quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

O GP russo está em perigo... ou nem por isso?


Todos sabemos que, por muito que amemos automobilismo e não queiramos saber o que se passa lá fora, o mundo nos irá bater à porta. É inevitável. E com Vladimir Putin, o novo czar russo, a querer mandar na Ucrânia, e o Ocidente a impor sanções para evitar que entre até Kiev e derrube o governo legitimo, o desporto poderá ser afetado com tudo isto. 

A UEFA, organismo máximo do futebol europeu, já disse que poderá retirar a final da Liga dos Campeões de São Petersburgo, e a Formula 1 anda a monitorizar os eventos para saber se viabiliza ou não o GP da Rússia, que se disputa em Sochi, mas em 2024, será em Igora Park, nos arredores de São Petersburgo. A corrida será em setembro, mas poucos acreditam que o conflito se arraste até lá.

A Fórmula 1 está a monitorizar a situação na Rússia e na Ucrânia”, disse Craig Slater, repórter da Sky UK. “De momento, a corrida em Sochi aparentemente vai acontecer, já que não é até setembro. Essa é a situação no momento”, acrescentou.

Só que nestas coisas, há alguns problemas. Por exemplo, o futebol depende do dinheiro da Gazprom, a gigantesca firma russa de petróleo e gás, do qual boa parte da Europa está dependente, especialmente nos meses de inverno. Por agora, não está incluída no pacote de sanções, mas é provável que esteja na mira da Europa mais adiante, caso haja uma escalada na guerra. Se assim for, os interesses russos serão afetados.

E a Formula 1 tem uma equipa que é bem apoiada por russos. O pai de Nikita Mazepin, Dimitri Mazepin, é um homem muito rico (a sua fortuna pessoal ronda os 1,5 mil milhões de dólares) e a sua firma, a Uralchem, é o maior complexo químico do país e claro, patrocina a Haas. Não há conhecimento direto das suas relações com o presidente Putin, mas os seus negócios ao longo dos últimos vinte anos, desde os mais visíveis até aos mais polémicos, aconteceram com o beneplácito do governo, logo, apoia-os. E isso poderá ser um possível alvo de sanções mais tarde, caso a Europa persiga os oligarcas que enriqueceram desde o final da União Soviética, em 1991, e desde que Putin chegou ao poder, no ano 2000.

Resta saber qual será a ação da Formula 1, nomeadamente, a Liberty Media, sobre este caso. Como tem muitas maneiras de receber dinheiro, desde os sauditas até às criptomoedas, os rublos poderão ser algo do qual eles não se importam de sacrificar, só para estarem de bem com o mundo. Mas os exemplos do passado - furar o boicote desportivo do regime do apartheid na África do Sul até 1985, por exemplo - não abonam nada a favor da competição...

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