A poucos dias do GP de Itália, as redes sociais e os sites especializados estão cheios de noticias sobre a situação da Lotus. É sabido que há negociações neste momento entre a Genii Capital e a Renault no sentido de adquirir a equipa - segundo o que disse a Autosport britânica, cerca de 65 por cento - mas no dia-a-dia, parece que as coisas andam mais complicadas. E as noticias que tem vindo a público, quer na Autosport britânica sobre o dinheiro venezuelano que foi retido na fonte, ou então que Bernie Ecclestone ajudou a pagar os salários dos funcionários e pilotos, tudo isso poderá ter um objetivo: pressão mediática para que a Renault adquira o mais depressa possivel a Lotus. Pelo menos, se formos ver a perspectiva do jornalista britânico Joe Saward.
No seu blog pessoal, Saward escreve o seguinte:
"Foi-me dito por várias pessoas que sabem estas coisas que a Lotus ainda tem que receber uma oferta real da Renault, mas os termos que estão a ser oferecidos e que foram divulgados nos media, presume-se que foi projetado para acalmar quaisquer questões políticas que possam ser suscitadas pela compra da equipa por parte da Renualt, uma vez que a empresa é controlada pelo governo francês (que tem o direito de veto sobre qualquer decisão importante) e este não quer ser visto a jogar dinheiro em tais coisas quando está a lidar com uma abundância de outros problemas. O governo precisa de todo o dinheiro que pode obter, porque está no processo de oferecer incentivos fiscais para as empresas e para a classe média francesa, num esforço para melhorar a economia (e para obter a reeleição).
Há uma reportagem do The Times de hoje citando Bernie Ecclestone, dizendo que ele pagou os salários da equipa no mês passado. Fazendo isto claramente em público não é algo que Ecclestone faça normalmente (ele empresta dinheiro para as equipas numa base frequente), então há claramente um desejo de usar os média para mover as coisas rapidamente", comentou.
Fala-se que o acordo entre a Lotus e a Renault poderá ser anunciado esta sexta-feira em Monza, mas o próprio Saward coloca dúvidas sobre isso. Noutro post escrito nesta terça-feira, ele afirma que deveria ter acontecido uma teleconferência "muito bem sucedida" entre as direções de ambos os lados, mas ele próprio diz que "tal conferência ainda não aconteceu", e a razão para todas estas fugas de informação é porque poderá haver mais interessados. Quais? Não se sabe.
O mais interessante é ler no meio disto tudo é que provavelmente a Genii Capital não recebeu qualquer proposta concreta... da Renault.
"O conselho de administração da Lotus [Genii Capital] está ansiosa para ouvir o que a Renault tem a dizer, o que tende a confirmar a minha história anterior onde sugeri que a equipa não recebeu qualquer oferta da Renault antes da apresentação de hoje. Uma vez que os detalhes da oferta são feitas de forma clara (e a maioria deles parecem ser já do domínio público) não haverá qualquer tomada de decisão precipitada. O conselho se reunirá novamente na sexta-feira para ter uma discussão apropriada sobre o que fazer no futuro. Embora eu espero que você seja capaz de ler o resultado dessa reunião noutros sites no dia anterior..."
Por outras palavras, as tais fugas de informação.
Entretanto, a corda aperta-se no pescoço da equipa de Enstone. O dinheiro venezuelano está retido na fonte por uma razão muito simples: quando Pastor Maldonado foi contratado, uma das clausulas do contrato que a PDVSA assinou dizia que esse dinheiro não serviria para pagar contas ou dividas em atraso, mas sim para ajudar no desenvolvimento do carro. Resultado final, há 50 milhões de dólares dos quais a Lotus não pode usar. E claro, por causa disso, há salários em atraso a funcionários, pilotos e fornecedores, daí a ação em tribunal na Bélgica, feito por Charles Pic, que impediu os carros de saírem de Spa-Francochamps no fim de semana belga. Tudo desbloqueado pelo anão.
Para piorar as coisas, existe uma audiência na Grã-Bretanha, marcada para o próximo dia 9 de setembro, da Her Majesty’s Revenue and Customs (HMRC) no sentido de ver a situação da equipa no sentido de passar para um administrador liquidatário, da mesma forma que aconteceu no ano passado para a Caterham e para a Marussia. E como sabem, a primeira não foi salva, enquanto que a segunda foi, agora debaixo das cores da Manor. Talvez essa deva ser a razão pelo qual ainda não foi feita a tal oferta por parte dos franceses: se a Genii Capital falir ou entrar em processo de administração, talvez a Renault possa comprar por um valor bem mais baixo do que aquele que a Genii Capital quer, ou então a proposta seja de forma a que seja favorável a aquela que vem na imprensa, ou seja, mais do que os 65 por cento, ou a dispensa dos 25 por cento por parte da Genii.
Em suma, a situação não está fácil, mas é certo que a Renault quer regressar à Formula 1 e quer uma equipa. Resta saber o preço a pagar, não é?
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