quarta-feira, 1 de julho de 2009

Nunca um vencedor foi tão secundarizado





























Não sei se é o maior momento da Formula 1, mas certamente é um dos maiores. Num dia histórico para a Formula 1, pois é a primeira vitória de um Renault Turbo de 1.5 Litros, tripulado por Jean-Pierre Jabouille e calçando pneus Michelin, nunca um vencedor foi tão secundarizado pelos seus companheiros de pódio.


Pois foi: Gilles Villeneuve e René Arnoux disputaram a segunda posição como se o amanhã não existisse. O estilo sempre agressivo e louco do canadiano, combinado com outro "pé pesado", como era o piloto francês, era um cocktail explosivo pronto a explodir. Isso aconteceu, qual combinação astronómica, na tarde do dia 1 de Julho de 1979, faz hoje 30 anos.


Quem vê o video pela primeira vez, julga que isto é a luta pela vitória. Nada mais errado. É apenas a tentativa de Villeneuve para ficar com o segundo posto, evitando uma dobradinha da Renault no seu solo, ainda por cima com uma Ferrari que se debatia com problemas de pneus, já que Villeneuve partiu na frente da corrida e lá ficou até meio, quando foi ultrapassado por Jabouille.


E as últimas três voltas foram de arrepiar. Toques um no outro, ultrapassagens "no limite", por fora e por dentro, mas conseguiram o milagre de não destruirem o carro, nem de perder o seu controlo. Ficou na retina de todos os que viam na TV, um pouco por todo o mundo, e certamente na pista. A partir dali, para mim, o 1º de Julho é sempre Dia de São Gilles e São René.


No final, os espectadores entraram em delírio, e em Itália, a "lenda Villeneuve" começava aqui, fazendo com que entrasse no coração dso "tiffosi". Mas se era assim entre os espectadores, no lado dos pilotos, eles não gostaram muito do gesto deles, especialmente Emerson Fittipaldi e Niki Lauda, na altura presidente da GPDA. O Ico contou a história no ano passado:


"Na corrida seguinte, em Silverstone, Gilles Villeneuve e René Arnoux foram chamados a uma reunião com a cúpula da GPDA na época, formada por Niki Lauda, Emerson Fittipaldi, Clay Regazzoni e Jody Scheckter. Lauda acusou: 'Vocês pilotaram em Dijon de maneira perigosa e danificaram a imagem do esporte'. Arnoux respondeu de imediato: 'Com você, isto jamais teria acontecido... porque você levantaria o pé logo de cara!'. Gilles virou as costas aos pilotos e deixou a sala. Rindo."


Já escrevi várias vezes sobre esta corrida. Há dois anos e pouco, escrevi a crónica dessa corrida, e tem lá inscrito um video comentado pelo Jeremy Clarkson, o "Mr. Top Gear". Mas hoje coloco um link onde se pode ver como aquelas últimas voltas foram vistas em Itália, a pátria da Ferrari. O narrador nem acreditava no que via...

3 comentários:

Bruno disse...

Desde que alertou a quase dois meses, venho esperado a data. Bela homenagem, Speeder. Eu não conhecia essa reunião da GPDA. Aquela velha história: - mesmo caso do Stewart - Arnoux e Villeneuve estavam a frente do seu tempo, fazendo automobilismo de verdade e que nem veremos algo parecido algum dia... =/

Daniel Médici disse...

Ótima lembrança!! (que já ia me escapando, inclusive).

Acho que não dá pra falara algo que você não colocou no seu post sem cair nos velhos clichês. Essas voltas nos embriagam a tal ponto que costumamos soltar uma coleção de obviedades para tentar defini-las, mas quando vemos não dissemos nada. Reconhecidas pela Unesco ou não, o que Gilles e Arnoux fizeram é patrimônio da humanidade e me contento com a lembrança delas preservada na memória.

Rui Amaral Lemos Junior disse...

Campeão sem titulo , só andava de pé embaixo , a briga com Arnoux é antologica .Parabens pelas belissimas fotos .