quinta-feira, 8 de julho de 2021

A imagem do dia


Se estivesse vivo, Jo Siffert teria feito 85 anos nesta quarta-feira. Um grande piloto de origens humildes, nascido em Friburgo, adorava automobilismo e era muito bem a guiar qualquer máquina que caísse nas suas mãos, fossem carros de Formula 1 ou de Endurance, especialmente os Porsches, quer os 908, quer os 917, carros no qual foi mais conhecido. 

Curiosamente, nunca venceu mas 24 Horas de Le Mans, ao contrário do seu companheiro de equipa e muitas vezes seu rival interno, o mexicano Pedro Rodriguez, triunfador em 1968 ao lado do belga Lucien Bianchi

A sua carreira foi longa, durou quase uma década, mas somente em 1970 é que se sentou num carro oficial. E foi num March, cujo salário foi pago pela Porsche, que queria fazer de tudo para evitar que fosse recrutado pela Ferrari. Mas como privado, entre 1962 e 1969, conseguiu boas performances, incluindo a vitória no GP da Grã-Bretanha de 1968, a bordo do Lotus 49, num duelo com o Ferrari do neozelandês Chris Amon.

Contudo, aquele que provavelmente deve ser a sua maior performance de sempre na sua carreira. E onde vem essa foto. Foi tirada em Zeltweg, na Áustria, e ele tinha conseguido a sua segunda vitória na carreira, e a primeira do ano na BRM. A equipa estava de luto depois da morte do próprio Rodriguez, numa corrida da Interserie alemã no circuito de Norisring, em Nuremberga. Siffert foi capaz de pegar na equipa neste momento angustioso, e tentar levar a equipa para a frente. 

Na veloz Zeltweg, de repente... o carro estava perfeito. Numa temporada onde Jackie Stewart dominava, aquela corrida iria ser o de consagração para o escocês, caso acontecesse algumas circunstâncias, como por exemplo, se o seu maior rival, Jacky Ickx, não pontuasse. 

Mas quem surpreendeu a todos foi Siffert, que conseguiu o melhor tempo, e a sua segunda pole-position da sua carreira, depois de ter feito isso no GP do México de 1968, a bordo do Lotus 49 da Rob Walker Racing. Ficara na frente dos Tyrrell, e na partida, foram os carros de Stewart e Cevért que o assediaram para lhe tentar tirar a liderança. Mas com o passar das voltas, viu a concorrência cair de lado, especialmente Stewartm que acabou a corrida em estrondo, quando a sua suspensão frente-esquerda cedeu e a roda se soltou. Cevért foi atrás dele, mas seis voltas depois o seu motor cedeu. E pelo meio, Ickx ficou sem motor e o escocês comemorava matematicamente o seu segundo título mundial.

Parecia que Siffert ia alegremente a caminho da vitória, mas a poucas voltas do final, sofreu um furo lento. Ele aguentava o ritmo, esperando que fosse o suficiente para cruzar a meta, mas quem se aproximava era Emerson Fittipaldi, no seu Lotus, que não estava a ter uma grande temporada e tinha a chance de alcançar também a vitória. Foi duro, a diferença diminuía bastante, mas no final, quatro segundos separaram ambos. Com vantagem para o suíço.

A vitória foi extremamente popular entre o público e os pilotos. Siffert era popular, e tudo isto foi um grande alento e uma injeção de moral para uma equipa que perdera uma das suas referências um mês antes. As coisas melhoraram um mês depois, em Monza, quando Peter Gethin, que substituiu Rodriguez, deu nova vitória à equipa, numa corrida de "sprint". E tudo indicava que as coisas poderiam ser melhor para 1972, mas a 24 de outubro desse ano, em Brands Hatch, onde três anos antes tinha vencido pela primeira vez, sofria o seu acidente fatal. Poucos dias depois, em Friburgo, 50 mil pessoas estavam a assistir ao cortejo fúnebre, liderado por um Porsche 917 com as cores da Gulf. 

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