quinta-feira, 21 de abril de 2011

5ª Coluna: direitos de televisão e os desejos para ter um novo diretor de circo

Sempre que posso, carrego na tecla do modelo ecclestoniano de gestão, pelo fato da sua orientação para a elite ter feito alienar os seus verdadeiros fãs, e ao ser unhas de fome em relação à abertura das suas imagens aos novos canais, às redes sociais e outros, o fez perder fãs em relação a outras modalidades como a Indy Car Series, a NASCAR e ao Mundial de Ralis.

E esta semana tenho um bom motivo para dizer porque é que esta orientação tem as suas falhas: a televisão, ou dizendo melhor, os direitos televisivos e a sua devida divulgação. Esta semana, no meio das brigas entre Jean Todt, Bernie Ecclestone e a FOTA, do qual o anãozinho tenebroso está disposto a dividir para poder reinar - falei na semana passada do rumor sobre o acordo com a Hispania - li uma declaração do Martin Whitmarsh, patrão da McLaren e diretor da FOTA, a criticar fortemente a falta de divulgação da Formula 1 nos sitios por onde passa. Luiz Fernando Ramos, o Ico, demonstrou essa frustração ao escrever no seu canto que em Xangai que só viu um cartaz de divulgação da Formula 1. E era para promover o GP de Singapura!

Esta quarta-feira, quando faço a minha visita habitual ao blog do Joe Saward, ele fala sobre um persistente rumor sobre a possivel venda dos direitos televisivos da Formula 1, detidos pela CVC Partners, a firma de capital de risco, a um conglomerado liderado pela corporação Sky, de Rupert Murdoch, que o faria em aliança com o homem mais rico do mundo, o mexicano Carlos Slim, que este ano entrou no mundo da Formula 1 graças à Sauber, colocando o seu compatriota Sergio Perez. Os direitos televisivos, que valem certamente milhares de milhões de dólares, são um bolo muito aptecível, e como é óbvio, Bernie Ecclestone não caminha para novo, e as finanças, como sabem, não tem coração para as manter, quando o Tio Bernie for ter com o Capeta.

Claro, Ecclestone saiu de imediato a terreno para negar a pés juntos que não estão à venda, mas como se costuma dizer... "onde há fumo, há fogo". Numa altura em que se discute o Pacto de Concórdia, e as tensões entre FIA, com Jean Todt, e a Ferrari, através de Luca de Montezemolo, este rumor - ainda por cima numa altura onde se discute o envolvimento de Ecclestone no caso Gerhard Gribowsky - não é inocente.

Agora volto para o primeiro parágrafo para afirmar o seguinte: a Formula 1 é um excelente espectáculo que sofre do grande defeito de não estar virado para os seus fãs. Aliás, nem se dá grande trabalho em cultivar isso, ao contrário das categorias acima referidas, que apostam no sinal aberto ou em canais especializados - bem como o seu próprio canal no Youtube - a Formula 1 perfere apostar num "muro de canais pagos", de sinal fechado, como que a virar-se cada vez mais para uma elite, pelo menos na Europa. Dando como exemplo dois canais de desporto pan-europeus, como o Motors TV e a Eurosport, vemos que no primeiro caso, a categoria máxima do automobilismo nunca passou por ali, enquanto que no segundo, este não transmite em direto desde o já distante ano de 1996.

E o Youtube é o melhor exemplo de todos. A Formula 1 não tem o seu canal próprio, e a FOM tem a politica de perseguir quem quer que tenha as imagens de qualquer corrida, indo às raias do ridiculo. As pessoas conhecem bem as histórias que contei sobre o jovem finlandês Antti Kalhola, que teve a sua conta fechada por duas vezes no Youtube por causa dos problemas que teve para usar as imagens da Formula 1 nos seus videos. Eventualmente, enquanto Ecclestone estiver vivo, nada será feito para resolver a situação, apesar das tentativas de outros atores de resolver isso. E as equipas já se queixam disso, pois tem consciência que a acada ano que passa, e a cada vez que o Youtube ou outros sites de videos como o Dailymotion, Vimeo e outros, se tornam cada vez mais populares, ver a Formula 1 ficar para trás deve ser frustrante. Especialmente quando se quer conquistar o mercado asiático.

Em jeito de conclusão, estes rumores, mesmo que não dêm em nada, servem para discutir este modelo de gestão e apontar os seus defeitos. E demonstrar que em certos aspetos, mais do que quere uma fatia maior do bolo, há uma sensação de frustração pelo modo como as coisas andam a ser geridas. Não acham?

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