quinta-feira, 31 de maio de 2012

Valerá a pena colocar a Formula 1 na Bolsa?

A grande cena dos últimos dias em termos financeiros - aparte a crise financeira na zona euro - é a novela do Facebook, que entrou com enorme estrondo há duas semanas na Bolsa de Nova Iorque, com ações a valerem 38 dólares no dia em que entrou.

Pois bem, depois de duas semanas de polémicas com a sua apresentação aos potenciais accionistas, anúncios de investigação por parte da entidade fiscalizadora da bolsa e o enorme "hype" causado pela entrada em si, faz com que neste momento, as ações da rede social fundada e gerida por Mark Zuckerberg valham agora à volta de 28 dólares, menos dez do que no inicio. E isso significou que durante este curto espaço de tempo, a empresa se desvalorizou em 25 por cento, fazendo desaparecer cerca de 25 mil milhões de dólares de capitalização bolsista. Algo que é raramente visto na bolsa americana, segundo dizem os entendidos na coisa.

E porque trago isto para o mundo da Formula 1? Ora, porque eles também vão se lançar na bolsa de valores. Não na de Nova Iorque, mas sim o de Singapura. A operação está a ser preparada desde o inicio do ano, e a ideia é o de colocar entre 20 a 30 por cento da capitalização que pertencia a Lehman Brothers, que poderá valer à volta de 300 milhões de dólares. Se for colocada na bolsa a percentagem mínima, significa que o mundo da Formula 1 valerá à volta de dois mil milhões de dólares, algo do qual muitos estão a torcer o nariz. Para terem uma ideia, esse é o valor da Premiership britânica, a liga de futebol mais importante do mundo.

A operação bolsista ainda não tem data marcada, mas está a ser tratada por quatro bancos: a UBS suiça, as americanas Goldman Sachs e Morgan Stanley, e a espanhola Santander. Mas mesmo que a fuga para a Ásia seja uma maneira segura de atraír, por exemplo, os chineses e os árabes, mesmo por aí, as pessoas estão cautelosas. Prova disso é o que Joe Saward afirma hoje no seu blog, quando se lê que duas empresas de origem chinesa, a Graff Diamonds e a China Nonferrous Minig, decidiram adiar a sua entrada na Bolsa de Hong Kong devido aos receios de que tais ações não iriam ser bem sucedidas. E da primeira companhia, a operação bolsista iria ser de mil milhões de dólares.

Percebe-se a ideia que está por trás disto tudo. Aliás, duas ideias: primeiro, gerar muito dinheiro. E segundo, fazer com que ninguém tente comprar a Formula 1. Bernie Ecclestone sabia disso, quando acedeu a dar "luz verde" a este negócio. Como as equipas nunca farão esforços sérios para tomar conta do negócio e como desde há muito que a FIA não tem mão nesta competição - podem agradecer a Max Mosley por isso - a valorização bolsista é mais uma forma de Ecclestone ainda ganhar mais algum dinheiro e mostrar que, até morrer, será ele a mandar no jogo. Daí ele poder dizer alegremente, aos quatro cantos do mundo, que já assinou um novo Acordo da Concórdia, conferindo mais algum dinheiro às equipas mais poderosas - que vão entre os 50 milhões de euros para a Ferrari, aos 35 milhões de euros anuais à Red Bull - e também a possibilidade do calendário ser alargado dos atuais 20 para um máximo de 24 corridas. E Ecclestone tem olhos agora para as Américas...

Em suma, veremos o que isto vai dar. E pelo que se vê nos exemplos anteriores, o risco é no mímino, grande.

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