segunda-feira, 18 de abril de 2011

Algumas impressões sobre Jochen Rindt

Ao longo da existência deste blog, não deixei de falar, sempre que a ocasião permitia, sobre Jochen Rindt. Falei da sua carreira, falei das suas corridas, das relações tensas com Colin Chapman, da sua relação de amizade com Jackie Stewart do fato de ter como manager um jovem britânico chamado Bernie Ecclestone e também do fato de ele ter escolhido ser piloto da Lotus porque queria ser campeão do mundo. Ele conseguiu, mas não estava vivo para poder gozá-la. Hoje, se estivesse vivo, estaria a comemorar o seu 69º aniversário natalicio.

Creio que conhecem a história: perdeu os pais no bombardeamento de Hamburgo, em 1943, foi para a casa dos avós maternos, que moravam na Austria - curiosamente, nunca teve a nacionalidade austriaca, apesar de correr sob essa licença - e começou a correr no inicio da década de 60, em Minis. Se calhar pouca gente sabe que Rindt, no inicio da sua carreira, venceu as 24 Horas de Le Mans ao serviço da North American Racing Team (NART) de Luigi Chinetti, ao lado de Masten Gregory, um dos poucos pilotos de Formula 1 com "quatro olhos" e o unico a nascer num 29 de Fevereiro...

Começou num carro inscrito pela Rob Walker Racing Team, em 1964, no GP da Austria, e foi curioso saber que a sua última corrida que perticipou foi também na Austria, já consagrado como um dos melhores do seu tempo. Correu na Cooper, tinha talento. Depois foi para a Brabham e acabou mais tarde na Lotus. Deu o seu melhor e apanhou alguns sustos, como o que lhe sucedeu em Montjuich, em 1969. Uma das razões porque admiro o Bernard Cahier foi a foto que tirou de um Rindt ensanguentado do seu nariz, com a sua cabeça a ser segurada por um comissário, preso no seu carro, com Graham Hill a seu lado à espera do socorro que haveria de chegar.

Depois disse o que pensava a Chapman, numa carta que teve o cuidado de enviar a ele... e à imprensa, pois sempre achou que Chapman era um tipo que brincava com o fogo, quando fazia carros demasiado leves e demasiado velozes para o seu gosto. E ele sabia que mais cedo ou mais tarde, iria pagar com a vida. Foi o que aconteceu, em Monza, durante os treinos para o GP de Itália. Ainda hoje, se quertem ver o velho anão chorar, recordem-lhe o 6 de setembro de 1970.

Depois de morto, virou mito. Afinal de contas, tinha sido campeão a título póstumo, algo do qual ninguém o iria tirar. E na sua Austria natal, tinha sido elevado a deus. Niki Lauda, Helmut Marko, Helmut Koinigg, Gerhard Berger... todos eles dizem que vivieram intensamente os dias em que Jochen Rindt corria na Formula 1 e o seu ano de campeonato. E dos muitos outros que viveram esses dias, alguns não o esqueceram. Há documentários sobre ele, é certo, mas o mais espantoso é que a vida de Rindt... deu uma opera. Mas não fico admirado com isso, porque afinal de contas, estamos na pátria de compositores como Wolfgang Amadeus Mozart, Franz Schubert, Gustav Mahler e tantos outros.

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