a alta velocidade, pois amanhã poderias estar morto, Hunt aproveitou ao máximo a sua vida de playboy. O irónico é que, quando morreu, vitima de ataque cardíaco, estava limpo de drogas e totalmente abstémio...

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